R E S E N H A 1 Cantora: VÂNIA BASTOS CD: “TOCAR NA BANDA” Gravadora: DABLIÚ DISCOS Paulista da cidade de Ourinhos, a cantora Vânia Bastos mudou-se para a capital, nos meados da década de setenta, já enfeitiçada pela música. Seu primeiro trabalho foi de uma importância Dona de uma voz potente e de belo timbre clássico com pronúncia irretocável, somente sete anos depois de sua estréia fonográfica é que Vânia efetivamente veio a lançar o seu primeiro álbum solo. Daí em diante, mostrou-se uma intérprete eclética que já dedicou trabalhos às obras de Caetano Veloso, de Tom Jobim e do pessoal mineiro do Clube da Esquina. Seu melhor álbum, no entanto, foi, sem sombra de dúvida, o belo CD “Diversões Não Eletrônicas”, de 1997, no qual, mesmo entregando as canções a arranjadores vários, conseguiu costurar com maestria um repertório que reuniu Edu Lobo, Catulo da Paixão Cearense, Marina Lima, Zé Miguel Wisnik e Pixinguinha, entre outros. Acaba de chegar às lojas, nos formatos CD e DVD e através da gravadora Dabliú Discos, o novo trabalho de Vânia. Intitulado “Tocar na Banda”, resulta do registro do show realizado pela cantora no Teatro do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, em novembro de 2005. Nele, cercada por uma pequena e competente banda, Vânia mostra aquilo que melhor sabe fazer: cantar. Mais uma vez, reúne autores de épocas diferentes, sabendo fazer escolhas que jamais repousam no óbvio. Se Caetano e Tom estão presentes com as conhecidas “Trem das Cores” e “Luíza”, por outro lado são resgatadas pérolas pouco esquecidas de Itamar Assumpção (“Mal Menor”), Passoca (“Sonora Garoa”) e Adoniran Barbosa (a faixa-título). Entre momentos mais esfuziantes, como o medley que reúne “Chegou a Bonitona” (de Geraldo Pereira) e “A Vizinha do Lado” (de Dorival Caymmi) e outros mais suaves, a exemplo de “Certas Coisas” (de Lulu Santos e Nelson Motta) e “Eternamente” (de Tunai e Sérgio Natureza), a artista ainda apresenta uma boa inédita (“Esse Rapaz”, de Eduardo Gudin) e arrasa em sua passagem a la Carmen Miranda (em “Absolutamente”, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano). Imperdível! R E S E N H A 2 Cantora: VÂNIA ABREU CD: “MISTERIOSA DONA ESPERANÇA” Gravadora: INDEPENDENTE Vânia Abreu ainda é mais conhecida como irmã de Daniela Mercury, muito embora tenha optado, Começou a cantar em 1986, atuando como backing vocal do cantor Gerônimo e chegou a atuar no Carnaval baiano, em 1994, quando integrou a banda Kiss. Todavia, o primeiro trabalho solo, que chegou ao mercado no ano seguinte, prenunciava uma artista antenada com a qualidade, tanto que ali já estava uma das mais belas canções de Chico César, “Templo”, até então quase um desconhecido. Em seguida, Vânia lançou os dois melhores discos de sua carreira, os excelentes “Pra Mim” (que trazia “Meu Pai, Minha Mãe”, bela canção inédita de Zeca Baleiro) e “Seio da Bahia” (que continha apropriadas regravações de “A Manga Rosa”, de Ednardo, e “Dono dos Teus Olhos”, de Humberto Teixeira). O álbum que seguiu já não teve a mesma sorte: “Eu Sou a Multidão” terminou soando mediano, da mesma forma que o atual “Misteriosa Dona Esperança” que acaba de chegar às lojas de maneira independente. Casada com o compositor e músico Marcelo Quintanilha (com quem dividiu o bom álbum “Pierrot & Colombina”), Vânia tem a seu favor o fato de garimpar compositores praticamente desconhecidos do grande público. Sob este prisma, insiste em gravar músicas do paulista Carlos Careqa e do baiano Péri, dois reais talentos da atual geração da nossa MPB. Do primeiro incluiu, no novo trabalho, além da faixa-título, a canção “Cisco” (morna parceria com Baleiro). Do segundo, registrou “Diga Que Me Ama” e “Mais Uma Vez”, dois bons momentos do CD. Com uma voz de agradável tessitura e optando, desta vez, por registros em tons mais graves, ressaltando-lhe a suavidade do timbre, Vânia apresenta uma boa sacada ao juntar, em uma mesma faixa, “O Que Foi