MUSIQUALIDADE

R E S E N H A     1

 

Artista: LANNY GORDIN

CD: “LANNY DUOS”

Gravadora: UNIVERSAL

 

Uma das figuras mais importantes para a difusão do movimento tropicalista foi, sem sombra de dúvida, o guitarrista Lanny Gordin. Nascido em Xangai, na China, em 1951, Lanny chegou a ser considerado o “Jimi Hendrix brasileiro”, devido a seu estilo ousado e agressivo. Autodidata, começou a carreira na boate Stardust, em São Paulo, que era de propriedade de seu pai e da qual integravam o quadro de atrações nomes como Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte, que viriam a se tornar “tutores musicais” de Lanny.

Participou de diversos discos antológicos, a exemplo de “Build Up”, de Rita Lee (1970), “Gal a Todo Vapor”, de Gal Costa (1971), “Araçá Azul”, de Caetano Veloso e “Expresso 2222”, de Gilberto Gil (ambos de 1972), mas em 1974 uma overdose de LSD o levou a anos de ostracismo, sendo somente redescoberto na década de noventa, quando foi alçado à condição de ídolo cult. Em 2001, lançou um CD batizado com seu nome pelo selo Baratos Afins e em 2004 pôs no mercado dois volumes do “Projeto Alfa”.

Através da gravadora Universal, acaba de chegar às lojas o álbum “Lanny Duos”, através do qual o músico comprova estar em plena forma, mostrando o seu alardeado virtuosismo. Com direção de Glauber Amaral e produção musical a cargo de Péricles Cavalcanti, foram convidados diversos artistas de várias gerações que deram voz a quatorze das dezesseis faixas (duas delas surgem em versões instrumentais: “Corcovado” e EL Blues).

Assim, ao lado de Gal Costa (em “Dindi”), Caetano Veloso (em “Enquanto Seu Lobo Não Vem”), Gilberto Gil (em “Abre o Olho”) e Jards Macalé (em “Let’s Play That”), artistas que já trabalharam anteriormente com Lanny, surgem alguns admiradores declarados como Zeca Baleiro (em “Vapor Barato”), Adriana Calcanhotto (“Me Dê Motivo”), Arnaldo Antunes (em “O Sol”) e Chico César (“Lanny, qual?”, o melhor momento do CD).

Há também duas canções inéditas (as boas “Evaporar”, com Rodrigo Amarante, e “Era Você”, com Vanessa da Mata), além de releituras supreendentes para “O Homem Que Matou o Homem Que Matou o Homem Mau” (com Max de Castro), “Mucuripe” (com Fernanda Takai) e “Onde Eu Nasci Passa um Rio” (com Junio Barreto).

Um excelente lançamento para quem deseja conhecer um pouco mais da história da nossa MPB.

 

 

R E S E N H A     2

 

Artista: KASSIN

CD: “FUTURISMO”

Gravadora: PING-PONG / TRAMA

 

O grupo +2 é formado por Moreno Veloso, filho de Caetano (nos violões), Domenico (na bateria) e Kassin (nas guitarras). Surgiu em 2000 com o lançamento do CD “Máquina de Escrever Música”, titularizado por Moreno. Três anos depois foi lançado o álbum “Sincerely Hot” que teve à frente Domenico. Agora, acaba de chegar às lojas o disco “Futurismo”, dedicado a canções assinadas por Kassin (também um produtor cultuado na cena carioca), fechando a trilogia inicial da obra do grupo.

Os rapazes vêm sendo cultuados no meio artístico como a vanguarda da música brasileira. Voltados inicialmente para um trabalho experimental (sem que, com isso, tenham se tornado aquele tipo xarope), mas, pouco a pouco, assimilando a forma natural da canção popular, são eles, de fato, geradores de boas idéias.

O novo CD comprova isso, especialmente quando abre o leque para influências múltiplas, o que só vem a acrescentar. Kassin permite-se dividir parcerias com nomes que vão do já citado companheiro Domenico e Pedro Sá (baixista – quase um quarto elemento do grupo) a nomes estelares como João Donato, Adriana Calcanhotto e Arto Lindsay. Donato e Adriana, inclusive, estão presentes no trabalho em afetuosas participações especiais (nas faixas “O Seu Lugar” e “Simbióticos”, respectivamente). Há, ainda, a banda Los Hermanos que também se faz presente através do indie rock “Mensagem” e Jorge Mautner, declamando texto inserido na faixa-título.

Como cantor, Kassin soa mediano, conferindo tom monocórdio à maioria de suas interpretações. Como compositor não é daqueles que criam canções que se fixam facilmente no inconsciente dos ouvintes, porém sabe fugir do lugar comum ao revesti-las com arranjos muito vezes intrincados mas inegavelmente criativos.

