Namoro na adolescência

Um dos desejos mais significativos da adolescência é namorar e nessa semana comemorativa do “Dia dos Namorados”, os sentidos ficam mais aguçados em busca do amor. Tudo isso traz a tona os valores e o comportamento que os jovens têm em relação ao amor e ao sexo. Será que os adolescentes têm consciência que este grande prazer deve vir junto de responsabilidades e cuidados consigo mesmo e com o outro? Eles têm maturidade para serem conseqüentes e assumirem seus atos?

Para analisar sobre essas indagações iremos ressaltar orientações de médicas ginecologistas e psicóloga, além de conhecer a vivência de alguns jovens sergipanos.

Lara e Tunai. Estão juntos por quase dois anos. Relacionamento com confiança e amor.

 

O que os jovens primam, desejam, exigem ou negam num relacionamento? Observo um mundo cheio de vitalidade e sonhos, comportamento pouco cortês, medo do desconhecido, ansiedade, indiferença, algumas faltas de respeito, de consideração, vergonhas, ciúmes, inseguranças e muitos conflitos emocionais, tudo isso em busca do prazer e da felicidade.

Acredito que tudo seria mais fácil se houvesse mais diálogo e sinceridade, tendo como base o amor e o respeito.

Quem ama é cuidadoso com o outro e não quer vê-lo sofrer. A pessoa que é incapaz de amar se sente inferior, insensível ao sentimento alheio e em geral tem uma história de falta de amor, abandono infantil ou maus tratos. 

Para saber mais sobre a vida sexual na adolescência, falei com a especialista em ginecologia e obstetrícia (TEGO), reconhecida pela FEBRASCO, Dra. Nadja Faro Batinga Dória.  

Denise: As adolescentes procuram o ginecologista quando decidem realizar sua primeira relação sexual?

Dra. Nadja: Embora longe do número ideal, existem algumas meninas que procuram o ginecologista antes de ter a sua primeira relação sexual, em busca de informação, para tirar dúvidas, ou escolher seu método contraceptivo. Em maior número, recebemos adolescentes que já iniciaram a vida sexual e agora desejam orientações para essa nova etapa.

Denise: Como é o tipo de conversa que a senhora tem com a adolescente e quais as recomendações?

Dra. Nadja: Dependendo do grau de informação dela, abordo desde algumas noções de anatomia dos genitais e fisiologia do ato sexual até a exposição de todos os métodos contraceptivos disponíveis, principalmente chamando muita atenção para a importância do preservativo na prevenção das DSTs.

Adolescentes, por uma condição própria da idade, costumam agir como se fossem blindados e nada pudesse lhes acontecer, e a ameaça de uma gravidez ou DST só existe nos noticiários. Por isso, aproveito para informar a menina do alto índice de DSTs em adolescentes. Acontece que às vezes o próprio menino desconhece que é portador daquele vírus ou bactéria, por não apresentar nenhum sintoma. É neste momento da conversa que explico a necessidade de fazer exames e do uso de preservativos.Lembro da importância da liberdade com responsabilidade na administração da vida sexual dela. É comum nessa fase que os meninos usem artifícios, como pedidos de prova de amor, para não usar a camisinha e depois a primeira prejudicada seria ela com o aparecimento de doenças.

 

Denise: Qual a orientação sobre anticoncepcionais?

Dra. Nadja: Quanto aos anticoncepcionais, temos hoje uma grande variedade deles, inclusive com concentrações muito pequenas de hormônios, que podem ser usados por adolescentes com muita segurança para evitar a gravidez, nunca esquecendo, entretanto, do uso associado da camisinha. O médico só deve prescrevê-los depois de afastar uma eventual contra-indicação

Denise: Sabemos que a mulher muitas vezes apresenta corrimentos. Como ela e o parceiro são tratados?

É uma das  doenças apresentadas nessa fase, as meninas se queixem de corrimento, com ardor ou prurido(coceira), caso tenham sido contaminadas com bactérias ou fungos, coisa que ocorre muito raramente se o menino usa o preservativo.Geralmente, quando isso ocorre tratamos o casal, e só encaminhamos o parceiro ao urologista em casos mais específicos´.

Denise: Qual a importância do tradicional exame de lâmina?

Nadja: Não podemos aqui deixar de falar na enorme importância do exame de prevenção do câncer do colo uterino (exame de lâmina). A paciente deve ser informada que, a partir do inicio da atividade sexual, o Papanicolaou deve ser realizado pelo menos uma vez por ano, lembrando que o câncer do colo uterino ainda tem altos índices no Brasil, e que cerca de 95 por cento dos casos têm relação com a presença do vírus HPV, DST que se diagnostica num simples exame ginecológico como Papanicolaou. Informo também que já temos a vacina contra o HPV que protege a paciente contra os subtipos mais agressivos deste vírus e que deve ser tomada por meninas entre 9 e 26 anos.

