MUSIQUALIDADE, por RUBENS LISBOA

M U S I Q U A L I D A D E

 

E o ano passado foi rico em muitos lançamentos de CD’s! Como de praxe, a nossa MUSIQUALIDADE, nesta primeira semana de 2008, faz a sua escolha, destacando, dentre todos os produtos que chegaram às lojas, os melhores. Trata-se, logicamente, de uma tarefa árdua, mas nossos ávidos e queridos leitores merecem este resumo.

No terreno da nossa música sergipana, igualmente tivemos um ano profícuo. Aportaram no mercado diversos álbuns de boa qualidade, como os das bandas Alapada, Maria Scombona, NaurÊa, Sibberia e The Baggios. Dentre os artistas da terra que desenvolvem trabalhos individuais, fomos contemplados com os novos e ótimos CD’s de Joésia Ramos e Paulo Lobo, além do de Isaac R.A., artista que surgiu com o pé direito. 

No campo da indústria fonográfica nacional, são os seguintes os doze melhores lançamentos de 2007:

 

01 – QUAL O ASSUNTO QUE MAIS LHE INTERESSA? – Elba Ramalho

Depois de alguns anos sem lançar um trabalho de inéditas, a paraibana arretada volta à tona com o melhor disco de sua extensa carreira fonográfica. Produzido a seis mãos por Lula, Tostão e Yuri Queiroga, o disco mostra uma Elba de fato antenada com os tempos modernos, dosando, na medida exata, as bases da cultura nacional com toques de contemporaneidade. Cantando cada vez melhor e com um repertório irretocável, deixa claro porque ela está, há tanto tempo, entre as melhores da nossa MPB.

 

02 – QUE BELO E ESTRANHO DIA PRA SE TER ALEGRIA – Roberta Sá

O segundo trabalho da jovem e bela cantora potiguar (na realidade, o terceiro, vez que a sua estréia de fato se deu com o CD “Sambas & Bossas”, feito por encomenda para uma empresa, nunca chegando comercialmente ao mercado) era esperado com grande curiosidade, haja vista a receptividade obtida com o disco anterior, “Braseiro”. Com voz aveludada, Roberta reuniu um repertório onde canções inéditas e regravações pouco convencionais deram o toque principal, catapultando-a, de vez, para o primeiro time das nossas intérpretes.

 

Maria Rita
03 – SAMBA MEU – Maria Rita

Depois de ser lançada com estardalhaço pela mídia, muito por ser filha da inigualável Elis Regina, e ter se mantido no posto de cantora cool durante os seus dois primeiros discos, Maria Rita (em foto de Trípolli) ousa e acerta com um álbum voltado totalmente para o samba. Sucesso de vendas e credenciando-a para uma aceitação entre as camadas consumidoras mais populares, o disco foi produzido por Leandro Sapucahy e tem como destaques várias canções assinadas por Arlindo Cruz.

 

04 – BORDADO – Rodrigo Maranhão

Com um disco muito pouco comentado, Rodrigo Maranhão, um compositor já disputado entre grandes intérpretes do nosso cancioneiro, lançou-se como cantor. Apresentando suas canções com versões bastante pessoais, Rodrigo comprova ser um dos autores mais interessantes surgidos nos últimos anos. Dono de voz pequena mas muito graciosa, optou por arranjos bastante simples que mostraram as canções escolhidas sem grandes firulas, o que não impediu que delas aflorassem suas belezas inatas.

 

05 – ONDE BRILHEM OS OLHOS SEUS – Fernanda Takai

Conhecida do público mais jovem por ser a vocalista da banda mineira Pato Fu (que, aliás, tem prestado bons e inteligentes serviços ao pop nacional), Fernanda Takai lançou o seu primeiro disco solo mergulhando em canções anteriormente gravadas por Nara Leão. Com voz de extensão reduzida, Fernanda soube apropriar-se de obras atemporais e, contando com os competentes arranjos do marido e parceiro musical John Ulhoa, realizou um trabalho memorável.

