Um dos melhores jornalistas de Brasília, acostumado com a cobertura do dia-a-dia da política no Congresso Nacional, vivia a me dizer: “quero ver quando o PT deixar a condição de estilingue e passar a ser vidraça. Será um pandemônio nesta Casa”. Dito e feito. O Partido dos Trabalhadores assumiu o comando da nação em 2003 e, de lá para cá, não tem conseguido no Congresso a unidade necessária para governar em paz. No período de João Paulo Cunha, como presidente da Câmara, e de José Sarney, na presidência do Senado, até que as coisas andaram relativamente bem. Mesmo com todos os percalços, o partido mantinha a maioria dos deputados sob controle e, apesar das dificuldades no Senado, conseguia aprovar seus projetos da forma que queria. Mas com o advento da era Severino Cavalcante, a história mudou por completo. E já há um clima de saudosismo no ar.
Nos últimos meses, nas hostes governistas, impera o fisiologismo. Falta uma articulação política consistente. Por outro lado, o partido que sempre fora estilingue, se ressente hoje dos golpes desferidos pela oposição. É bem verdade que muitos deles têm sido na altura do estômago. Mas em política é assim mesmo: golpes baixos são utilizados para quebrar a resistência do oponente. O PT era mestre nessa arte. Deveria, então, ter se preparado para a luta, assim que tomou as rédeas do poder.
Um fato, no entanto, chama a atenção. O governo que estremece a cada nova denúncia envolvendo algum de seus membros, conta ainda com a confiança da população em seu líder maior. O presidente Lula, por exemplo, é considerado um homem acima de qualquer suspeita. As crises, pelo menos por enquanto, não o têm atingido.
Na próxima terça-feira, teremos a mais nova pesquisa CNT/CENSUS realizada depois da turbulência, provocada por um partido aliado, o PTB. Sem dúvida, um importante teste para Lula. Será que a confiança do povo em nosso presidente continua inabalável?
Em Sergipe, a oposição bem que tenta. Mas a exemplo do que vem ocorrendo com a figura de Lula na esfera federal, o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda , não sentiu até agora os efeitos dos sucessivos cruzados de direita aplicados pelos adversários do PT lá fora. Um fato perfeitamente explicável já que a política brasileira continua sendo personalista. As pessoas votam em nomes, não em partidos. E Marcelo Déda tem feito uma administração irretocável.
Ademais, o escândalo dos Correios patrocinado pelo PTB de Roberto Jeffferson não se configurou como uma mala direta, mas sim como carta registrada com endereço certo.