O velho general Chinês, San Tsung, nos ensina que jamais um general pode perder o comando da tropa e ainda que sua conduta ética e moral deve estar acima de tudo e de todos. O PT, ao assumir o comando do país, fez exatamente o oposto. Perdeu o comando da “tropa”, o do próprio partido, e, foi além: jogou seu discurso na lama, dando aos adversários o que eles mais desejavam: o discurso da defesa da ética e da moral. Explico. Quando as forças conservadoras da Venezuela, uniram-se a setores das forças armadas e do governo dos Estados Unidos, para derrubar Hugo Chaves, não lograram êxito fundamentalmente por não terem o discurso da defesa da ética e da moral. Ou seja, Hugo Chaves, não estava sendo derrubado porque havia sido pego em atividades financeiras ilícitas.
Mas aqui no Brasil, acontece exatamente o contrário. O PT cavou seu próprio fosso. Começou contrariando seu discurso e sua história adotando medidas antipopulares, a exemplo da reforma da previdência, cuja exigência do FMI não havia sido cumprida pelo governo anterior. Aumentou a carga tributária e passou a aplicar uma política monetarista jamais vista no país, afetando sobre maneira a classe média, prestadores de serviços e pequenos empresários. Por fim, mantém a política econômica de forma mais conservadora que no governo anterior. Nunca, jamais, os banqueiros e especuladores acumularam tantos ganhos no Brasil.
O governo Lula e o PT, fez quase tudo que os conservadores e adversários desejavam. A ponto de certo dia um desses representantes do conservadorismo em Sergipe ter declarado a esta coluna. “Enquanto Lula e o PT estiverem beneficiando a nossa política, nos manteremos a seu lado”. Aliado a isso, permitiu o completo descontrole da legenda na Câmara dos Deputados, no episódio das eleições para a Mesa daquele Poder, e, por fim caiu, pelo que se vê, em quase todas as armadilhas montadas pelos lobistas da propaganda, do empresariado e da política brasileira. O PT, senão todos do partido, ao menos seus dirigentes mais ilustres, caíram no canto da cereia. Achavam eles, certamente, que “se os outros fizeram e não aconteceu nada, por que acontecerá conosco?”.
Fizeram exatamente quase tudo que não poderiam fazer e foram pegos pelo que há de mais impopular da vida pública. A “malversação” do dinheiro público, o alto favorecimento, compra de votos, troca de favores escusos e ainda deu atestado de honestidade a pessoas como o ainda deputado Roberto Jefferson (PTB). O presidente Lula chegou a dizer publicamente que lhe daria um “cheque em branco”. Que erro primário!!! Enfim, o PT perdeu o discurso da defesa da ética, da moral, da honestidade na vida pública e por conseqüência a confiança de grande parcela do povo brasileiro. O que lhe resta? O desespero, ao ver velhos adversários, muitos deles nada éticos e nada praticantes da moral, ocupando o espaço que lhe pertenceu.
Com isso, o PT e o presidente Lula, perderam também a força popular, a única que seria capaz de assegurar sua permanência no poder.
José Araújo é jornalista e colunista da Infonet