MUSIQUALIDADE

R E S E N H A     1

 

Cantora: OLÍVIA HIME

CD: “PALAVRAS DE GUERRA”

Gravadora: BISCOITO FINO

 

Olívia Hime já gravou CD’s em homenagem às obras de Chiquinha Gonzaga e de Dorival Caymmi. Também se debruçou sobre a poesia de Manoel Bandeira cantando criações suas musicadas por Gilberto Gil, Tom Jobim, Milton Nascimento e vários outros. Agora, mais uma vez, a cantora lança um disco baseado no trabalho de um único artista. Desta vez, trata-se de Ruy Guerra, letrista que se destacou na MPB especialmente durante a década de setenta, mas que é muito mais conhecido até hoje através de seu trabalho como cineasta.

Com essa boa idéia na cabeça, Olívia saiu pinçando canções e as reuniu no álbum intitulado “Palavras de Guerra”, que acaba de chegar ao mercado através da Biscoito Fino, gravadora na qual a artista responde pelo cargo de diretora artística desde a sua fundação.

Olívia assina a produção do disco ao lado do marido, o compositor Francis Hime, que é o responsável pelos arranjos de dezesseis das faixas escolhidas. A exceção fica por conta de “Minha”, cujo delicado arranjo ficou a cargo de integrantes do Quarteto Maogani.

Dentre os parceiros de Guerra presentes no trabalho estão o já citado Francis (“Ieramá” e “Máscara”, entre outras), Chico Buarque (“Tatuagem” e “Bárbara”, esta contando com a participação especial de Olívia Byington nos vocais), Edu Lobo (“Jogo de Roda” e “Em Tempo de Adeus”), Carlos Lyra (“Entrudo”) e Sérgio Ricardo (“Esse Mundo é Meu”).

Olívia não é uma cantora de grandes recursos vocais, mas convence especialmente pela interpretação apropriada que confere a cada canção. De timbre agradável e impostação quase teatral, revela inquestionável bom gosto musical e sabe escolher com determinação o repertório que grava.

O CD recém-lançado, um dos melhores de sua discografia, conta ainda com a presença do próprio Guerra declamando os versos de “Fortaleza” (na música homônima) e do poema “Tigrana” (em “Em Tempo de Adeus”). Merecem destaque ainda as participações de Nilze Carvalho (em “Corpo Marinheiro”, a única inédita e um dos melhores momentos do disco, ao lado da bela “Carta”), de Francis Hime (em “Último Retrato”) e de D. Edith do Prato (que abre e fecha o CD com sua peculiar percussão). 

Um ótimo trabalho que, ao valorizar a obra de Ruy Guerra e mostrá-la às novas gerações, consegue a proeza de fazer isso com insuspeitada unidade, reunindo músicas de tempos e parceiros distintos. Gol de placa de Olívia!

 

 

R E S E N H A     2

 

Cantora: LIV MORAES

CD: “LIV MORAES”

Gravadora: ELDORADO

 

A morena bonita de olhos amendoados chama-se Liv Moraes e é filha do compositor Dominguinhos com a cantora Guadalupe. Ela está lançando o seu primeiro CD através da gravadora Eldorado e, inobstante o trabalho gráfico monocórdio e pouco criativo, estamos diante de um ótimo disco.

O álbum contém quatorze faixas e a produção optou por atirar em várias direções talvez para mostrar o quão eclético é o canto de Liv. Assim, há forró (“Como Eu Sou”, de Antônio Barros e Cecéu), maxixe (“Deixa Falar”, de Fátima Guedes), balada romântica (“Coração”, de Fábio Júnior), samba (“Samba do Grande Amor”, de Chico Buarque que, aliás, participa da faixa) e até rock (“Não Há Dinheiro Que Pague”, de Renato Barros).

A artista, possuidora de um timbre claro e bonito que por vezes lembra o de Zizi Possi, soa mais à vontade, no entanto, nas canções calmas, a exemplo de “O Amor Que Merece” (de Zeca Baleiro e Alice Ruiz), “Epitáfio” (de Sérgio Brito) e “Sorriso de Luz” (de Gilson Peranzetta e Nelson Wellington).

Do pai famoso, Liv regravou as conhecidas “Retrato da Vida” (parceria com Djavan) e “Dedicado a Você” (parceria com Nando Cordel), além de duas canções compostas com Fausto Nilo: “Ninguém Melhor Que Você” e “Casa Tudo Azul”, esta belissimamente interpretada pela família unida (leia-se Liv, Dominguinhos e Guadalupe).

Um bom começo para uma cantora que promete!

