L A N Ç A M E N T O Cantora: Gal Costa CD: “Hoje” Gravadora: Trama Foi em 1998 que a baiana Gal Costa pôs no mercado o seu último CD de inéditas, o insosso “Aquele Frevo Axé” (que, na realidade, também continha várias regravações). De lá para cá, lançou mais quatro trabalhos, todos eles colocando sua voz a serviço de canções pra lá de conhecidas: lançou um mediano álbum duplo, gravado ao vivo e dedicado à obra de Tom Jobim (em 1999), o constrangedor “Gal de Tantos Amores” (em 2001), o mediano “Bossa Tropical” (em 2002) e o exageradamente elogiado “Todas as Coisas e Eu” (em 2003). Esta semana, chega às lojas o seu novo e aguardado disco que vem embalado pela curiosidade causada pelo fato de Gal estar abrindo seu canto para o talento de compositores pouco conhecidos do grande público. O esperado CD foi produzido por César Camargo Mariano, o ex-marido de Elis Regina e co-responsável pelos melhores discos da Pimentinha. Gal continua incensada como uma das melhores cantoras do Brasil. Mas se é verdade que o seu timbre continua bonito e límpido, também se faz claro que a voz já não alcança as notas de outrora. Os arranjos de Mariano (sábio produtor) contribuem para que Gal brilhe, mesmo em tons mais baixos, e há de se ressaltar os belos vocais feitos pelo cantor Silveira em quatro das quatorze faixas. Algo também a ser destacado é que, neste trabalho, a cantora economiza na emissão de vibratos, o que termina por “limpar” o seu canto. É como diz o velho ditado: “Tudo demais, enjoa!” e, nos últimos tempos, Gal vinha mesmo exagerando nos vibratos emitidos aos finais das frases. Quanto ao resultado final… Bom, é louvável a intenção de Gal em gravar gente nova, como também o é a ousadia da gravadora Trama em enfrentar as leis do mercado atual lançando um trabalho inédito! O fato, todavia, é que falta uma grande canção para marcar esse esperado “Hoje”. Nem mesmo os dois únicos compositores famosos presentes conseguiram contribuir com uma obra à altura de seus talentos: Caetano Veloso vem com uma canção difícil e monocórdia (“Luto”) e Chico Buarque mostra uma melodia rasa na qual José Miguel Wisnik inseriu versos pouco inspirados (“Embebedado”). Há três parcerias de Carlos Rennó com Lokua Kanza (a melhor delas é “Sexo e Luz”, que conta com a participação do africano), dois sambas razoáveis do também artista plástico Nuno Ramos e duas canções primárias de Moreno Veloso. Para valorizar a sua Bahia, Gal gravou três conterrâneos: Péri (com a bonitinha “Voyeur”), Tito Bahiense (com a moderna “Logus Pé”) e Moisés Santana (com a previsível “Os Dois”). Mas o melhor momento do CD termina ficando com o pernambucano Junio Barreto e a sua interessante “Santana”. Tomara que Gal continue a gravar gente nova! Mas tomara também que, da próxima vez, possa encontrar (ou escolher) canções bem mais graciosas… N O V I D A D E S · As 12 finalistas do Festival de Música da TV Cultura já estão escolhidas. São elas: “Um Sonhador” (de Toninho Horta), “Contabilidade” (de Danilo Moraes), “Achou!” (de Dante Ozzetti e Luiz Tatit), “A Moça na Janela” (de Zé Renato e Lula Queiroga), “Startrek de Tacape” (de Chico Saraiva), “Lama” (de Douglas Germano), “Girando na Renda” (de Pedro Luís e Flávio Guimarães), “Haicai Baião” (de Renato Motha), “Maracatu, Samba e Baião” (de Ito Moreno), “Amanhã de Depois de Amanhã” (de Celso Viáfora), “Seresteiro a Perigo” (de Edu Franco) e “Cassorotiba” (de Marília Medalha). A grande final será realizada na próxima quarta-feira, dia 14, e algumas das canções já estão sendo vistas como favoritas. Dentre elas, “Achou!”, “Girando na Renda” e “Seresteiro a Perigo”. Vamos torcer? · A paraibana Renata Arruda já tem em mãos um novo trabalho (intitulado “Pegada”) e agora negocia uma gravadora para lançá-lo. Dentre canções inéditas, como “Libera” (parceria com Sandra de Sá) e de “Soberano Desprezo” (de Bráulio Tavares), Renata recria Lenine (“Hoje Eu Quero Sair Só”) e Luiz Gonzaga (“Roendo Unha”), além de músicas que fizeram sucesso em sua própria