Ailton Rodrigues Rocha Santos
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe
Bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/ História
E- mail:ailton.historia@outlook.com
O ódio aos povos de ascendência judaica não é algo atual. Por ser uma das etnias mais antigas do mundo, o povo judeu reúne ao longo de sua história vários inimigos, seja por disputas territoriais, questões religiosas, políticas ou econômicas. Entretanto, nunca se viu uma aversão tão exacerbada a esse povo como a que ocorrera por parte dos nazistas durante o período em que Adolf Hitler governou a Alemanha. Em virtude desse ódio, milhares de judeus foram mortos nos campos de concentração, nas câmaras de gás ou de outras maneiras.
Com o intuito de retratar esse antissemitismo, foi lançado em 2008 o filme O Menino do Pijama Listrado. Dirigido por Mark Herman, a obra cinematográfica têm em Bruno (Asa Butterfield), Shmuel (Jack Scanlon), Ralf, pai de Bruno (David Thewlis) e Elsa, mãe de Bruno (Vera Farmiga) os principais atores do elenco.
Em um primeiro momento o telespectador não consegue observar sinais antissemíticos no filme, mas com o decorrer das cenas esses sinais tornam-se evidentes. Tudo começa quando Ralf, um oficial do exército nazista, assume um cargo importante, tendo como área de atuação um campo de concentração e precisa mudar-se com a sua família para este local. Bruno, filho do oficial, acostumado com as amizades que possuía na antiga casa, vê-se em um lugar sem muita opção de entretenimento. Isso gera no garoto tédio e ao mesmo tempo algumas curiosidades.
Vários fatores contribuem para que tais curiosidades sejam despertadas em Bruno, entre eles: o intenso movimento de soldados do exército nazi na residência e a “fazenda” que o menino consegue avistar de sua nova casa. A “fazenda” é na realidade o campo de concentração, no qual os judeus são submetidos a trabalhos forçados e onde até mesmo as crianças judias, obviamente, são mantidas presas. Uma dessas crianças era Shmuel, com quem Bruno irá desenvolver uma intensa amizade.
Essa amizade desenvolve-se de forma natural, já que os personagens possuem a mesma idade, ainda que ambos pertençam a povos e culturas diferentes.
Percebe-se que as duas crianças, protagonistas do longa, não conseguem compreender bem tudo o que estar acontecendo. Isso fica claro quando em uma das cenas o garoto Bruno faz uma indagação sobre o porquê do seu amigo Shmuel está vestindo aquele pijama listrado, referindo-se ao uniforme que era distribuído pelos nazistas aos semitas que viviam no campo de concentração.
Considerando esse fato, O Menino de Pijama Listrado diferencia-se de outras películas que se propuseram em retratar o antissemitismo, como por exemplo, A Lista de Schindler, pois ele não retrata de forma explícita cenas de assassinatos, nem de outras atrocidades sofridas pelos judeus.
Na verdade, o que o diretor Mark Herman procurou demonstrar foi uma visão infantil e inocente deste episódio. Isso não significa que o filme retrata o genocídio judaico de maneira “adocicada”.
Dada essa consideração, é necessário ressaltar que o nazismo fez várias vítimas e que a sua lista de “inimigos” era imensa, indo dos semitas, aos negros, homossexuais, ciganos, testemunhas de Jeová, entre outros. Ou seja, eram “inimigos” dos nazistas todos aqueles que não fizessem parte da “raça” ariana, que “atrapalhavam” o projeto de uma Alemanha centralizada.
Assim sendo, a lição que O Menino do Pijama Listrado nos dá é que a tolerância e o respeito entre povos diferentes é possível, a exemplo da que foi desenvolvida pelos garotos.