Turma de 3º ano do ensino médio do Colégio Tobias Barreto. Desejam namorados que tenham muitas qualidades

Obs: Dra. Nadja  tem consultório na Clinica Santa Sophia, situado  na Av. Barão de Maruim, 820. Fone: 3042-8114

Encontrei uma turma do 3º ano do Colégio Tobias Barreto que relacionou um tanto de itens das qualidades que desejam encontrar num namorado: cheiroso, simpático, sincero, inteligente, atencioso, saber dialogar, delicado e que tenha pegada. Dizem que gostariam que os homens cumprissem mais as promessas de telefonemas, dessem menos “toco”, exercessem mais o que falam.

Segundo a Psicóloga Neuza Pinto, com larga experiência em atendimento aos adolescentes, os jovens estão tendo mais

Víctor Cortez. Frequenta shows para encontrar ficantes.

 

liberdade e não desejam se comprometer nos relacionamentos. Tanto homens quanto mulheres querem “colecionar” namorados, ter um número maior de “ficantes”. As mulheres amadurecem mais cedo e cobram uma maior “atitude” por parte dos homens. Elas desejam que eles não sejam lentos no sentido de tomar iniciativas, no beijar e em carinhos. Já os homens ficam assustados com esse comportamento feminino, mas seguem juntos em busca de identidade e sonhos.

Por telefone, perguntei a Dra. Jolanda Sobral Pacheco, médica ginecologista, Coordenadora do Registro de Câncer Hospitalar do Hospital da Mulher Prof. Aristodemo Pinotti –

Dra. Jolanda Pacheco. Atualmente existe recorrência da sífilis e  do papiloma vírus.

 

CAISM, em Campinas-SP, quais eram as doenças sexualmente transmissíveis que os jovens enfrentam com mais frequência. Ela enfatiza que apesar de ampla campanha de orientação sexual da prefeitura de Campinas nas escolas e no SUS, existe atualmente, uma  recorrência da sífilis e do papiloma vírus.
Para detectar a sífilis deve ser feito a sorologia e é muito perigosa para a gestante, pois, a bactéria da sífilis pode infectar o bebê durante a gravidez. Dependendo da quantidade de tempo que a mulher grávida esteve infectada, ela pode apresentar alto risco de ter um natimorto. A outra infecção que está ocorrendo ultimamente, apesar de ser do tempo da antiga Roma é a Human Papiloma Víru, conhecida com crista de galo. O vírus do HPV se encontra dentro das mucosas genitais (Vagina, Vulva, Pênis e Colo de Útero) e ou na pele. Ele se manifesta por meio de verrugas genitais na vagina, nos anus, no pênis do parceiro, e a segunda seria a microscópica que aparece na vagina, no pênis ou no colo de útero. Para diagnosticar deverá ser feito uma colposcopia ou papanicolau, ou por meio de biópsia na área suspeita. O mais prejudicial é que alguns grupos de papiloma vírus podem existir uma associação com a doença do câncer de colo de útero.

Fiquei curiosa também em perguntar a Dra. Jolanda sobre a tão falada pílula do dia seguinte,  usada para prevenir uma suposta gravidez.  Ela enfatiza  que o uso da pílula do dia seguinte é indicado em situações de emergência, quando a camisinha estoura e a mulher não está usando nenhum outro método contraceptivo ou ainda se está em período ovulatório. A pílula com alta dosagem de estrógeno deverá ser tomada até 24 horas após a relação sexual, podendo haver efeitos colaterais (indesejáveis), náuseas, vômitos, dor nas mamas (mastalgia), dor de cabeça (cefaléia) e alteração do ciclo menstrual.  Na minha opinião, existe uma falta de entendimento por parte dos cidadãos, com relação à pílula do dia seguinte, e ainda uma polêmica na sociedade cristã onde o ser humano deve  avaliar os  valores morais e éticos na decisão do uso.

Lucineide acha importante orientar a filha Thaís sobre namoro e sexo.

 

O aluno do Unificado, Paulo, conta que teve sua primeira relação sexual aos 16 anos, quando achou que estava preparado e admite que ela já tenha experiência sexual, apesar de ter a mesma idade dele. O namoro durou duas semanas apenas.

Já Thaís, 17 anos, diz que ainda não namorou e espera encontrar um que estude e trabalhe. Gosta de homem que seja sincero e que tenha boa conduta. Sua mãe, Lucineide Almeida fala que sempre orientou a filha sobre namoro e sexo.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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