voz, como “Ouro Pra Mim” (de Peninha) e “Mundos Diferentes” (de Biafra). O disco tem a produção de Robertinho do Recife e se fundamenta em arranjos acústicos, feitos a partir de três violões. · Já nas lojas, o segundo CD da carioca Di Mostacatto intitulado “Best Seller”. Dona de voz muito bonita, ela não parece se importar com a grande semelhança de timbre com Zizi Possi. O álbum é um lançamento independente, no qual Di assina noventa por cento do repertório ao lado de parceiros como Glauco Fernandes e Jota Maranhão. No interessante CD de estréia, a cantora já se mostrava uma intérprete vigorosa. O seu lado de compositora, porém, é mediano, o que termina por comprometer o novo disco. Mas merecem registro a canção “Cinema Mudo” e a faixa-título, esta sim uma candidata a hit instantâneo. · Elza Soares quer registrar o novo show que, há pouco tempo, estreou no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, para transformá-lo em DVD. A idéia é que o produto saia pelo selo Maianga (que, inclusive, lançou, em 2002, o seu elogiado CD “Do Cóccix até o Pescoço”). Caso dê tudo certo, o projeto vai dar origem também a um CD ao vivo da artista. · O disco “Rio-Bahia”, gravado por Joyce e Dori Caymmi, só sairá no Brasil em 2006, embora já esteja nas lojas do Japão e tenha lançamento agendado para outubro na Europa. Entre regravações, como “Saudade da Bahia” (de Dorival Caymmi) e “Pra Que Chorar?” (de Baden Powell e Vinicius de Moraes), consta do repertório do CD a inédita “Fora de Hora”, primeira parceria de Dori Com Chico Buarque. · Os irmãos gaúchos Kleiton e Kledir gravaram, no começo deste mês, seu primeiro DVD. Como convidado especial esteve presente o outro irmão, o compositor Vítor Ramil, o qual participou da faixa “Estrela Estrela”, de sua autoria e que já foi gravada por Gal Costa e Maria Rita. A maioria das canções do repertório pertence aos anos 80, época em que a dupla freqüentava com assiduidade as paradas de sucesso, mas haverá também inéditas, como “Capaz” e “Então Tá”. · Um dos melhores discos do compositor Francis Hime está sendo relançado, pela primeira vez, no formato CD. Lançado originalmente pela Som Livre em 1984, “Essas Parcerias” sai agora pela Biscoito Fino que adquiriu todas as obras registradas pelo artista quando era contratado da gravadora pertencente ao Sistema Globo. Vale a pena conhecer grandes canções que nunca chegaram a estourar, mas que estão entre as melhores criações de Francis como, por exemplo, “Parceiros”, “Um Carro de Boi Dourado” e “Qualquer Amor”. Há parcerias com Milton Nascimento, Gilberto Gil e Chico Buarque, que também participam do álbum cantando, ao lado de Simone, Elba Ramalho, Gal Costa e Olívia Hime. Mas obra-prima mesmo é “Laços de Serpentina”, rara parceria com Toquinho e uma daquelas canções de dimensão universal. · Ganhador do Prêmio Sharp, em 1999, como revelação do samba, o compositor e cantor Osvaldo Pereira chega ao seu segundo CD (que leva o título de “As Árvores”) como a mais nova aposta da gravadora Dubas. Com influências assumidas de nomes como Noel Rosa, Ary Barroso, Bide, Sinhô e Ismael Silva, o artista construiu um disco bastante agradável, embora sem faixas que mereçam um destaque maior. Mas vale a pena conhecer porque o cara tem talento… · Com sua formação original (Mu, Armandinho, Dadi, Ari e Gustavo), a banda A Cor do Som estará, em breve, lançando um novo CD que já foi gravado em show ao vivo realizado recentemente no Canecão. Além de grandes sucessos (“Zanzibar”, “Abri a Porta”, “Alto Astral”, “Swing Menina” e “Menino Deus”), os talentosos rapazes vão mostrar quatro inéditas: “Oxalá” (de Armandinho e Fausto Nilo), “O Mundo Já Passou Do Fim Do Mundo” (de Dadi e Arnaldo Antunes), “Tocar” (de Ari e Carlinhos Brown) e “Pela Beira do Mar” (de Mu e Márcio Tucunduva). O álbum vai contar com as participações especiais de Moraes Moreira, Daniela Mercury e Caetano Veloso. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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