R E S E N H A 1 Cantora: JOANNA CD: “PINTURA ÍNTIMA – AO VIVO” Gravadora: UNIVERSAL Joanna surgiu no mercado fonográfico nacional junto com uma enxurrada de novas cantoras no finalzinho da década de setenta. Catapultada imediatamente ao sucesso com o hit “Descaminhos”, apresentou, logo de cara, grande comprometimento com o cancioneiro popular, tornando-se uma das melhores intérpretes para as músicas de Roberto Carlos (sua versão para “Seu Corpo” é, até hoje, a melhor já feita). Engatando um sucesso após o outro, freqüentou várias trilhas de novela e chegou a ganhar inéditas de compositores como Gonzaguinha (“Uma Canção de Amor”), Renato Teixeira (“Recado”) e Milton Nascimento (“Nos Bailes da Vida”, parceria com Fernando Brant – poucos sabem, mas a primeira artista a gravar esta bela canção foi Joanna). Pressionada pelo estouro romântico que acometeu o Brasil nas duas décadas seguintes, vergou-se às baladas de apelo fácil e engatou sucessos (o maior deles, “Amanhã Talvez”, da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, até hoje ressoa no inconsciente coletivo). Dona de um timbre muito bonito e de uma afinação precisa, Joanna vem de alguns álbuns nos quais revisitou sua carreira. O mais recente, um projeto ao vivo que acaba de chegar às lojas através da gravadora Universal, intitula-se “Pintura Íntima”, canção do repertório do grupo Kid Abelha agora revisitada por uma Joanna que se mostrou bem à vontade no palco, conforme se constata no DVD correlato. O registro do show foi feito no ano passado no CityBank Hall em São Paulo e contou com a participação de um séquito de fãs que segue a cantora há tempos. Acompanhada por uma banda enxuta, Joanna tentou fugir à obviedade do roteiro, demostrando vontade de retornar a um repertório menos pegajoso. Exemplos disso residem nos resgates de ótimas canções lançadas pela artista no começo de sua carreira (“Chama” e “Cicatrizes”) e de regravações interessantes de canções alheias (“Desculpe o Auê” e “Meu Mundo e Nada Mais”). Alguns dos bons momentos do álbum surgem à tona quando a cantora cai no samba (como no medley que reúne “Diz Que Me Diz” e “Pinta de Bacana”) ou quando redescobre pérolas (“Espelho” e “Mulher Marcada”). Nesse contexto, soam desnecessárias as inclusões de “Mensagem Pra Você”, versão assinada por Isolda (que conta com o autor Biagio Antonacci como convidado especial), e de “Pra Começo de Conversa” (de Álvaro Socci e Cláudio Matta), a qual teria, tempos atrás, sua execução garantida nas rádios, mas hoje soa apenas como mais do mesmo. Joanna é artista que merece respeito, porém o seu inquestionável talento e a estabilidade já conseguida deveriam lhe permitir alçar vôos mais altos. Cantores: JORGE ARAGÃO, JORGE BEN JOR, JORGE MAUTNER e JORGE VERCILO CD: “COISA DE JORGE – AO VIVO” Gravadora: EMI A idéia por si só já foi um belo achado: reunir quatro Jorges famosos da nossa MPB, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em uma noite consagrada ao conhecido Santo Guerreiro: São Jorge. O show, presenciado por uma multidão de pessoas, foi registrado e transformou-se no projeto ao vivo que acaba de chegar às lojas através da gravadora EMI. É nítida a grande energia que rolou naquele palco, o qual teve a honra de receber quatro artistas de vertentes e histórias diferentes, mas que se uniram em prol de uma merecida homenagem. Jorge Vercilo vive um período de reconhecimento em sua carreira. Seus shows freqüentemente ficam lotados e seus discos vendem bem. O mais jovem dos artistas selecionados serviu de ponte entre os demais e se mostrou perfeitamente à vontade, seja fazendo inspirados vocalises em “Jorge de Capadócia” e “Cowboy Jorge” (forrando a cama para Ben Jor brilhar), seja nas bem-vindas intervenções em faixas soladas por Aragão (a deliciosa “Deus Manda”, um dos melhores momentos do trabalho) ou por Mautner (a manjadíssima “Maracatu Atômico”). Aliás, afora esta