O nosso planeta Terra está nos mostrando que já estamos vivendo as conseqüências do mau trato do homem para com a natureza. A revista especializada Science publicou um conjunto de pesquisas e comentários fornecendo dados que mostram a influência negativa das atividades humanas no planeta. A radiação solar é a fonte básica de energia para que a vida se desenvolva: em um sistema climático equilibrado, a quantidade recebida pela Terra e o que devolve para o espaço é equivalente. Se a relação muda, todo o ciclo hidrológico, glacial e ecossistema são influenciados. Estudos efetuados pela equipe liderada pelo climatologista americano James Hansen, do Instituto Goddard de Estudos Espaciais demonstram, que em equilíbrio, a Terra recebe 22 watts por metro quadrado emitida pelo sol – e devolve para o espaço a mesma quantidade. Atualmente, esta radiação fica presa na atmosfera terrestre por causa do excesso de gases e aerossóis e cerca de 1 watt por metro quadrado é absorvida. Esta quantidade de energia é suficiente para mudar, por exemplo, o comportamento dos oceanos, aumentar a temperatura e derreter algumas geleiras nos pólos, elevando o nível da água em todo o mundo.
Em um dos estudos, Bruce Wielicki e colegas da Nasa – agência espacial americana – comprovam, com a ajuda de satélites, que, em média, 29% da radiação solar que incide sobre a Terra é refletida diretamente de volta para o espaço. Ele também mostra que houve uma pequena diminuição neste valor nos últimos tempos – ou seja, parte fica retida aqui.
Outra pesquisa, que mistura cientistas de diversas partes do planeta, analisa a influência de nuvens e aerossóis em suspensão na atmosfera no processo e demonstra como a superfície terrestre tem refletido mais radiação do que absorvido, conseqüência de ações como a derrubada de árvores para a formação de pastagens – movimento bem conhecido em terras brasileiras. Desde a década de 1990, os sinais da mudança tem se mostrado de forma mais evidente, diz a equipe de pesquisadores, deixando claro que o efeito estufa já muda o planeta.
Segundo o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, isso demonstra que há uma efervescência de pesquisas nesta área e que elas são consistentes, ao contrário do que falam os Estados Unidos para explicarem sua ausência do Protocolo de Kyoto.
Ainda de acordo com o físico Paulo Artaxo, muito ainda existe para ser estudado e compreendido sobre o sistema climático da Terra, mas a ação antropogênica em larga escala tem repercussões importantes e é um consenso que tais efeitos estão aí e vieram para ficar (Ambientebrasil Online).
EdmirPelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000
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