 

06 – SIM – Vanessa da Mata

Depois do sucesso radiofônico de “Ai Ai Ai”, hit de seu CD anterior, o novo trabalho de Vanessa da Mata era aguardado com ansiedade. Com grande estardalhaço e marketing, chegou às lojas, ainda no primeiro semestre, o novo disco que, de cara, emplacou um novo sucesso: “Boa Sorte (Good Luck)”. Vanessa ainda precisa se soltar mais no palco e se garantir com uma afinação mais precisa, mas a verdade é que já se mostra uma promissora compositora.

 

Carlos Navas
07 – QUANDO O SAMBA ACABOU – Carlos Navas

Em um país onde brilham as vozes femininas, o paulista Carlos Navas (em foto de Flávio Sampaio) deve se sentir como uma ilha no meio de um oceano. Infelizmente ainda desconhecido pelo grande público, Carlos vem construindo uma carreira sólida, lançando trabalhos muito bem concebidos, seja em discos de carreira, seja em projetos paralelos voltados para o universo infantil. Homenageando o injustamente esquecido cantor Mário Reis, Carlos construiu um CD atemporal que traz interpretações personalíssimas emolduradas por sua bela e potente voz.

 

08 – AGARRADINHOS – Leila Pinheiro & Roberto Menescal

A cantora paraense Leila Pinheiro já lançou, anteriormente, discos voltados para releituras de sucessos da Bossa Nova, tendo, inclusive, trabalhado com Roberto Menescal, um dos maiores conhecedores daquele movimento musical. Juntos, gravaram um novo álbum onde regravações convivem harmoniosamente com canções inéditas, algumas até assinadas pela dupla. Leila é artista única, canta divinamente bem e se mostra perfeitamente à vontade ao piano, sendo acompanhada basicamente pelo violão mágico de Menescal.

 

09 – OLÍVIA BYINGTON – Olívia Byington

Uma das maiores vozes do nosso tão insensato Brasil, Olívia tem uma discografia rara. Com muitos anos de carreira, nunca emplacou, de fato, um grande sucesso, nem lança discos com muita freqüência. A novidade deste mais recente trabalho é sua exposição como autora (ela que vinha de álbuns de intérprete, nos quais resgatava pérolas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes e reverenciava Aracy de Almeida). Mostrou-se inspirada e criativa nessa área, o que, somando-se a interpretações irrepreensíveis, a fez lançar um dos grandes discos do ano passado.

 

10 – FAÇO NO TEMPO SOAR MINHA SÍLABA – Célia

Outra grande cantora também pouco reconhecida quando se constata o grande talento que possui, Célia voltou ao mercado fonográfico nacional em grande estilo. Sob a produção competente de Thiago Marques Luiz, soltou o seu tradicional vozeirão e realizou um excelente trabalho que, concebido em formato primordialmente acústico, denota a excelente forma vocal em que se encontra. Merece reencontrar o sucesso!

 

11 – DE UM JEITO DIFERENTE – Emílio Santiago

Depois de lançar alguns discos que pouco acrescentaram à sua carreira, Emílio Santiago apresenta um trabalho digno de seu talento. Dono de belíssima voz grave, poderosa e afinada, e sustentado por um repertório que reúne canções pinçadas entre as várias gerações que compõem a nossa MPB, Emílio mostrou-se imbatível. Mesmo ainda não tendo conseguido obter o sucesso comercial que o disco merece, retorna ao caminho no qual todos os seus inúmeros fãs querem sempre vê-lo reinando.

 

Mônica Salmaso
12 – NOITES DE GALA, SAMBAS NA RUA – Mônica Salmaso

Entre as cantoras que mais vêm se destacando de uns tempos para cá, encontra-se Mônica Salmaso (em foto de Dani Gurgel), nome ainda pouco conhecido do grande público, mas que vem construindo uma carreira sólida. Seus discos são sempre concebidos com muito esmero e os críticos mais exigentes reconhecem nela grandes predicados vocais. De fato, embora optando sempre por interpretações contidas, Mônica canta muito bem e, especialmente neste disco no qual revisita a obra de Chico Buarque e que contou com o auxílio luxuoso do grupo Pau Brasil, obteve um resultado bastante feliz.

 


RUBENS LISBOA é compositor e cantor


Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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