Além de ser uma portentosa obra de engenharia civil, a ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros transformou-se, nos últimos meses, numa impressionante obra de engenharia política. Nunca se imaginou que seriam necessários tantos estratagemas para a liberação de um empréstimo do BNDES, no valor de R$ 86 milhões, para a sua construção. Mas não pense você que essa queda-de-braço limitou-se aos acirrados discursos na imprensa entre governo e oposição. O jogo de palavras foi apenas um dos instrumentos utilizados pelos “lados” na tentativa de fazer valer seus objetivos. A verdadeira luta foi travada nos bastidores e teve lances impressionantes da mais pura estratégia política. De um lado, a operante turma da oposição fazia de tudo para que o Governo Lula não liberasse o empréstimo para Sergipe. A alegação, por demais pertinente, era a de que João Alves Filho seria imbatível nas próximas eleições de outubro com tão grande volume de recursos à sua disposição para trabalhar. Os que fazem hoje oposição a João no governo conhecem como ninguém a sua força de trabalho e a sua capacidade de transformar situações adversas em um “mar de rosas”, diante de tão generoso orçamento. Que o diga o próprio senador Antônio Carlos Valadares, hoje ao lado de Marcelo Déda, ao relembrar alguns dos episódios mais marcantes de sua campanha vitoriosa ao governo, em 1986. Sem dúvida alguma, um empréstimo como esse, a poucos meses do pleito, poderá se transformar numa grande dor de cabeça para a combalida “esquerda” sergipana que, até ontem a noite, ainda podia contabilizar suas chances de vitória. Mas o curso da historia pode ter mudado significativamente ontem com a votação do Orçamento da União, no Congresso. Por conta de interesses maiores, o presidente Lula viu-se obrigado a não atender o pleito dos companheiros sergipanos e comprometeu-se com a oposição naquela Casa a liberar, entre outras coisas, o empréstimo do BNDES para Sergipe. Um direto de esquerda no queixo do compadre Déda, capaz, inclusive, de levá-lo a nocaute antes mesmo do fim da luta.
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