Feito Deverá” (de Milton Nascimento e Márcio Borges) e “O Que Foi Feito de Vera” (mesma melodia de Milton, agora letrada por Fernando Brant). Com boa vontade, dá ainda para destacar a delicada criação de Vitor Ramil (“Bom Dia, Sonho”), a sugestiva parceria de Vicente Barreto e Gustavo Sant’Anna (“Novo Velho Amor”) e a criativa canção presenteada pelo marido (“O Que Se Escreverá”), mas canções como “Embola Bola” (de Djavan), “Moda de Viola” (de J. Velloso) e “Da Maré” (de Ricardo Breim e Luiz Tatit) nada acrescentam a um repertório que, infelizmente, não conseguiu resultar coeso. N O V I D A D E S · No próximo domingo, dia 30, o Teatro Tobias Barreto estará recebendo a cantora Vanessa da Mata e seu novo show “Sim”, a partir das 20 horas. Para quem gosta de música de qualidade, trata-se de uma excelente pedida! · O SESC-Sergipe acaba de divulgar a relação oficial dos classificados para o seu festival de música que, este ano, além da eliminatória e da final que se realizarão em Aracaju, também terá fases nas cidades de Canindé do São Francisco e Lagarto. Dentre os compositores selecionados estão Nino Karva, Allan Vilanova, Claudio Barreto, Gilton Lobo, Kleber Melo, Sena e Vina Torto. Que vença o melhor! · O primeiro CD ao vivo de Arnaldo Antunes chegará em breve ao mercado através da gravadora Biscoito Fino. Também disponível no formato DVD, o novo trabalho será um registro de seus maiores sucessos. · A cantora Letícia Tuí estará lançando, em breve, o seu primeiro CD. Intitulado “Sambaião”, o álbum trará, em seu repertório de treze faixas, canções de Edu Krieger, Edu Kneip e Gabriel Versiani, bons compositores da safra atual, além de “Nos Olhos do Amor”, boa inédita de autoria de Geraldo Azevedo. · Jair Rodrigues investe no samba como mote de seu próximo CD, o qual sairá pela gravadora Trama em outubro próximo. Intitulado “Jair em Branco e Preto”, o álbum contará com as participações especiais de Dominguinhos e Germano Mathias e trará, dentre as quatorze faixas, nove composições inéditas. · Paulinho da Viola gravou, em julho passado, shows que resultarão no novo lançamento do projeto “Acústico MTV”. Com lançamento previsto também para outubro, o trabalho chegará às lojas em CD e DVD e trará algumas canções inéditas. · Mais uma boa intérprete prepara-se para lançar, ano que vem, um disco dedicado à obra de Cartola. Trata-se de Cida Moreira que, fã do famoso e saudoso sambista mangueirense, reunirá dezesseis canções, algumas pinçadas entre as mais conhecidas e outras entre as menos divulgadas. · Como vem fazendo com os seus últimos projetos, Maria Bethânia registrou em vídeo apresentação emocionada de seu belo show “Dentro do Mar Tem Rio” para servir de base ao novo DVD que a gravadora Biscoito Fino porá no mercado até o final deste ano. Os fãs já aguardam ansiosos… · E por falar em Bethânia, o seu selo Quitanda planeja homenagear Sueli Costa com um CD totalmente voltado para a obra da excelente compositora. Com previsão de lançamento somente para 2008, o projeto certamente vai contar com a adesão de vários intérpretes. · O show realizado, em abril passado, feito em tributo a São Jorge que reuniu Jorge Aragão, Jorge Ben Jor, Jorge Mautner e Jorge Vercilo na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi devidamente registrado e chegará às lojas, no começo do próximo mês, através da gravadora EMI. O projeto, intitulado “Coisa de Jorge”, estará disponível nos formatos CD e DVD e trará no repertório as canções inéditas “São Jorges” (de Aragão e Vercilo) e “Líder dos Templários” (de Aragão, Ben Jor e Vercilo). RUBENS LISBOA é compositor e cantor
incomum: ela participou do histórico disco “Clara Crocodilo”, do talentoso Arrigo Barnabé, o qual, por força de muitos fatores, marcou época mas nunca chegou de fato atingir o sucesso que o talento lhe faz por merecer.
desde o início, por uma postura musical bastante diferente.
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