M U S I Q U A L I D A D E R E S E N H A 1 Cantora: ELBA RAMALHO CD: “QUAL O ASSUNTO QUE MAIS LHE INTERESSA?” Gravadora: INDEPENDENTE Paraibana, Elba desde criança se voltou para as artes. Formou um conjunto onde atuou como baterista e quando resolveu tentar a vida no sudeste, optou inicialmente por trabalhar como atriz. Passou por muitos percalços até chegar à peça “Ópera do Malandro”, que a credenciou para que a então gravadora CBS investisse nela. O primeiro grande sucesso veio somente com o quarto álbum: a canção “Bate Coração” estourou nacionalmente e, em seguida, outras músicas confirmaram a garra dessa intérprete visceral, a exemplo de “Banho de Cheiro”, “De Volta Pro Aconchego” e “Palavra de Mulher”. Aprendeu a domar seu canto e seguiu adiante, mostrando, através de seus discos, a sua evolução como mulher e cantora. Pôs na ordem do dia o forró e soube apresentar novos talentos: não é de hoje que Elba grava canções de Lenine e Lula Queiroga, por exemplo. É Lula, aliás, quem assina a produção do novo trabalho de Elba, ao lado do irmão Tostão e do sobrinho Yuri Queiroga. Desde já um dos mais interessantes lançamentos deste ano, o disco intitula-se “Qual o Assunto Que Mais lhe Interessa?”, subtítulo da bela e pungente faixa “Tempos Quase Modernos” parceria de Roberto Mendes e Capinam, a qual conta, nos vocais, com certeira participação especial de Gabriel O Pensador. Composto por dezesseis faixas, o CD mostra Elba em plena forma vocal, dona de seu próprio destino, e se consolida como o melhor trabalho de sua boa e já extensa discografia. Do citado Lula Queiroga, Elba pinçou preciosidades. Se a bacana “Noite Severina” (parceria com Pedro Luís) remete às suas origens e “Dois Pra Sempre” fica na seara romântica, “Último Minuto” tem forte pegada roqueira e a sublime “Conceição dos Coqueiros” denota atmosfera etérea. Já Lenine assina com Arnaldo Antunes a explícita “Rua da Passagem (Trânsito”) e Chico César surge com a delicada “Amplidão”. Antenada, Elba soube dosar contemporaneidade com as raízes na medida certa. É desse modo que fica praticamente impossível não se apaixonar pela ciranda “Gaiola da Saudade” (de Jam da Silva e Maciel Salú), por “A Natureza das Coisas” (de Accioly Neto) e por “Os Beijos” (outra de Pedro Luís, agora em parceria com Ivan Santos), grandes destaques. Dentre as regravações, Elba ressalta o seu atual momento espiritual através de “Ave Anjos Angeli” (de Jorge Ben Jor) e remodela criativa canção de Carlinhos Brown (“Argila”). De sua turma, a artista resgata “Novena” (de Geraldo Azevedo), “A Dança das Borboletas” (de Zé Ramalho e Alceu Valença) e “Boi Cavalo de Tróia” (de Pedro Osmar e Paulo Rô). Um CD que mostra a força dessa grande intérprete longe das costumeiras canções ligadas aos festejos juninos. Obrigatório! R E S E N H A 2 CD: “MÚSICA NOVA” Gravadora: SONY & BMG É esse desejo que se torna concreto agora com o lançamento do CD intitulado “Música Nova”, composto por treze faixas, sendo a grande maioria assinada pela própria Danni. Produzido por Marcelo Sussekind, trata-se de um trabalho no qual a artista transita entre baladas e o chamado pop rock. Não se esperem grandes canções nem interpretações estarrecedoras. Embora seja dona de uma bela voz (educada e de timbre aveludado), Danni optou, em geral, por interpretações contidas, ressaltado versos que soam, na maioria, monocordiamente confessionais. O maior senão é que, incontestavelmente, os melhores momentos do álbum ficam por conta das duas únicas músicas que não são de autoria da (agora) morena: “O Seu Lugar” (boa inédita de Nando Reis) e “Coisas Que Eu Sei” (de Dudu Falcão), esta já catapultada para o sucesso pelo fato de ter sido incluída na trilha sonora da telenovela “Duas Caras” (é o tema do amor inter-racial das personagens de Lázaro Ramos e Débora Falabella). Quanto às demais, merecem registro as razoáveis “Cinema”, “Olhos de Serpente”, “Gelo e Rocha”, “Arcanjo” e “Pisando em Marte”. Mas Danni pode mais… N O V I D A D E S · Nas próximas quinta e sexta-feira, o Teatro Tobias Barreto estará recebendo, às 21:00 horas, “Sangue Latino”, mais um grandioso espetáculo estrelado por Audrey da Pedra Azul. O artista promete arrebatar a platéia com suas performances mais que especiais e quem se fizer presente certamente sairá embevecido