 

 

N O V I D A D E S

 

· O guitarrista mais cobiçado da Tropicália, Lanny Gordon, acaba de lançar um CD de duetos do qual participam vários convidados famosos. O disco, que chega ao mercado através da gravadora Universal, conta com as presenças de Gal Costa (“Dindi”), Caetano Veloso (“Enquanto o seu Lobo Não Vem”), Fernanda Takai (“Mucuripe”), Rodrigo Amarante (“Evaporar”), Zeca Baleiro (“Dê um Rolê”), Chico César (“Lanny, Qual?”), Arnaldo Antunes (“O Sol”), Vanessa da Mata (“Era Você”) e Gilberto Gil (“Abre o Olho”). Beleza pura!

 

·               O Acústico MTV gravado por Lobão será lançado no próximo mês, via Sony & BMG, e contará com a participação especial do grupo gaúcho Cachorro Grande na faixa “A Gente Vai Se Amar”. No repertório, alguns dos maiores sucessos do artista, como “Corações Psicodélicos”, “Essa Noite Não”, “Decadance avec Elegance”,Revanche”, “Chorando no Campo” e “A Vida É Doce”. A aludida gravadora promete ainda relançar todos os discos gravados pelo polêmico cantor nos anos oitenta.

 

·               A cantora e compositora Mônica Tomasi chega ao seu terceiro CD intitulado “Quando os Versos me Visitam”, uma produção independente que contém treze faixas, onze delas criadas pela própria artista. A curiosidade maior do trabalho reside no fato de a escritora Fernanda Young comparecer como parceira em duas faixas: “Dez Diamantes” e “O Canto do Mal de Amor”. Tomasi canta bem e poderia investir mais no seu lado de intérprete, o que certamente lhe renderia frutos bem mais interessantes. Isso fica claro quando se constata que os dois melhores momentos do disco (“Prece ao Vento”, de Gilvan Chaves, Alcyr Pires e Câmara Cascudo, e “Cinco Cores”, de Érika Nande) são exatamente as únicas canções que ela não assina a autoria.

 

·               O cearense Fágner já alardeia, festivo, que o seu próximo CD será o melhor trabalho de sua carreira. O álbum chegará ao mercado em março próximo e se intitulará “Amor e Utopia”.

 

·               “Samba Deslocado, Descolado Samba” é o título do novo CD do cantor e compositor Paulo Padilha. Trata-se de um trabalho basicamente acústico, composto por dez canções assinadas pelo artista, além da regravação, no formato voz e violão, do conhecido samba “Preconceito”, de autoria de Wilson Batista e Marino Pinto. O maior destaque do bem-humorado repertório fica por conta da inspirada faixa “Love” que é dedicada a Jorge Benjor e Arnaldo Antunes.

 

·               Além de Maria Bethânia e Milton Nascimento, a trilha sonora de “Paraíso Tropical”, a próxima novela das nove da Rede Globo, vai contar com as vozes de Ana Carolina (“Carvão”), Mart’nália (“Cabide”), Gal Costa (“Ruas de Outono”) e Erasmo Carlos com a participação de Chico Buarque (“Olha”).

 

·               Carlinhos Brown acaba de gravar um disco com o pianista cubano Roberto Fonseca. Quem assinou a produção foi o competente Alê Siqueira.

 

·               Até hoje, o compositor Paulo Vanzolini divide com Adoniran Barbosa o título de maior nome do samba paulista. É dele a autoria de canções memoráveis da nossa MPB, como “Volta por Cima” e “Ronda” (ambas registradas por Maria Bethânia). Em 1979, Vanzolini entrou em estúdio e gravou o seu único disco-solo. É esse trabalho que acaba de ser relançado em CD através da gravadora Eldorado e nele podem ser encontradas outras grandes criações musicais, a exemplo de “Tempo e Espaço”, “Samba Erudito”, “Amor de Trapo e Farrapo” e “Falta de Mim”.

 

·               Em breve estará chegando ao mercado o primeiro CD de Alice Caymmi que vem a ser uma das netas de Dorival, mais precisamente filha de Danilo, o caçula de seus três filhos. A garota tem apenas dezesseis anos e vai regravar algumas canções de autoria do avô famoso em ritmo de rock.

 

·               Já se encontra escolhendo o repertório para o seu próximo CD a cantora Adriana Calcanhotto.

Dentre as músicas candidatas a fazer parte do seleto repertório estão “Belíssima” (composta pela artista para a novela global homônima e gravada originalmente por Ney Matogrosso), “Seu Pensamento” (parceria dela e Dé Palmeira), “Maré” (parceria com Moreno Veloso) e “As Ordens do Amor” (canção inédita que ganhou de presente de Marina Lima).

 

 

RUBENS LISBOA é compositor e cantor


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