Ney Campello – Copa do Mundo Fifa 2014 Bahia

Ney Campello, secretário para assuntos sobre a Copa do Mundo 2014 da Bahia

Como Aracaju não está entre as 12 sedes que irão receber os jogos da Copa do Mundo FIFA 2014, Salvador é a cidade mais próxima e muitos sergipanos destinarão o caminho rumo ao hexa da seleção brasileira, mais precisamente, para a Arena Fonte Nova.

O projeto do novo estádio é um dos mais modernos, baseado na Amsterdã Arena, com investimentos de R$ 1,6 bilhão. Prever-se que a Arena Fonte Nova seja um dos legados deixado pela Copa do Mundo, pois a estimativa é que ela seja preparadao para receber qualquer tipo de evento internacional ou nacional, em dois espaços com capacidade para 52 mil pessoas. A Fonte Nova contará com 39 quiosques de alimentação, 94 banheiros, 2000 vagas e bicicletário que estarão disponíveis todos os dias do ano, além de 90 camarotes, um lounge de 2.040m² para dá apoio aos 2.500 assentos vips, restaurantes com vista para o Dique do Tororó, museu e um tour de visitação.

Está sendo lançado também o projeto sócio-cultural “Território Candel 2014”, dirigido por Carlinhos Brow, e que deverá realizar intervenções e capacitações no bairro Candel para receber e hospedar turistas na localidade em casas-albergues.

O selo “Isto é legado” também foi lançado para chancelar ações, projetos, obras e eventos, que preconizem alguma atividade de fomento para a Copa do Mundo. Veja entrevista completa.

Sílvio Oliveira – Quais os principais itens elaborados pelo projeto de realização da Copa do Mundo na Bahia?

Ney Campello – O projeto anda bem e está bem planejado através da criação da Secretaria de Assuntos para a Copa do Mundo através de um decreto do governador Jaques Wagne,r em setembro de 2009. Nós temos desenvolvido ações relacionadas à Arena Fonte Nova. Nosso estádio vai receber a Copa do Mundo no mundial de 2014. É um estádio dos mais desenvolvidos no Brasil e que nos coloca numa posição importante na recepção desses eventos. Recentemente o Estado anunciou a ação no termo de mobilidade urbana, optando por uma solução metroviária. O sistema de trilhos vai nos dar uma malha metroviária de aproximadamente 34km, 22km já para a Copa de 2014. Há ações na área de turismo e hotelaria encaminhando bem. Somos a terceira rede de maior oferta, só menor que São Paulo e Rio de Janeiro. Vamos chegar a 70 mil leitos em 2014 e teremos intervenções importantes no porto e no aeroporto. Vamos qualificar para receber de maneira positiva. E estamos cuidando de ações que, no entendimento nosso, são ações fundamentais e que não têm a ver com obras físicas, que é o caso da qualificação profissional e dos legados. Estamos lançando um selo “Isto é legado”, que é um selo que a Secretaria chancelará aqueles eventos ou iniciativas, ações, projetos e programas, que resultem num legado econômico, social, ambiental, cultura, para a Copa 2014.

Projeção da Arena Fonte Nova

Sílvio Oliveira – Há quem diga que as obras da Copa do Mundo serão eficazes se forem boas para a população brasileira. O senhor acredita nessa premissa?

Ney Campello – A Bahia vê nessa perspectiva de extrair dela muito mais que sucesso nos jogos, mas a melhoria da qualidade de vida da população na cidade.

Essa é a única razão que justificaria o estado brasileiro aportar recursos para a Copa. Nós estaremos cometendo um crime contra o erário publico se não for assim. Pela projeção que ela tem, pela marca e imagem do país lá fora, pela atração de investidores e investimentos, tudo isso vem como subproduto do jogo. Precisamos garantir os chamados legados. A Copa deverá ser boa para o turista, para as delegações, mas melhor ainda para quem mora aqui e continua aqui.

Sílvio Oliveira – Há definições de como será o sistema de jogos em Salvador e estimativa de quantos visitantes à Bahia receberá?

Ney Campello – Há cidades que só terão três ou quatro jogos. Esperamos ter mais, mas é uma possibilidade para qualquer uma das 12 sedes. Quem tiver apenas a primeira etapa da Cop,a terão três jogos.

