O Brasil crescendo

Estamos iniciando 2005, ano que antecede à eleição para presidente da República no Brasil e nenhum de nós, em sã consciência, acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai candidatar-se à reeleição. Assim, para ter chance de reeleger-se é importante como disse o presidente Lula: “O crescimento tem que ser sustentável. O Brasil não pode crescer num ano e no outro decrescer. Por isto, não cederei a pedidos para aumentar os gastos a uma velocidade maior do que o crescimento da receita”.

 

Outro ponto enfatizado pelo presidente é a persistência do governo na luta contra a inflação, porque ela traz um prejuízo enorme para a parte mais pobre da população.

 

Existem, porém, obstáculos ao crescimento sustentado do país?

 

Para o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não existe qualquer obstáculo ao processo de crescimento consolidado de longo prazo da economia, principalmente por não existir nenhuma situação preocupante no processo de retomada de crescimento econômico atual e porque o governo imagina o processo de construção do crescimento sustentável de longo prazo como a construção de uma estrutura com alicerces, paredes e metas. O alicerce da estrutura de crescimento é a estabilidade macro-econômica.

 

De acordo, ainda, com o ministro Antonio Palocci, os investimentos em capital estão crescendo o dobro da variação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Isso é razoavelmente suficiente no momento, mostra que não temos riscos de crescimento e outro reflexo do crescimento econômico é a geração de emprego. Dados do IBGE apontam o aumento das taxas de emprego nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil e a redução do desemprego nas mesmas localidade.

 

Mais importante ainda é que os dados demonstram que há uma mudança de comportamento do investimento no Brasil, com a valorização das regiões do interior do país, onde a taxa de emprego tem uma evolução mais acentuada.

 

As boas notícias do aumento da demanda nos últimos meses trouxeram, todavia, uma preocupação. O setor produtivo tem capacidade de atender esta expansão de demanda?

 

É importante, desde que o governo mantenha sua política, que os empresários consigam aumentar a capacidade das empresas em curto espaço de tempo e sem precisar de grandes investimentos em equipamentos.

 

A garantia do crescimento sustentável da economia brasileira, com estabilidade de preços, exige uma adequada intermediação financeira que canalize recursos para o setor produtivo.

 

A Academia Paranaense de Desenvolvimento, com a participação de doutores em economia das principais universidades da região elaborou o seguinte elenco de sugestões para a manutenção do crescimento econômico no Brasil:

 

1 – Adotar metas de inflação constantes ou levemente declinantes, evitando assim que elevações da Taxa Selic inibam a manutenção da retomada do crescimento.

 

2 – A autonomia operacional do Banco Central deve limitar-se aos instrumentos da política, ficando a definição de metas de inflação para o Conselho Monetário Nacional.

 

3 – Incluir no Conselho Monetário Nacional membros dos diversos setores produtivos do país.

 

4 – O Banco Central deve apresentar um programa efetivo e definido para reduzir as margens operacionais do sistema.

 

5 – Reduzir o peso da tributação incidente nas operações financeiras para o setor produtivo.

 

6 – Adotar medidas visando à redução dos custos de inadimplência.

 

7 – Reduzir progressivamente os depósitos compulsórios premiando os bancos que melhor atuem na redução dos spreads.

 

8 – Negociar a desindexação dos contratos de serviços públicos, reforçando o papel do mercado, das agências reguladoras e eliminando privilégios.

 

9 – Adotar um padrão de núcleo de inflação para reduzir o impacto de choques externos, uma vez que neste caso a política de aumento de juros é ineficaz.

 

10- Evitar a valorização do real, garantir a promoção de exportações e adotar política tributária favorável à reinversão dos lucros das empresas.

 

Como vimos, condições existem para conseguirmos ter um crescimento sustentado. É o governo continuar fazendo o que fez até agora; é o Congresso ser mais Brasil do que interesse partidário; é os empresários serem eficazes e eficientes que, sem dúvida, num amanhã não muito distante, estaremos vivendo num país desenvolvido.

 

Edmir Pelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000
edmir@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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