Nesses períodos de transição, as especulações dominam os comentários dos jornais e mexem com a cabeça dos leitores. A tentativa de chegar a uma conclusão primeiro, buscando montar elementos que alimentem o exercício da futurologia, é praticada por quase todos comentaristas do setor. A fonte principal é o boato. Na maioria das vezes, através de encontros em mesas de bares e restaurantes, no borbulhar de uma cervejinha ou no deguste de um bom vinho, nomes são citados como já estivessem para exercer um cargo a convite do governador eleito. Da mesa para o jornalista e dele para a população basta uma simples publicação. Aqui mesmo, nesta coluna, a especulação tem merecido constância, sempre baseada em boas referências, assim como acontece com outros colunistas, que entram no jogo de casar pedras para um bom quebra-cabeça. Neste momento, depois do encontro de Marcelo Déda com João Alves Filho, Plenário arrisca um palpite: o economista Nilson Lima pode ser o secretário das Finanças do próximo governo. Alguns indicativos levam a isso, inclusive pela missão que lhe fora atribuída, de cuidar do levantamento da vida econômica e financeira do estado, para oferecer um diagnóstico ao governador eleito Marcelo Déda, até a primeira quinzena de dezembro. Lógico, Nilson pode até ser levado para outra pasta, mas sem dúvida vai integrar o primeiro escalão nos próximos quatro anos. Ontem pela manhã, em conversa com o colunista, Marcelo Déda relatou a forma usada por ele para escolha do candidato: o perfil de quem deve ser secretário terá que se adaptar ao projeto de trabalho de governo, traçado por ele durante o período que faz a transição. O governador eleito vai ouvir aliados, perguntar sobre os nomes que eles têm e escutar sugestões: “não nego nada, mas vou refletir sobre as preferências e depois procuro o melhor que se adapte a esse projeto”. Segundo Déda, a escolha da equipe de governo “é um processo de reflexão e tranqüilidade. Só depois de analisar todas as sugestões é que faço o convite”. E esse anunciou não será tão rápido, porque antes há muita coisa a fazer. Ainda na conversa com o colunista, Déda procurou colocar um ponto final nos boatos: “quem disser que foi convidado para compor o secretariado ou qualquer outro cargo em segundo escalão, está mentindo”. Ontem pela manhã, Marcelo Déda teve um encontro com prefeitos e lideranças que o apoiaram nas eleições de primeiros de outubro. Pediu calma e tranqüilidade. Não há pressa. Afinal ele está integrando a coordenação de campanha do presidente Lula, neste segundo turno e hoje viajou a São Paulo para participar de uma festa dos nordestinos que habitam aquele estado. Aliviou o pessoal e mandou um recado: “não esqueço os meus aliados, mas vou governar para Sergipe”. Marcelo Déda foi objetivo e claro em relação à formação de sua equipe: “não autorizo ninguém a escolher secretários por mim. Essa é uma decisão do governador”. E a Segurança Pública? Essa terá tratamento especial e será uma das prioridades emergenciais do novo governo. Marcelo Déda já teve uma audiência com o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, para que desse sugestões sobre um setor que a sociedade mais precisa e reclama. O comando da Segurança Pública será técnica, profissional e sem vinculação política. Ela não será entregue a um político, mas a pessoas que tenham experiência na área e transmitam tranqüilidade à sociedade: “vamos levar a segurança muito a sério”, avisou. A equipe que prepara a transição já está montada. É liderada pelo economista Nilson Lima e formada por Lúcia Falcon, Oliveira Júnior e João Andrade. Analisa a situação do estado e cuida do orçamento para 2007, sem que haja interferências. Por enquanto fica assim, porque Déda só pretende anunciar o secretariado às vésperas da posse, todos dentro do critério de escolha que avalia perfil, capacidade e experiência. As especulações vão continuar, mas não passarão disso, pelo menos até final de dezembro. ENCONTRO O governador eleito Marcelo Déda (PT) anunciou que vai marcar um encontro com os 24 deputados eleitos para “me apresentar a eles”. O objetivo é relatar de que forma manterá o relacionamento com o poder legislativo. Vai aguardar o resultado do segundo turno para depois cuidar disso. ENTREVISTA Em entrevista concedida ontem à FM-Atalaia, ao radialista Jorge Magalhães, o governador eleito disse que poderia até convocar cinco deputados para o secretariado. Antes, Marcelo Déda garantiu que ainda não conversou com ninguém sobre a equipe de governo: “quem disse isso está mentindo”. ÓPERA Estava tocando uma ópera no gabinete de João Alves Filho (PFL), quando o governador eleito Marcelo Déda entrou para conversar com ele sobre a transição. “Também gosto de trabalhar ouvindo músicas”. João Alves respondeu: “os discos são meus, mas se você quiser deixo-os aqui”. Déda agradeceu… CALOURO Com relação à transição, o governador disse que “nesse processo de agora somos calouros, pois sempre passei o governo para um aliado”. “E você (referindo-se a Déda) está recebendo o governo de uma pessoa que disputou as eleições para o estado”. RAPIDEZ Durante o encontro a portas fechadas, Marcelo Déda sugeriu a João Alves que o processo de transição fosse o mais rápido possível: “se deixarmos para o final pode ficar tensa”. João Alves Filho sugeriu que acontecesse depois das eleições, “porque nós dois estamos envolvidos na campanha dos nossos candidatos”. Ficou tudo bem. REUNIÃO O deputado federal Heleno Silva (PL) e o deputado federal eleito Eduardo Amorim (PSC), ao lado do empresário José Amorim, tiveram uma reunião ontem, em Aracaju. Aprofundaram a