O avião fretado da OAB/SE envergonha a classe

O avião fretado da OAB/SE envergonha a classe

Conheço muitas pessoas que nunca andaram de avião. Parece até hilário mas é verdade. Uns porque não têm dinheiro, outros por falta de interesse e até os que têm medo. Mas o que mais causou angústia aos advogados que lutam por uma OAB Forte e acima de qualquer suspeita foi a notícia que a Ordem, na gestão do advogado Henri Clay Santos Andrade, fretou um avião pago com o dinheiro dos advogados de Sergipe, para uma Conferência Nacional da Ordem no Rio Grande do Norte, apenas para prestigiar a presidente da OAB Federal que nada mais era que o renomado advogado César Britto. Coisa megalomaníaca!

Esta informação tinha chegado ao meu conhecimento há mais de 60 dias e honestamente não acreditava que era verdade. Procurei alguns amigos que fazem parte da atual direção e muitos deles garantiram a veracidade dos fatos. Solicitei alguns documentos para ter uma base para escrever sobre o tema e resolvi não falar sobre o assunto. Mas no debate da última segunda-feira, dia 23, um dos candidatos levantou a questão do avião e esse foi o gancho para que eu pudesse expor aos advogados sergipanos a gravidade deste assunto. Henri passou exatos 1/3 do debate tentando justificar e não convenceu sobre o aluguel da aeronave.

É preciso antes de tudo dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (César o imperador e não o cunhado de Clay). Realmente a Ordem fretou o avião e pagou por ele cerca de R$ 120 mil reais que hoje atualizado seria uns R$ 300 mil reais. A intenção do senhor Henry Clay Santos Andrade tinha como principal objetivo levar a maior delegação para o Congresso Nacional do OAB Federal e assim prestigiar o seu cunhado César Britto. Com um voo chatter isso seria possível. Assim o fez. Acontece que Clay não conseguiu através da agência contratada vender todas as poltronas da aeronave e aí resolveu encher com advogados e pessoas mais próximas. O voo já estava pago com o dinheiro de todos os advogados referente às anuidades devidas à Ordem.

Outro ponto que devemos analisar que desconheço em toda história sergipana o Chefe do Executivo Estadual de Sergipe alugar uma aeronave para um Congresso Nacional de Secretários. Nunca ouvi falar que o Poder Judiciário, o Poder Legislativo, o Tribunal de Contas ou qualquer outra Instituição tenha feita o que o presidente da OAB da época, o advogado Henry Clay Santos Andrade fez. Não venham com a desculpa que o cheque era calção e que uma parte do dinheiro foi devolvida aos cofres da Ordem. Caberia ao gestor Henry, cancelar o fretamento como fez recentemente a Torcida Trovão Azul, quando não conseguiu vender todas as poltronas do voo fretado que levaria os torcedores do Confiança para Londrina assistir o jogo  onde o confiança poderia subir para a 2a. Divisão do Futebol Brasileiro.

Coincidência ou não, o jornalista Márcio Lincoln, em sua coluna no Jornal do Dia, datada de 26 e 27 de outubro de 2008 escrevia: “… Um grupo de jovens advogados e acadêmicos de direito ficou empolgadíssimo com a vitória do Confiança sobre o Guarani, na quarta-feira, dia 22. Eufóricos com o resultado, logo emplacaram um novo slogan, embalados no ritmo da musiquinha de incentivo ao time sergipano: “Vamos subir Dragão e lotar o avião”. A aeronave, a qual os jovens se referem, foi a fretada pela OAB/SE para levar a delegação sergipana para Natal (RN) …”. Isso não justo com o advogado que paga sua anuidade em dias. Não é justo comigo e com vocês colegas que como taxistas saem sem dinheiro de casa e busca o ganha pão no judiciário e/ou com assessorias preventivas e administrativas. Não é justo com o acadêmico de direito em ver que sua futura Instituição comete absurdos como este. Não é justo com a sociedade sergipana!

Com R$ 120 mil reais à época a Ordem poderia investir em outras campos mais importantes do que prestigiar o cunhado do presidente Henry. Cito inclusive uma proposta de quem vem em busca de um terceiro mandato, mesmo sabendo que OAB Federal é contra esta prática. Emprestaria através da CAA/SE dinheiro aos advogados inadimplentes para quitarem seu débito junto a Ordem com juros abaixo do mercado. Construiria mais salas de advogados como fez Carlos Augusto que passou de sete para 38 salas, tendo mais oito para serem entregues até o final deste ano. Construiria uma sala/berçário para as advogadas que não têm onde deixar os rebentos quando vão as audiências. Faria mais cursos em convênio com a ESA e ENA e outras universidades. Faria… faria… faria… menos fretar um avião e colocar pessoas da minha sombra nele para prestigiar um contra-parente.

Muitos dizem que eu tenho algum problema pessoal com Henry Clay e isso não é verdade. Gosto dele como pessoa. Fizemos pós-graduação juntos e passamos um ano dividindo o mesmo espaço a cada 15 dias. Clay indicou-me como vice-diretor da ESA e por duas vezes como representante da Ordem junto ao Tribunal de Justiça Desportivo de Sergipe. Tenho um bom relacionamento com Rosa e os advogados que são associados ao escritório Advocacia Operária são meus amigos, como por exemplo, Merivone e Lucas Rios. Nada de pessoal contra Clay!

Na verdade não podemos é nos dobrar a um terceiro mandato. Precisamos sim de um presidente que tenha mais zelo com o dinheiro dos advogados. Um presidente capaz de conhecer as dificuldades do cotidiano de quem exerce a advocacia plena. Um presidente que não trate com ironias e nem com desdenho os colegas. Um presidente novo que venha renovar a advocacia e oxigene os conselhos federal e estadual. Um presidente que defenda uma OAB de todos e não de um feudo familiar como bem disse Luís Eduardo Costa. Vamos nos dar as mãos e com medo de outro avião mudar a Ordem!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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