A música com maior chance radiofônica das quatorze faixas apresentadas é o pseudo-reggae “Homem ao Mar”, dona de refrão curto e contagiante. Outros bons momentos ficam por conta de “Água” (com guitarra que evoca o tecnobrega paraense), “Esquecido” (canção torta com base no samba) e “Ponto Final” (bem resolvida, embora prejudicada pelo arranjo poluído).

Vale a pena ser conhecido, ainda que por curiosidade…  

 

 

N O V I D A D E S

 

·               Será realizado hoje à noite, na praia de Copacabana (RJ), um megashow em comemoração ao Dia de São Jorge. A reunião inédita de seis Jorges de destaque da música brasileira (Seu Jorge, Jorge Ben Jor, Jorge Aragão, Jorge Mautner, Jorge Vercilo e Jorge Du Peixe, da banda Nação Zumbi) será o ponto alto do evento que será gravado e lançado posteriormente em CD sob a produção do competente Rildo Hora. O repertório vai contar não apenas com os grandes hits desses artistas, mas também com números inéditos ensaiados especialmente para o evento.

 

·               Uma ótima pedida é conhecer o trabalho da cantora Raquel Koehler. Lançando seu primeiro CD pela Polydisc, a artista niteroiense se revela uma agradável surpresa. Dona de voz potente, afinada e de grande extensão, Raquel mostra um trabalho com influência da música negra, por vezes enveredando em um pop swingado, mas sem ser banal nem descartável. Alinhavando, com resultados acima da média, canções mais conhecidas como “Volte Para o Seu Lar” (de Arnaldo Antunes, sucesso na voz de Marisa Monte), “Sangue Latino” (de João Ricardo e Paulinho Mendonça, do repertório do grupo Secos & Molhados) e “Jorge da Capadócia (de Jorge Ben Jor, eternizada na voz de Fernanda Abreu) a outras menos conhecidas, Raquel conseguiu construir um disco muito gostoso de ser escutado. O álbum (intitulado “Pilhagem”) alcança os seus melhores momentos com as canções “Quem Canta” (de Marcos Lima), “Onda” (de Lucina e Luhli) e “Mude Se For Capaz” (de Uires Marins). 

   

·               Depois de estrear em CD revisitando a obra do avô Pixinguinha e de preparar um tributo a Baden Powell e Paulo César Pinheiro, o cantor Marcelo Vianna mostra em seu site (www.marcelovianna.com.br) canções de sua autoria. No endereço virtual, o artista disponibiliza gratuitamente arquivos para download com demos e gravações ao vivo de músicas ainda inéditas.

 

·               O terceiro CD da cantora Vanessa da Mata (que chegará às lojas em maio próximo) já tem seu título definido: “Sim”. Produzido por Kassin e Mario Caldato, é uma das grandes apostas de vendas da gravadora Sony&BMG para este ano.

 

·               Acaba de aportar no mercado, através da gravadora Som Livre, a coletânea “Grandes Vozes” que é formada por 15 CD’s dedicados a cantores da era pré-Bossa Nova. São eles: Agostinho dos Santos, Alaíde Costa, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Cláudia, Dick Farney, Elizeth Cardoso, Helena de Lima, Elza Laranjeira, Jorge Goulart, Leny Eversong, Maysa, Tito Madi, Miltinho e Nora Ney.

 

·               A cantora Maria Alcina estreou recentemente em São Paulo o espetáculo “O Vício e a Virtude”, no qual interpreta poemas e canções baseadas na obra do poeta Gregório de Matos. O projeto deverá resultar, em breve, na gravação de CD.

 

·               Entre 1978 e 1986, Jorge Ben Jor fez parte do cast da gravadora Som Livre. Nesse período, o artista gravou 11 canções para o disco “Recuerdos de Asunción 443”, o qual (não se sabe exatamente por que motivos) nunca chegou a ser lançado. É este álbum que acaba de chegar às lojas contendo faixas como “Duas Mulheres”, “Falsa Magra” e “Miss Gal”, todas arranjadas por Lincoln Olivetti. A curiosidade maior fica por conta das músicas “O Astro” e “Marrom Glacê”, compostas especialmente para as novelas homônimas da Rede Globo (de 1978 e 1979, respectivamente) que não foram aproveitadas, à época, nas respectivas trilhas.

 

·              O CD “Bendito O Que Vem Em Nome do Senhor”, idealizado pela Igreja Católica para saudar a vinda do Papa Bento XVI ao Brasil, já está nas lojas e conta com as participações de Elba Ramalho (em “Viva a Mãe de Deus e Nossa”), “Joanna (em “Virgem Mãe Aparecida”), Daniel (em “Mãe Aparecida”) e Gian & Giovani (na faixa-título).

 

 

RUBENS LISBOA é compositor e cantor


Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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