O CENTENÁRIO DE BARRETO FILHO

Família de José Barreto Filho reunida no dia do centenário
Uma Missa, celebrada pelo padre jesuíta Mário França Miranda, considerado um dos maiores teólogos do Brasil, na igreja da PUC do Rio de Janeiro, no dia 26 de janeiro, marcou o Centenário de Nascimento do poeta, romancista, crítico e professor sergipano José Barreto Filho, nascido em Aracaju a 27 de janeiro de 1908 e falecido no Rio de Janeiro a 17 de dezembro de 1983. Alguns professores, como Tarcísio Padilha, e ex-alunos deram ao evento uma conotação acadêmica, deixando com a família – a viúva D. Valquíria e 12 filhos – a festa íntima, no casarão da Rua da Matriz, no bairro de Botafogo, nos espaços amplos que costumavam sediar as conversas do professor com sua família e com seus amigos, fiéis e privilegiados interlocutores.

José Barreto Filho deixou uma imagem integral, de um intelectual dedicado ao trabalho da cátedra, do jornal, da revista, do livro, e de uma pessoa sensível diante das relações sociais e muito especialmente diante das múltiplas manifestações culturais. Seus filhos, de todos morreu um, Cecília, aquela que tinha uma identificação próxima, com os traços da cultura popular que o pai levou de Sergipe, e que era casada com o crítico Luiz Paulo Horta, neto do cientista Parreira Horta, trazido a Sergipe por Graccho Cardoso para implantar um instituto vacínico, tomaram caminhos na formação profissional, que bem destacam a influência do intelectual. O primogênito, Vicente Barreto, que orienta mestrado e doutorado em Filosofia e que é autor de vasta obra de interpretação do Brasil, puxa o cordão familiar de advogados – Maria Victória, José Carlos, Luiz Antonio, que é Procurador do município do Rio de Janeiro, Maria Amélia, Promotora de Justiça, casada com o Juiz de Direito gaúcho e advogado Sérgio Marques Peixoto, -, médico – João Maurício -, com  clínica ortopédica, jornalista – Francisco de Assis -, e de outras formações – Maria Inês, com Sérgio Costa e Silva, Maria Tereza, casada com o músico e produtor musical Osvaldo Cruz Vidal, bisneto do sanitarista Osvaldo Cruz,  Maria Luiza, casada na França com Felipe Delleur,  e a artista plástica Malena Barreto, autora do magistral Aquarelas e desenhos da flora brasileira (Rio de Janeiro: Imago Escritório de Arte, 2005), cada um com sua própria luz, sua visibilidade cultural. Aos filhos do casal se juntou, pela benemerência sensível, Jorge Luiz, inteiramente integrado à família. A segunda geração estava representada, dentre outros, por Kiko Horta (José Maurício Barreto Horta), filho de Cecília e de Luiz Paulo Horta, músico, integrante do Bloco carnavalesco Boitatá, casado com a atriz Tereza Seiblitz, continuadora do hábito da família, de no Natal organizar um Pastoril com crianças próximas, como fez, por muitos anos, sua sogra, mantendo uma tradição que o patriarca da família incentivava.

A família, toda reunida, mostrou-se à altura das lembranças, evocando nos diversos espaços da casa a presença do mestre aniversariante. O cordão dos amigos, tão grande quanto os familiares, genros, noras, netos, engrossava o coro das evocações, irradiando alegria que a festa comportava, mesmo quando a saudade espalhava pedaços de tristeza e de falta, pela ausência do homenageado. Na parede da sala um retrato, como referência, entronizado para guiar tantas presenças. Sergipe estava ali, pelo conjunto da família de José Barreto Filho, formada pela junção de dois troncos sergipanos – Barreto e Cardoso -, e pelo tom, e muitas vezes pelo sotaque, reverenciando uma memória ilustre. Outros sergipanos, portadores de sobrenomes veneráveis, como Magarão e Gomide, Lemos e Menezes, se juntavam aos demais amigos, integrantes da legião de admiradores do aniversariante. Dentre eles, Brício Cardoso Lemos, filho da professora Gúdula de Lourdes Cardoso de Lemos e de Pergentino César de Lemos, sergipano de Tobias Barreto, que do alto dos seus quase 84 anos pesquisa e escreve sobre a família que lhe deu berço. Outros amigos, como o editor José Mário, da TOPBOOK, responsável pelas novas edições dos livros de Manoel Bonfim, e que prepara lançamento do livro de José Barreto Filho sobre Machado de Assis, considerado um clássico da crítica literária brasileira, também estava lá, na festa que ganhou o dia e entrou pela noite, sob a batuta da admiração, da amizade, e do entrosamento social.

Certamente que outros eventos, internos da PUC, e de outras instituições brasileiras darão maior realce ao Centenário de José Barreto Filho. Sergipe não pode perder esse trem da sua história cultural e com certeza não perderá, não ficará ausente dos sentimentos justos diante de uma figura, das maiores, que teve berço e atuação na terra de Tobias Barreto.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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