conversa para sobre a fusão dos partidos e os três chegaram à conclusão que será muito bom para todos. SIGLA Quarta-feira o PL, PSC, PTdoB, Prona e PTC vão se reunir em Brasília. Do encontro devem ressuscitar o velho Partido Republicano. A junção de todos esses partidos, para formação da nova legenda, tem o objetivo de vencer a clausula de barreiras, imposta pela legislação eleitoral. APOIO No encontro que tiveram ontem ficou acertado que o novo partido dará apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele seja reeleito. Em Sergipe, na sua totalidade, dará apoio ao governador eleito Marcelo Déda, na Assembléia Legislativa. MAIORIA Caso a fusão desses partidos seja fechada na reunião de quarta-feira próxima, o tal Partido Republicano ficará com nove deputados estaduais. O que dará maioria superior a dois terços ao futuro governador, que contará com 19 parlamentares para colaborar com a sua administração. OPOSIÇÃO O governador João Alves Filho (PFL) vai continuar liderando a oposição em Sergipe, mas sem criar qualquer problema que impeça um trabalho que seja bom para o estado. Em janeiro, João Alves Filho vai dar os retoques finais em dois livros que está escrevendo e viaja para China e Japão ou escreverá um novo livro, para a Editora Record. HILDEGARDS O presidente do Tribunal de Contas, Hildegards Azevedo, disse ontem que não houve qualquer alteração em relação à sua aposentadoria compulsória. Ontem circulou informação que Hildegards deixaria o Tribunal de Contas neste final de semana: “não é verdade. Vou ficar até às vésperas de completar 71 anos”. MUDANÇA Na realidade o conselheiro Hildegards Azevedo só pode deixar o TC caso haja mudança na liminar que o manteve onde está até outubro do próximo ano. Quinta-feira à noite, segundo informação de uma fonte segura do Tribunal de Justiça, ninguém entrou com representação para derrubar a liminar. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) está pensando em 2010: quer ser candidato ao Senado Federal: “a gente só consegue se tentar”, disse. Machado sabe que vai enfrentar lideranças fortes que vão tentar as duas vagas no Senado, “mas estarei na disputa contra eles”. PROCURADOR Seis promotores de Justiça e quatro procuradores de Justiça estão disputando a lista tríplice a presidência da Procuradoria Geral do Estado. Pela primeira vês os promotores concorres, graças cautelar concedida pela ministra Laurita Vaz, do STJ, na quinta-feira à tarde. O período de inscrição terminou ao meio dia de hoje. ASSOCIAÇÃO A liminar foi concedida pela ministra em julgamento à ação impetrada pela Associação Sergipana do Ministério Público (ASMP), rejeitada pela Justiça em Sergipe. A liminar foi concedida até o julgamento do mérito e como a eleição acontecerá no próximo dia 30, os procuradores estão agindo para derrubá-la. Notas INDIOS Cerca de 120 índios de quatro etnias de Alagoas e Sergipe, que ocupam desde domingo a sede da Funai em Maceió, ameaçam interditar a BR-301, entre os municípios de Porto Real de Colégio, em Alagoas, e Propriá, em Sergipe, na divisa dos dois Estados, caso não sejam atendidos nas suas reivindicações. Eles exigem a liberação de cestas básicas, assistência à saúde, educação e a regularização das terras ocupadas pelas tribos Kariri/Xocó e Xuxurus/Kariri, de Alagoas, e Xocó/Kuará e Kaxangós, de Sergipe. REFIS A Câmara fará duas sessões deliberativas, segunda e terça-feira, para tentar votar o projeto de lei de conversão do Senado apresentado à MP 303/06, que permite novo parcelamento de dívidas perante a Receita Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Conhecida como Refis 3, essa medida provisória perderá sua vigência no próximo dia 27 se não for votada pela Câmara até essa data e, caso aprovada, entra em validade a partir da publicação no Diário Oficial. DOMICÍLIO Tramita na Câmara projeto de lei do deputado Carlos Mota (PSB-MG), que obriga os candidatos a possuir domicílio eleitoral há no mínimo quatro anos no local em que vão concorrer às eleições. A proposta amplia o prazo estabelecido pela Lei Eleitoral, que é de um ano antes do registro da candidatura. O projeto atual mantém como condição para concorrer às eleições o prazo de um ano antes do pleito para que os candidatos a qualquer mandato político tenham filiação deferida por algum partido político. É fogo O procurador geral do estado sai de uma lista tríplice apresentada ao governador do estado, que escolhe e nomeia um deles. O Ministério Público, entretanto, está tentando que o mais votado seja o escolhido pelo governador, para que seja feita a vontade da classe. O deputado federal eleito Albano Franco (PSDB) chega hoje a Aracaju, depois de passar alguns dias entre Brasília e São Paulo. No programa de Geraldo Alckmin já estão sendo utilizadas algumas idéias do governador João Alves Filho. O senador José Almeida Lima (PMDB) não pensa em mudar de legenda. Vai permanecer no partido, mantendo a sua posição política. Apesar do governador eleito Marcelo Déda desfazer os boatos sobre a formação de governo, as especulações continuam. Logo depois do carnaval, quando inicia o novo governo, nos municípios já têm início conversas sobre candidaturas a prefeito. É muito difícil o candidato tucano Geraldo Alckmin tirar a diferença de 20 pontos e ganhar as eleições. Mas nada é impossível. O empresário Laércio Oliveira (PSDB) não deixará a política. É possível que dispute uma Prefeitura do Interior. André Moura, Armando Batalha e César Mandarino chegam à Assembléia pela primeira vez já com a experiência no Executivo. brayner@infonet.com.br
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