O DESTINO DE TODOS NÓS

 

Existe uma lenda que fala de uma tribo onde o velho, quando não servia mais para nada, era levado pelo seu filho mais moço até um local distante da floresta, e ali era deixado entregue à própria sorte. A única certeza era o abandono e, conseqüentemente, a morte…

Numa dessas vezes, um filho apiedou-se do seu velho Pai e disse: – Pai vou lhe dar meu casaco, para que o senhor não sofra muito com o frio… O Pai pegou o casaco, refletiu um pouco e devolveu ao filho dizendo: – Filho, fique com ele, pois será muito útil a você quando seu caçula lhe trouxer pra cá…

 

Podemos até não acreditar, mas a velhice é o destino de todos nós. Contudo, parece que a maioria das pessoas não sabem ou fazem que não sabem disso. Pois é no mínimo incompreensível a maneira grosseira e injusta como tratam os mais idosos na nossa sociedade.

 

O seu sofrimento começa em casa, sobretudo, quando são rejeitados. Os filhos, e netos não o entendem. A solidão, apesar dos familiares, o desprezo, a saudade e, sobretudo, o sentimento de culpa por ter cometido a indelicadeza de ostentar cabelos brancos e face enrugada.

 

Mas ele já foi jovem, e recorda, com uma ponta de alegria, quando ainda ardia na alma a febre da mocidade, quantos sonhos acalantados, quantas lutas travadas… Foram dias bons e outros não, mas, naqueles tempos podia lutar. Agora não mais, está fraco, e contrito, apenas vendo fenecer a esperança ilusória do ontem, com o corpo cheio de dor e a alma cheia de enganos caminha, quase sempre, só.

 

A certeza que nutre é sempre a pior, pois contra ele existem além da idade, as doenças, os medicamentos que não pode comprar e, sobretudo aquele, que de tão imparcial nivela a todos: o TEMPO, senhor absoluto dos bons e dos maus. Ele sempre vai, não falha nunca, e anda rápido, carimbando a sua estrada com suas alpercatas investidas.

 

É lógico que existem as exceções, é verdade também, que às vezes são até muito bem tratados. Outros ainda tentam romper esta barreira invisível da solidão em grupo e se afoitam em tentar participar, para quase sempre receber em troca aquela resposta curta ou aquele sorriso forçado, que ele, ao perceber, devolve com outro sorriso de tristeza e amargura.

 

Diante disso, começa a enxergar a si mesmo, com os olhos críticos dos outros. De tudo e com tudo se preocupa, não em resolver, mas, em não interferir.

 

São tantos os nãos: não se meta, esse não é um assunto de velho; não lhe compete; não é para sua idade, que para não ser mais ridículo ainda se cala recolhe suas esperanças, seus orgulhos e até a sua dignidade para o silêncio mudo do eu sozinho, fecha-se resignado na tumba da inutilidade e morre mais cedo, porque lhe falta com quem dividir o amor…

 

Passamos pela mocidade alegre, enchendo com a nossa energia os salões das ilusões, contudo não devemos esquecer que o nosso caminho é só de ida e que breve, muito breve, chegaremos, pois somos viajantes sem mapa, porém, com apenas um destino certo.

Como é que você quer chegar lá? Qual é a sua capacidade de resignação? Pense se sua consciência não irá lhe recriminar pelo que você esta fazendo hoje. Como é que você quer ser tratado quando as flores caírem e iniciar a outra estação.  Ficar velho é uma realidade que devemos tratar com muito cuidado e, sobretudo, tratarmos muito bem quem já chegou lá.

 

A propósito, hoje quando você chegar a casa, atreva-se a dar um grande abraço no seu idoso, sinta-o perto do seu coração e diga, sinceramente, que o ama. Repita isso em todos os outros dias sua vidas, trate-os sempre com mais doçura e compreensão, dê-lhes, mais amor, mais atenção e verá que seu mundo ficará muito melhor.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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