O folclore eleitoral

Cartas do Apolônio

O folclore eleitoral

Apolônio tece loas aos candidatos e entra na pisada da campanha rumo às eleições.

Lisboa, 25 de agosto de 2006

Caros amigos de Sergipe:

Soube que a semana passada aí no Brasil foi toda dedicada ao folclore. E como não poderia deixar de ser, em Sergipe não foi diferente.

Cortejos, apresentações em praças e mesas redondas foram realizadas em vários cantos das folclóricas terras de Zé de Rôla.  Até os políticos em campanha resolveram prestar homenagens a grupos e figuras Da cultura popular.

O Adelson Alves, por exemplo, em homenagem ao vetusto grupo Treme Terra, já se auto-intitulou “Meu Guerreiro 27”. Déda, por sua vez,  prepara a sua Chegança ao poder dizendo que o João Alves está em fim de Reisado e que não tem mais pique para ser o mestre dos brincantes do poder.

Já o Negão, jura que se preciso for, paga até a uns Bacamarteiros para garantir a vitória. Para tanto, Fabiano já está providenciando o treinamento, digo, a apresentação do grupo. Aliás, soube também que com o fim dos showmícios o vice pefelista quase entra em Parafusos. Que Mussuca, meus amigos, que Mussuca!
O fato é que a semana foi movimentada e o tema da cultura popular, embalou diversas rodadas de Jonnie Black nas animadas mesas dos políticos da barbosópolis.  

Enquanto isso na campanha para presidente, Lula não só garantiu a não extinção do seu grupo – coisa rara em termos de folclore – como já mandou engomar o terno para a reeleição. Geraldo Walkman, digo Alkmin, ainda não se deu por vencido e fez uma trezena para São Gonçalo do Amarante, no intuito de chegar ao segundo turno. O didático Cristóvão Buarque, também conhecido como Zacarias, dá aulas de como aplicar melhor a verba da educação, enquanto a espevitada Heloisa Helena desce o sarrafo na “brutal e
avassaladora transferência de renda dos mais pobres para o capital especulativo”. Até decorei!  

Para me adaptar aos novos tempos do folclore político brasileiro, já estou revendo alguns documentários sobre grupos nordestinos e preparando Zenóbia, minha patroa sexagenária, para ser a Rainha do Congo no grupo de maracatu que pretendo montar ainda este ano.

Consta que o maracatu é uma homenagem dos antigos escravos aos reis do Congo. Consta também que os reis do Congo uniram-se aos colonizadores portugueses pra ganharem dinheiro capturando membros das tribos vizinhas e vendendo-os como escravos.

Do jeito que a coisa anda na política brazuca eu, folclórico portuga, descobri que tenho chances de me dar bem, sem que precise entrar para a Máfia das Sanguessugas. Minha salvação é o Maracatu!  

Até semana que vem.

Um abraço do

Apolônio Lisboa

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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