com brilho e talento despreendidos em doses certas. · E já está confirmado! Anota aí na sua agenda: dia 28/11, a partir das 20:30 horas, também lá no Teatro Tobias Barreto a nossa querida Joésia Ramos estará realizando o show de lançamento de seu novo e belo CD. São melodias deliciosas que envolvem poesias precisas de Maria Cristina Gama. Um trabalho que vem consolidar Joésia como a nossa compositora mais versátil. Tanto no CD quanto no show há a participação especial de Maria Lúcia Dal Farra, poetisa de sensibilidade nacionalmente reconhecida e dona de uma voz com timbre divino. Imperdível! · A família Assad lança, através da gravadora Rob Digital, o CD “Um Songbook Brasileiro” no qual vários de seus membros se fazem presentes. A gravação foi feita ao vivo e reúne os pais do clã, Jorge e Angelina, além dos irmãos Sérgio e Odair e das irmãs Badi (a mais famosa de todos) e Clarice. Participam ainda a terceira geração representada por Carolina (filha de Odair) e Rodrigo (filho de Sérgio). Essa grande família extremamente musical mostra que talento é coisa de DNA em um disco que mescla músicas instrumentais e canções interpretadas com rara sensibilidade. Dentre os destaques estão “Baião de Gude” (de Paulo Bellinati), “O Silêncio das Estrelas” (de Lenine e Dudu Falcão), “Rosa” (de Pixinguinha) e o medley de sambas que fecha com chave de ouro esse trabalho recheado de versatilidade e emoção. · Como homenagem às seis décadas de vida que Rita Lee completará no próximo mês, a cantora Crikka Amorim está lançando um tributo à titia do rock nacional. Trata-se do CD “Pirataria” que chega às lojas através do selo Sala de Som. · “Canções de Amor ao Léo” é o titulo do primeiro CD de Lucio Sanfilippo, um lançamento que resulta da parceria do selo Zimbo Discos com a gravadora Rob Digital. Produzido com competência por Ana Costa, o artista apresenta quatorze faixas nas quais passeia por vários dos ritmos mais característicos de nossa terra. Assim, há samba, maracatu, bolero, jongo, coco e afoxé, mas tudo envolvido por uma atmosfera lúdica que resulta em um trabalho muito legal. Lucio canta bonito e afinado (com uma voz aguda que lembra, por vezes, Zé Renato) e nas poucas incursões como compositor, mostra que tem talento para a coisa. Os melhores momentos ficam por conta da ótima “Queijo Com Melado” (de Regina Rocha), da criativa “Maldita Cancela” (de Délcio Carvalho e Osório Peixoto) e da contagiante “Malagueta” (de Mãe Edi). Dentre as participações especiais, o destaque maior é a presença de Lia de Itamaracá em “Ciranda Sem Fim Pra Lia”. Há ainda a regravação de “O Cantador” (de Dori Caymmi e Nelson Motta), música vencedora do Festival Internacional da Canção de 1966, além do resgate do compositor Ruy Maurity com a pueril “O Verde é Maravilha”. · Selma Reis inaugura seu selo musical próprio, o Tessitura Musical Brasileira, com a gravação e o lançamento do disco duplo “Maria Mãe de Jesus”, no qual narra a vida da mãe de Cristo. O trabalho marca também os vinte anos de carreira da excelente cantora. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
Quando surgiu no mercado fonográfico nacional, Elba Ramalho chamou a atenção por dois motivos: o primeiro era a sua voz estridente e de acentuado sotaque nordestino que agradava a alguns mas causava estranheza a outros; o segundo resultou do fato de ter ganho uma canção inédita de Chico Buarque logo em seu disco de estréia, o ótimo “Ave de Prata” (de 1979). Cantora: DANNI CARLOS
A carioca Danni Carlos é filha de baianos e desde os dezesseis anos passou a freqüentar a noite mostrando o seu trabalho musical, ao lado do inseparável violão. Depois de fazer parte, por um tempo, da trupe de Oswaldo Montenegro, de se aventurar pela Europa como mochileira, de morar com um grupo de freiras em um convento italiano e de incursionar em terreno global como atriz, a artista (antes loira) voltou ao Rio de Janeiro e procurou uma editora para registrar canções que havia composto, algumas delas em inglês, e terminou recebendo a proposta de regravar, em formato acústico, alguns hits do rock internacional. O projeto (“Rock’n’Road”) deu certo e terminou dando-lhe projeção nacional, mas a vontade de mostrar o seu próprio trabalho não arrefeceu.
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