A estimativa de visitantes é de mais ou menos 70 mil pessoas. A Bahia atrai com muita força e se depender da nossa capacidade de atrair estados vizinhos, como é o caso de Sergipe e Alagoas, poderemos ter uma presença maior do que se imagina. Não dentro do estádio, porque a capacidade é para 50 mil, mas fora do estado em atividades que vão acontecer.

Contagem regressiva para a Copa do Mundo 2014 na Bahia

Sílvio Oliveira – Quanto será investido para o evento?

Ney Campello – Os estudos iniciais apontam em torno de R$ 5 ou R$ 6 bilhões na Bahia em investimento público e privado. São 600 milhões no estádio, mais alguns em torno de R$ 2,4 bilhões em mobilidade social, com investimentos em hotelaria e qualificação, segurança, saúde, gerando em torno de estimados 50 mil empregos diretos e indiretos.

Sílvio Oliveira – Aracaju é a capital mais próxima da Bahia. Há alguma perspectiva de parcerias com Sergipe?

Ney Campello – As capitais que ficaram fora estão se habilitando à condição de subsede e deverão receber seleções para processos de treinamento e aclimação. Eu não conheço o projeto de Sergipe, mas somos estados irmãos. No caso de Aracaju, o prefeito também é do meu partido político e temos todo o interesse nessa cooperação. Estaremos abertos, mas é preciso ter um projeto e se habilitar. No caso de Sergipe, também podemos pensar num importante jogo, uma abertura de Copa, uma semifinal. Qualquer que seja um jogo importante que aumenta a presença de aeronaves, o aeroporto de Aracaju poderá ser um ponto de apoio para receber executivos.

Sílvio Oliveira – Salvador está na luta para sediar a abertura da Copa do Mundo. Os sergipanos irão adorar a ideia?

Ney Campello – Sim, apresentamos desde o ano passado um binding book com proposta, apresentando Salvador como o berço da civilização brasileira, onde o país do futebol nasceu, de modo que Salvador tem legitimidade cultural e histórica, além das condições efetivas de estrutura e logística para receber. Depende da FIFA, mas estamos preparando a cidade e o estado para o evento e entendemos que temos legitimidade, até que a FIFA delibere sobre o assunto.

Marketing da Arena Fonte Nova

Sílvio Oliveira – O turista que vem para a Copa não só quer ver o jogo. O que o Estado tem feito para melhorar a questão, não só da parte esportiva, mas cultural e turística, na área de saúde e segurança?

Ney Campello – Nós temos um trabalho de integração com todas as secretarias e com as prefeituras para a geração dos chamados legados. Trabalhamos com modelos de governança da Copa com grupos temáticos. Um deles é o de educação, cultura e esporte. Vamos participar de um evento coordenado por Carlinhos Brow, cantor e compositor de expressão nacional da música brasileira, e que está lançando o projeto chamado “Território Candel 2014”. É um projeto no sentido de intervenção social e cultural, inclusive preparando albergues Cama e Café, ou seja, hospedagem para que o turista que visite tenha a opção de ficar em hotéis, mas em lugares também que tenha a cultura e a identidade da gente.

Sílvio Oliveira – A Bahia faz um dos maiores carnavais do mundo em proporção de visitantes e promove grandes eventos de multidões. O senhor acredita que Salvador já tem um now how para grandes eventos e não terá problemas com a realização da Copa do Mundo?

Ney Campello – Salvador recebe um milhão e meio de pessoas nas ruas do carnaval e 400 a 500 mil visitantes no período, mas a Copa do Mundo é diferente de quem vem para o carnaval. Precisamos de muito mais eficiência e qualidade, pessoas se comunicando em outros idiomas. A expectativa e o perfil de quem vêm para a Copa é qualificada. É um turista com renda média superior a R$ 10 mil.

Sílvio Oliveira – O que diria para os sergipanos em relação à Copa do Mundo?

Ney Campello – Lute pelo seu espaço, comece a batalhar, prepare-se e que pensem em projetos e ideias vinculadas a ela (Copa do Mundo). O que impede de Sergipe promover um encontro internacional sobre fisiologia, medicina esportiva, arbitragem? Que encontre um eixo de atuação e promova alguma coisa que seja atrativo para que quem esteja na Bahia possa ser atraído também para Sergipe.

Leia também:

Copa do Mundo Fifa 2014. Interessa a Sergipe?

Contato: silviooliveira@infonet.com.br

Fotos: Sílvio Oliveira

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais