No Barack do Obama


Lisboa, 2 de março de 2008


Caros amigos de Sergipe:


A eleição para a presidência dos Estados Unidos é um tédio só. Se não fosse a aparição de Osama, digo do senador Obama no cenário, aqueles debates e a expectativa das prévias do Partido Republicano já não teriam a mínima graça.

Ora, nem só de debates e trocas de farpas vive uma campanha eleitoral, meus amigos. Há as baixarias, as maracutaias também, o lado pitoresco  do dia a dia dos candidatos, seus contatos com o povo simples da periferia e dos vilarejos, seus momentos de ansiedade, constrangimentos, suas inquietações existências e -por que não?- suas diarréias e crises de hemorróidas. E nesse capítulo, o Brasil é um exemplo e tanto para o povo ianque.

As últimas eleições aí na terrinha, por exemplo, são a prova de que os políticos brasileiros estão cada dia, mais parecidos com o povão. É verdade que a maioria deveria estar integrando a população carcerária,  mas, convenhamos ainda há alguns que tentam salvam a classe.
Não deve ser fácil para um candidato, ter que se atracar, por exemplo, com a plebe suada e malcheirosa em busca de abraços emocionados que sirvam para o clip do horário eleitoral, mas são ossos do ofício. É como diz Dante Alighieri: No inferno, abrace o capeta!

E quando o pobre do candidato tem que encarar uma buchada de bode só pra não fazer uma desfeita com as lideranças do interior? O que tem de  político aí no nordeste com o bolso cheio de Imosec em época de campanha não é brincadeira.

Nos Estados Unidos, não! Tudo é muito previsível e higiênico. Até os nomes são sem graça: Hillary, John, George. Bom mesmo é eleição com Espaço, Fofinha, Birrôla e Xiribita como nas terras de João Muamba.

Nos EUA é esse barulho todo só pra saber quem será o candidato de um partido. Em Sergipe tem candidato que faz a convenção dentro de um fusquinha e estamos conversados. É por essas e outras que apoio o Barack Obama que, ao menos, é mais parecido com o povão. É claro que o meu apoio tem o preço da reciprocidade. É que com a aproximação da campanha aracajuana, já fui
sondado para uma cadeira na Câmara. Por isso mesmo, mandei um e-mail  para o Barack dizendo que se ele me apoiasse aí na terrinha, eu apoiaria ele lá nos States. Você acreditam que o insolente nem me respondeu?!


O fato é que tenho passado muitas noites em claro, tendo apenas o canal Sex Hot como testemunha, a refletir sobre o meu futuro político.  Caso viesse a ser candidato e uma vez eleito, teria inevitavelmente que mudar para a capital dos cajueiros e, de quebra, ainda encontrar o Gilmar Carvalho em eventos. Bom, bem pior seria se
eu tivesse que morar em Indiaroba!

Mas convenhamos, não é uma decisão fácil. Eu, um homem probo e com o passado ilibado, um homem que só a minha valorosa família conhece na intimidade, me misturando com essa gentalha!?. (quando digo intimidade, não me refiro somente a ceroulas!). Eu? Apertando mãos frouxas e desconhecidas? comendo buchadas? cafungando sovacos nunca dantes navegados? Sei não, hein?! Melhor entrar logo pro curso de torneiro mecânico do Senac. Tenho dito!

Até semana que vem.

Um abraço do

Apolônio Lisboa

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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