O capitalismo quer filhos, porém odeia as mães

No mundo corporativo ou no mercado de trabalho existem dois conceitos muito importantes para que uma empresa, corporação, instituição cresça e apresente bons resultados: gestão de pessoas e cultura organizacional. O primeiro visa melhorar o desempenho dos servidores ou colaboradores da empresa através de técnicas elaboradas pelo setor de Recursos Humanos, já o segundo é formado por um conjunto de características que tornará aquela empresa única.

Resumi, de maneira prática, dois conceitos-chave para que qualquer organização que se preze e queira sobreviver bem ao mercado, aplique em seu cotidiano. Dito isso, importante frisar que no Brasil, mais de 50% da população é composta por mulheres, ou seja, supostamente o mercado de trabalho deveria acompanhar essa porcentagem, mas os dados do IBGE apontam o contrário. As mulheres no mercado só estão percentualmente superiores aos homens em trabalhos informais, ou seja, com salários irrisórios e poucos ou nenhum direito trabalhista. Essa falta de inserção nos cargos superiores não é por falta de mão de obra, mas por algumas características sociais de nosso país que ainda são bem arcaicas. Uma delas é a não contratação de mães.

Se isso lhe espantou, imagine a mim e a tantas mulheres qualificadas que conheço e que no Brasil são relegadas a cargos menores, pois os filhos podem adoecer, têm tarefas em casa, ou seja, as mulheres e seu rendimento e produtividade no trabalho não será o mesmo que alguém sem filhos. Pergunto a você, essas mesmas pessoas que justificam a falta de espaço no mercado para as mulheres, também deixam de contratar homens pais? Ou é somente da mulher o papel de conduzir a educação e cuidados com as crianças? Além disso, será que essas mesmas pessoas nunca adoeceram? Não têm pais idosos que já precisaram de auxílio? Nunca precisaram faltar o trabalho para resolver questões pessoais? Vamos pensar?

O nosso país precisa de um comprometimento mínimo com as questões trabalhistas e com quem está dando continuidade às gerações, que por sinal, será a nova classe trabalhadora. Não há sentido, para mim, que tantos países apresentem formas inclusivas para as mães em suas empresas e o Brasil ainda esteja atrasado a ponto de ainda ter gente que não contrata mulheres que têm filhos porque a criança pode adoecer. Sugiro que procurem conhecer as leis trabalhistas de outros países considerados referência em qualidade de vida, a exemplo de Suíça, Noruega, Croácia etc. para que eliminem essa mentalidade cafonérrima e atrasada de que mulheres que têm filhos não podem ocupar cargos de lideranças ou desempenhar bem seus trabalhos.

O que tem que mudar é essa mentalidade atrasada de que uma mulher que escolhe ser mãe deve ser excluída da sociedade, como se antes disso ela não fosse uma mulher. Mais uma vez, o machismo vence quando acreditam que filhos é de responsabilidade exclusiva da mulher e quando acreditam que elas não conseguem desempenhar bem papeis profissionais. Estou aqui, mulher, companheira, mãe, jornalista, revisora, professora, assessora, militante, filha de uma mãe que sempre trabalhou muito e com muito profissionalismo e dedicação, para dizer que em pleno século XXI não contratar mães é, além de grande retrocesso, preconceituoso e coisa de gente extremamente atrasada no que se refere à evolução das formas de trabalho no mundo. Afinal, muita gente nasceu de uma mãe.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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