O ministro Paulo Renato e Sergipe

                                                                                                                                                                                                                                                                                 LUIZ ANTONIO BARRETO

Paulo Renato (Foto: Divulgação)

A morte do Ministro Paulo Renato surpreendeu o Brasil e provocou um grande sentimento de perda. A sociedade brasileira acompanhou e aplaudiu a ação daquela autoridade, sem dúvida a mais qualificada do Governo Fernando Henrique Cardoso.

Discreto, focado no trabalho, afeito ao diálogo, Paulo Renato realizou mudanças profundas na educação brasileira, com a criação dos fundos de sustentação do ensino, e dos Conselhos que legitimavam, a entrada em vigor da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o cumprimento do contrato com o Banco Mundial para construção, reformas e equipagem de milhares de escolas públicas, estaduais e municipais, a transferência de dinheiro direto para escola, a distribuição de antenas parabólicas, vídeos e televisores, a discussão sobre os parâmetros curriculares e, a não menos relevante campanha Toda Criança na Escola, para citar os pontos mais relevantes do Governo Federal. Homem de diálogo fácil, atento às demandas dos Estados, o Ministro avançou de forma objetiva e consistente, merecendo o aplauso reconhecido.

O Estado de Sergipe, pelo seu governador e pelo comando da Secretaria de Educação, mereceu do Ministro Paulo Renato muitas atenções, o que garantiu a execução de projetos de grande monta financeira. Ligado nas ações dos Estado, ele esteve algumas vezes em Sergipe, uma delas para testemunhar o lançamento do PQD – Programa de Qualificação Docente, que visava garantir aos professores de escolas públicas, estaduais e municipais, a formação superior, nas disciplinas da escola. O pioneirismo sergipano atraiu o apoio e a presença de Paulo Renato. O PQD foi, lamentavelmente, interrompido, frustrando os sergipanos e muito especialmente seu quadro de professores e de alunos. Restou, porém, trabalhos de conclusão  de curso, produzidos pelos professores.

O resultado principal das ações do Ministro Paulo Renato pode ser sintetizado no aumento dos recursos, geridos pelas próprias Secretarias de Estado. Houve, também melhoria na merenda escolar, mudando o modo antigo de comprar alimentos que não eram os mais adequados e desejados para os alunos de cada Estado. Demorou, mas a FAE e depois o FNDE ajustaram suas condutas, inspirados pelo conjunto das providências criadas pela equipe do Ministro. O efeito foi imediato na melhoria da qualidade dos alimentos, gerando taxas menores de evasão e de repetência, o que significa economia para os orçamentos públicos.

Até mesmo nas divergências, ele sabia esclarecer os fatos, evitando desgastes da sua capacidade de diálogo. Um exemplo ocorreu quando da realização do I Congresso Latino Americano de Escola Pública. Ele foi convidado,aceitou o convite e ficou de fixar uma data, de acordo com a sua agenda. Considerada essencial a sua presença n no evento, ele terminou sem comparecer, por conta de outros convites e compromissos. Não vindo, sua cadeira ficou vazia, significando que ele era, naquele momento, insubstituível. Comentários destorcidos chegaram a Brasília, mas a intriga e a contrariedade não prosperaram. Passado alguém tempo, já esclarecido do episódio, visitou mais uma vez Sergipe e mostrou-se, mais uma vez, interessado em manter o contato com o Governo e a Secretaria de Educação do Estado.

O mais eloqüente testemunho foi dado duas vezes. A primeira quando atendeu ao governador e ao então Secretário, para a nomeação do Reitor da Universidade Federal de Sergipe, cujos candidatos foram submetidos em lista. A lista era representativa da expressão de vontade da comunidade acadêmica, que participou democraticamente do processo, e era encabeçada pelo professor José Fernandes de Lima, que foi novamente escolhido e nomeado para um segundo mandato. No Ministério, o atendimento fidalgo, a visão sistêmica da educação, marcavam a relação do Ministro com reitores, secretários e outros responsáveis pela política educacional do País.

Por tudo o que marcou o bom diálogo e pelo muito que foi feito, o Ministro Paulo Renato merece ter seu nome colocado numa escola ou noutro prédio público, como sinal de justa gratidão a quem tanto fez pelo País e pelo Estado de Sergipe. De bem com vida, consciente da sua contribuição, Paulo Renato Souza foi surpreendido pela morte repentina e prematura, enlutando o País e e provocando manifestações públicas de respeito e admiração.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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