A mais evidente das poluições ambientais nas cidades está com os dias contados. A partir de janeiro, novas tecnologias da indústria automobilística e também uma nova composição de combustível vão contribuir para uma revolução no uso dos motores a diesel, impactando de modo positivo na redução das emissões de gases que saem dos canos de descarga. Esse resultado deverá ser anunciado na próxima reunião do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
“Estamos muito satisfeitos com a nova fase que vai iniciar para o controle da emissão de poluentes veiculares. A redução do enxofre é o grande passo desta vez”, afirma o gerente de Qualidade do Ar, do MMA, Rudolf Noronha.
Em 1° de janeiro de 2012 passa a valer a Resolução 403/2008 do Conama, que dispõe sobre a nova fase de exigências do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) no que se refere a veículos pesados – a chamada Fase P-7.
O enxofre (S) é um componentes do óleo dieses e também um dos principais problemas de sua utilização, não apenas devido aos danos ambientais mas para as partes metálicas dos motores, que são corroídas devido à formação de ácido sulfúrico durante a combustão.
No Japão, o teor máximo de enxofre no diesel é de 10 ppm (partes por milhão) de enxofre. Esse é o nível estipulado pelo Conama para ser atingido pelo Brasil em janeiro de 2013. Mas já em 1° de janeiro de 2012, o País vai atingir a marca de 50 ppm. Em 1994, ou seja, há 17 anos, o nível chegava 13 mil ppm.
Entre 1994 e 2008, durante a segunda e a quinta fase do Proconve, os níveis estiveram entre 500 ppm e 2 mil ppm. O salto em qualidade para o ano que vem está garantido.
Rodando no País – Atualmente, já são abastecidas nas empresas de transporte coletivo com 50 ppm de enxofre as frotas de ônibus urbanos das regiões metropolitanas da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro. E nas cidades de Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador.
Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife, o chamado S-50 já pode ser encontrado em postos de combustíveis acessíveis aos cidadãos comuns. No resto do País, em grandes centros urbanos o diesel encontrado é de 500 S e no interior brasileiro ainda é de 1.800 S.
“Mas a Agência Nacional de Petróleo (ANP) já tem o plano de abastecimento do S-50 para todo o País. E ainda terá disponíveis os demais aditivos necessários para o cumprimento da resolução do Conama para veículos pesados. O caminhão que sairá da indústria em São Paulo no ano que vem poderá chegar no Acre tranquilamente, que terá garantido o abastecimento”, afirma o gerente de Qualidade do Ar.
Outros gases – “Podemos comemorar uma revolução na redução de todos os gases emitidos”, afirma Rudolf Noronha. Os novos automóveis terão motores adequados para poluir menos. Isso associado ao combustível fabricado pela Petrobras, que também foi adaptado às novas exigências do Conama.
Uma das das reduções mais evidentes é do CO (monóxido de carbono), que cairá dos 14,00 g/kw.h de 1989/1993 (início do Proconve) para 1,50 no ano que vem. Os hidrocarbonetos passam de 3,50 para 0,46; os óxidos de nitrogênio são derrubados de 18,00 para 2,00. O material particulado, cujas emissões não eram contabilizadas no período, em 1994/1995 eram 0,60 e passarão a 0,02 g/kw.h.
Relatório – Rudolf Noronha diz que o otimismo se justifica pelo acompanhamento passo-a-passo que os técnicos do MMA fizeram das providências normativas e de execução pela indústria automotiva. O resultado está no relatório da Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Proconve (CAP), que será anunciado na próxima reunião do Conama, provavelmente na próxima quarta-feira. Ele ainda relata que o documento vem depois de uma conclusiva reunião da CAP, na cidade mineira de Betim, onde a Petrobras abriu as portas de uma de suas refinarias para demonstrar as mudanças na composição do óleo diesel.
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