Há poucos dias, uma figura influente da nossa política ficou horrorizada com a reação infantil, até mesmo patética, de um dos mais importantes assessores do ex-prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, ao ouvir uma avaliação de que a campanha petista rumo ao governo poderia custar algo em torno de R$ 20 milhões. Ao invés de ouvir calado, o assessor, que também é candidatíssimo a deputado federal, foi de uma pernosticidade espantosa, bem característica dos neófitos no poder. E, gargalhando copiosamente, disparou: “Que nada! O povo quer Déda no governo. Vamos gastar no máximo R$ 1 milhão”. Uma reação típica de quem: ou não entende nada de política ou pensa que todo mundo é idiota. São reações assim que fazem com que muitas lideranças avaliem melhor suas posições no jogo eleitoral. Ninguém gosta de ser tratado de forma pedante, de ser olhado de cima para baixo, como ser inferior. Ou como alguém que quer extorquir o candidato. O desdém do assessor de Marcelo Déda pode lhe custar caro. Bem além dos R$ 20 milhões orçados no início da conversa, narrada acima. Aliás, pensar em uma campanha ao governo calcada apenas em possíveis intenções de voto, apontadas em pesquisa de opinião pública a vários meses do pleito, é, no mínimo, de uma ingenuidade incrível. Haja vista o resultado das campanhas de Valadares, em 1986, e Jackson Barreto, em 1994. Até porque, se fizerem uma avaliação criteriosa da última pesquisa apresentada ontem, vão perceber que os números lhes são desfavoráveis. Há um ano, os índices eram outros. A diferença entre Déda e João chegava a espantosos 32 pontos. Hoje, no entanto, o que se observa é uma queda gradual do candidato petista, que cresceu um pouco no interior, é bem verdade, mas perdeu espaço na capital com as ações sociais e obras do governo em Aracaju. Tomando por base os exemplos de seus aliados em campanhas passadas, Marcelo Déda poderá perder para João Alves em quase todas as cidades do interior. E vai precisar, portanto, de mais de 130 mil votos de vantagem na capital para concorrer com chances de vitória. Os números da pesquisa, contudo, apontam para uma diferença pouco maior que a de Zé Eduardo Dutra quando candidato a governador em 2002, tendo a seu favor a “onda vermelha” petista (que assolou o país) e um opositor, à época, destroçado. Diante desses fatos, diria que não é uma boa hora para gargalhadas.
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