Namorando na Copa e na cozinha.

Pra variar, Apolônio mete-se em confusão em plena Copa do Mundo.

Munique, 7 de julho de  2006

Caros amigos de Sergipe:

Como os senhores sabem, estou na Alemanha, aonde vim assistir aos jogos da Copa. No início, também estava torcendo pelo Brasil. Mas com o vexame da seleção de Parreira, passei a apoiar o escrete português. Aí o time de Filipão perdeu. Passei a torcer pela França e resolvi ficar para assistir a decisão com a Itália, afinal a copa do mundo é como sexo na vida dos ingleses: só acontece de quatro em quatro anos (e ainda assim, geralmente eles não passam das oitavas).

Zenóbia, a beletrista, voltou mais cedo porque está negociando a edição de um novo livro de poesias. Na verdade os originais do seu livro foram espinafrados pelo Conselho de uma afamada editora portuguesa. Ela, por vingança, quer comprar a editora. É uma doidivanas!

Pois bem, aproveitando a sua bem aventurada ausência, tenho me dedicado ao consumo de
chopps e chucrutes nos bares próximos aos estádios. Cá estão mulhereres de todo o mundo.
Empresárias, periguetes, estudantes, desportistas, há fêmeas para todos os gostos.

Foi num deles que conheci Giselle, uma típica francesinha que estuda filosofia na Sorbonne. Conheci em me apaixonei. E este foi o começo da minha desdita. Mulher de gostos refinados, Gi tem grande disposição para as artes do amor, mas não tem um euro sequer, para dividir um drive-in. Isso tem provocado um tremendo rombo no meu cartão de crédito devido aos vários jantares, passeios de escuna e as transas espetaculares em castelos medievais às quais temos nos dedicado enquanto os craques preferem suar suas camisas nos gramados.  

Tudo bem que eu sou herdeiro de uma das mais prósperas vinícolas das terras do vinho verde, mas ainda assim o alto consumo diário de Viagras, Cialis, caixas de Moet Chandon, locações de limusines e outros fetiches pornô-eróticos, já está começando a abalar meu orçamento. De fato, o casamento é a base da verdadeira economia doméstica. 

Além disso, Giselle é completamente míope, praticamente uma cegueta. De tanto estudar noite adentro, foi comprometendo a visão. Usa óculos de grau tão forte que de frente, seus olhos parecem saídos de um desenho animado japonês.  

Outro dia mesmo ela cismou que tínhamos que transar na suíte presidencial do hotel mais chic da cidade. Pra quê? Na empolgação da saliência amorosa, seus óculos foram parar longe da cama. No que fui ao banheiro, a moça levantou justamente para procurar os óculos. Não devia.

Sem os ditos, Giselle tropeçou no tapete indo apoiar-se num painel de Matisse  afundando
o centro da tela. Nervosa com o que chamou de pequeno incidente, acabou quebrando sem
querer um vaso da Dinastia Ming que decorava a suíte.    

Resultado: fingi que ia ao banheiro de novo e fugi pela veneziana tentando me safar do
prejuízo.

Não sei que fim teve a história, pois de lá pra cá troquei de endereço e celular. Arrumei uns óculos escuros e uma roupa de árabe e mesmo ser ter dado sorte com a francesinha, tenho experimentado raparigas de outras nacionalidades, afinal errar é mulçumano. 

Até semana que vem.

Um abraço do

Apolônio Lisboa.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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