faixa, Mautner só aparece em uma outra, a excelente inédita “Líder dos Templários”, de autoria dos outros três. É a participação mais curta. Vercilo ainda brilha sozinho em uma versão questionável de “Lua de São Jorge” (de Caetano Veloso) e em alguns de seus hits (“Monalisa”, “Que Nem Maré” e “Fênix”). Ben Jor, há anos colhendo as sementes plantadas lá no início da carreira, revisita sucessos atemporais (“Por Causa de Você, Menina”, “Chove Chuva”, “Mas Que Nada”, “Taj Mahal” e “A Banda do Zé Pretinho”) e levanta a platéia com facilidade. Mostra-se em forma. Já Aragão pisa firme no terreno do samba e em terras cariocas isso resulta em receptividade garantida. Assim, ouve-se o público presente se deliciar com contagiantes canções como “Coisa de Pele” e “Malandro”. A outra inédita do álbum é a boa “São Jorges”, parceria de Aragão e Vercilo, a qual ratifica, em seus versos, a esperança de todos por tempos melhores, muito embora constate, sábia, que “é fácil ser honesto quando se tem dinheiro”. Um lançamento interessante que merece vender bem porque soube reunir criatividade e talentos em doses certas. N O V I D A D E S · Mais um lançamento em CD e DVD que é fruto do registro de um show: trata-se do novo trabalho da banda Cidade Negra intitulado “Diversão” que chega, ainda este mês, às lojas através da gravadora EMI. Na verdade, os rapazes tentam retomar os tempos de sucesso e revisitam, em ritmo de reggae, várias canções que já despontaram em outros tempos nas vozes de intérpretes diversos. Assim, fazem parte do repertório, dentre outras, “Meu Coração” (de Pepeu Gomes e Gilberto Gil), “Muito Romântico” (de Caetano Veloso), “Deixa Chover” (de Guilherme Arantes), “Tudo Azul” (de Lulu Santos), “A Lua e Eu” (de Cassiano) e “Eu Amo Você” (de Tim Maia). · O Centro Cultural Carioca dá início a selo musical próprio (o CCC Discos) com o lançamento ao vivo do show “Ô Danada”, que a poetisa e atriz Elisa Lucinda realizou ao lado do compositor Marcos Lima. Em seguida, virá a edição de uma série de CD’s que trará o encontro de diversos artistas, tais como: Mart”nália e Emílio Santiago, Moska e Jorge Drexler, Vitor Ramil e Marcos Suzano, Beth Carvalho e Época de Ouro, Zélia Duncan e Daniela Spielman, Paulo César Pinheiro e Sueli Costa e Nei Lopes junto a Fátima Guedes e Alcione. É esperar para se deleitar! · Ivan Lins acaba de gravar, no estúdio Mega (RJ), CD e DVD que chegarão em breve ao mercado. A surpresa fica por conta da inclusão de uma parceria inédita dele com Gonzaguinha. A canção (“Debruçado”) contou com a participação afetiva de Daniel Gonzaga nos vocais e garantiu momentos de grande emoção. O restante do repertório resgata canções da safra mais recente de Ivan, a exemplo de “Acaso”, “Passarela no Ar”, “Dandara” e “A Gente Merece Ser Feliz”. · O mega-cultuado Seu Jorge lançará, no próximo mês, o seu terceiro álbum de inéditas (“América Brasil – O Disco”), composto por onze canções de sua autoria. Haverá as participações do tecladista Philippe Baden Powell (filho de Baden Powell) e do guitarrista Max Viana (filho de Djavan). Dentre as faixas está “Trabalhador” que já toca incessantemente na trilha da telenovela global “Duas Caras”: é o tema principal do núcleo das personagens que moram na fictícia favela Portelinha. · Falando na trilha dessa confusa novela de Aguinaldo Silva (que, de fato, ainda não engatou), dela também fazem parte fonogramas gravados por Caetano Veloso (“Oração ao Tempo”), Djavan (“Delírio dos Mortais”), Luiza Possi (“Folhetim”), Danni Carlos (“Coisas Que Eu Sei”), Las Chicas (“Geraldinos e Arquibaldos”), MC Leozinho (“Negro Gato”), Maria Bethânia (“Canto de Oxum”), Jorge Vercilo (“Ela Une Todas as Coisas”), Celso Fonseca (“Você Não Entende Nada”), Charlie Brown Jr. (“Be Myself”) e Cássia Eller (“Toda Vez Que Eu Digo Adeus”). RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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