O caseiro Francenildo Santos Costa (o Nildo), que nas últimas semanas colocou o Planalto em crise, não comemorou a demissão do ministro Antônio Palloci, mas sentiu no peito esquerdo o pulsar de uma emoção de quem cumpriu o seu dever com o país. Para muitos, o Nildo não “ganhou nada com isso” e passou a ter inimigos poderosos. Sentiu na pele como os malandros de colarinho agem: ao arrepio da lei e certos da impunidade. O que dará isso daqui por diante? Ninguém sabe. Ficou bem claro que um poder corrupto não se sustenta quando o povo faz a sua parte. Ontem Francenildo se manifestou laconicamente sobre a saída do ministro. Responsável pela denúncia de que Palocci freqüentou várias vezes a mansão conhecida como “República de Ribeirão Preto”, no Lago Sul em Brasília, onde eram feitas negociatas com lobistas e festas com garotas de programa, Nildo disse que “ficou provado que o lado mais fraco não é o de um simples caseiro. É o da mentira”. Na realidade o médico Antônio Palloci não apresentou qualquer pedido de renuncia, mas fora afastado do Ministério, o que lhe pode deixar blindado pelo fórum privilegiado. Claro que o presidente Lula demorou muito a tomar uma providência, talvez porque tenha acreditado que o ministro conseguiria provar que o caseiro movimentava excesso de dinheiro em sua conta, e que a Polícia Federal estava de garras prontos para indiciá-lo por lavagem de dinheiro. R$ 25 mil apenas, mas o suficiente para mostrar que Palloci era vítima de uma ação da oposição. E o erro se deu aí. Não foi a entrevista do caseiro que derrubou o ministro: foi a truculência do poder ao quebrar o sigilo bancário de um cidadão simples que teve a “ousadia” de relatar a presença de Palloci em uma casa de festas e lobbys. O presidente foi afetado pela morosidade com que agiu, tentando preservar companheiros que estavam sob suspeita. Deve continuar assim porque vai proteger um cidadão que negou à CPI dos Bingos que esteve na casa, mesmo que um motorista e um corretor de imóveis também o tenham visto por lá. Antônio Palloci já avisou que não pediu a quebra de sigilo ao presidente da Caixa Econômica Federal e que também não determinou sua entrega à revista “Época”. O seu assessor de imprensa, jornalista Marcelo Netto, é que teve a iniciativa de divulgar o crime e deverá ser indiciado. Uma das características desse Governo é não saber. O presidente Lula pensa que convenceu o país de que não sabia do que acontecia sob as suas barbas, mesmo que fosse avisado do tal mensalão. Já o ex-ministro Antônio Palloci não nega ter visto o extrato da conta do caseiro, mas assegura que não determinou que a operação fosse feita. Vai ver que o seu pessoal agiu só para proteger o “chefe”, como era conhecido na casa, segundo relato do caseiro. Não é difícil sentir que uma ala do Partido dos Trabalhadores, vislumbrada com um poder que lhe parecia distante, empolgou-se com as facilidades, baseada na impunidade, na grife de seriedade e honestidade que o PT expôs enquanto não sentiu o gosto do manuseio fácil com o dinheiro público. Quando tomou gosto, se esparramou na lama. A imagem do governo em relação aos escândalos não melhorou um milímetro e, a cada caseiro que vai aparecendo, esse estilo complacente com o crime vem à tona e desmascara quem não tem um currículo de administrador e comando. O presidente Lula talvez tivesse em outra situação se não se esmerasse em proteger pessoas que estavam sob suspeita. Não custa lembrar que no caso da primeira denuncia de corrupção, que atingia o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), o presidente Lula não pensou duas vezes para desmentir e dizer que assinava um cheque em branco para o parlamentar hoje cassado. Se tivesse agido com rigor, buscando colaborar com as CPI`s, ao invés de procurar impedi-las, a oposição não teria esse discurso de hoje. Onde há fumaça há fogo e se já no caso de Valdomiro Diniz uma providência enérgica fosse tomada, o presidente estava no alto de todas as pesquisas e imbatível nas eleições de 2006. Faltou a Lula mais coragem, pulso e determinação para evitar o caos… JOÃO ALVES O governador João Alves Filho (PFL) disse ontem, durante rápida entrevista, que quem decide pelo PFL é ele e que fará as composições necessárias. Reconheceu que a senadora Maria do Carmo Alves (PFL) é contrária a uma composição com o PSDB, mas admitiu que esse é um ponto de vista dela. TELEFONEMAS O governador João Alves Filho passou parte da manhã dando telefonemas para auxiliares e políticos aliados, para evitar maiores problemas. O governador viajou ontem por volta das 18:30 horas e quando retornar vai iniciar os contatos políticos para valer, exatamente em busca de alianças. Já era tempo… ALBANO O ex-governador Albano Franco (PSDB) preferiu não fazer declarações, porque respeita a posição dos partidos. Mas gostou do que João Alves falou pela manhã… Apesar de evitar entrar na essência do problema, o ex-governador lembrou a frase de uma música do tempo da jovem guarda (anos 70): “eu só vou gostar, de quem gosta de mim”. MINISTRO? Em artigo, a cientista política Lúcia Hippolito diz que “em Sergipe, o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, vai deixar o cargo para disputar o governo do estado. Mas também pode se tornar ministro de Lula”. Isto porque, dos 35 ministros, uma meia dúzia deve sair para disputar eleição, ou para o Congresso ou para governos estaduais. LIMPEZA O prefeito Marcelo Déda acha que se trata de mera especulação da Hippolito quando ela fala na questão do ministério: “é natural que isso aconteça”, disse. Segundo Déda, ”já estou fazendo a limpeza das gavetas”. O prefeito deixa o cargo nesta sexta-feira, quando Edvaldo Nogueira (PCdoB) assume a Prefeitura de Aracaju. FESTA A desincompatibilização do prefeito Marcelo Déda será feita com uma festa que terá conotação do seu primeiro comício político. Os partidos aliados e o próprio PT estão mobilizando um grande número de pessoa para se despedir do prefeito e aplaudir o candidato. JORGE A coluna “Panorama Político”, de “O Globo”, diz que o deputado Jorge Alberto, Marcelo Castro (PI) e o presidente da Funasa, Paulo Lustosa, são cotados para assumir a Saúde. Segundo a coluna, há uma certa agitação no PMDB governista com a saída do ministro Saraiva Felipe do Ministério da Saúde. FEDERAL O superintendente da Polícia Federal em Sergipe, Rubens Paturi, que assumiu em dezembro, substituindo a Késio Pinto, já está de licença. Desincompatibilizou-se do cargo para disputar um mandato legislativo em Tocantins. Esteve apenas três meses em Aracaju. CUIDADO Se o leitor receber uma ligação a cobrar do número *21*0211581172839# dizendo que é da Telefônica e que seu aparelho está com linha cruzada, não obedeça às instruções. É uma ligação da organização criminosa Comando Vermelho, das penitenciárias do Rio de Janeiro. Se você acionar esse número, mais que um clone, seu telefone será uma extensão. AMEAÇAS A partir de sua ligação os bandidos ouvem tudo o que você fala e se for interessante para eles começam a lhe fazer ameaças. É bom que você passe essa informação adiante: familiares, amigos, principalmente aos idosos, empregados adolescentes, enfim, os mais vulneráveis a cair no “conto”. INFORMAÇÃO Toda essa informação foi passada por uma pessoa de Aracaju que recebeu o telefonema e entrou em contato com a Polícia. Por segurança o nome da pessoa fica em sigilo. Atenção: também não atender ligação do celular (11) 9965.0000. Todos que estão atendendo têm os seus números clonados. EDIMACY O Tribunal de Justiça negou por unanimidade o pedido de hábeas corpus impetrado pelo detento Edimacy, acusado de ser um dos executores do crime do agiota Motinha. A desembargadora Célia Pinheiro julgou-se impedida para julgamento e para o seu lugar foi convocado o desembargador Arthêmio Barreto. VIDIGAL O presidente do STJ, Edson Vidigal, recebeu com tranqüilidade a informação de que o senador José Almeida Lima (PMDB) vai representá-lo no Conselho Nacional de Justiça. Almeida diz que o ministro tem exercido atividade político-partidária ainda na condição de membro do judiciário. Notas TÍTULO O primeiro cruzamento de inscrições do Cadastro Nacional de Eleitores com registros de óbitos fornecidos pelo INSS resultou no cancelamento de 325.528 títulos de eleitores falecidos entre janeiro de 2004 e fevereiro de 2006. A partir de agora, o cruzamento dos dois bancos de dados será feito mensalmente. Em Sergipe foram cancelados 4.325. Os autos ficarão sobrestados em cartório até a data da realização do pleito para, caso apareça um dos nomes será notificado em cartório, a fim de esclarecer a situação em exame. VOTAÇÃO Depois da sétima absolvição, em plenário da Câmara Federal, de deputados acusados de envolvimento com o valerioduto, o Psol resolveu lançar a campanha Quero saber como meu representante vota. O ato de lançamento será na tarde desta terça feira, em frente à rampa do Congresso Nacional. CAIXA A Caixa Econômica Federal (CEF) não deve ser atingida, como um todo, pelos fatos que se iniciaram com a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A Caixa sempre cumpriu um papel social junto à sociedade brasileira, principalmente na política de financiamento da casa própria. A quebra do sigilo de Francenildo deixa cada um dos correntistas um pouco desconfiado com o pouco que têm em suas contas. A CEF terá que fazer uma campanha para readquirir a confianças dos clientes. É fogo O preço do álcool nos postos de combustíveis subiu menos na semana passada. O litro encareceu 0,4% no país. Nos sete dias anteriores, o aumento havia sido de 0,75%, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), divulgada ontem. A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) voltou a fazer críticas ao ex-governador Albano Franco (PSDB). O presidente Lula (PT) terá dificuldade em conseguir voto no Nordeste Setentrional porque não fez a transposição do rio São Francisco, como prometeu em campanha. Nos estados leitos do rio ele também terá a mesma dificuldade porque lutou o tempo todo para transpor o rio. O governador João Alves Filho teve uma vitória sobre isso. O pastor Virgínio Carvalho Neto fechou aliança com o PL de Heleno Silva. No pacote estão quase 13 mil irmãos. Os radialistas que querem disputar as eleições de outubro torcem para que o Senado derrube a emenda que obriga a turma a deixar o microfone três meses antes do pleito. O deputado federal Jackson Barreto (PTB) foi o único parlamentar sergipano a votar contra a emenda que tira os radialistas do ar três meses antes das eleições. Já o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) avisa que quando a proposta chegar no Senado ele contará contra. A presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Marilza Maynard, é a nova governadora do estado. A Coaf divulgou nota para afirmar que seus técnicos não têm vínculo político e não realizam devassas nas vidas das pessoas. A nota da Coaf tem o objetivo de tirar o dela de seringa no caso do caseiro Francenildo, que contradisse o ministro Antônio Palloci na questão da Casa do Lobby. brayner@infonet.com.br
O Psol também lançará, no Salão Verde, a Frente Parlamentar pelo Fim do Voto Secreto. A intenção do movimento é incluir na pauta da Casa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 349/01, que acaba com o voto secreto.
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