O MUNDO NÃO ACABOU

Decepcionante a atitude do ministro Marco Aurélio Mello, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ao voltar atrás na decisão de cobrar dos partidos obediência cega às regras da verticalização, ainda em vigor nas próximas eleições. Com esse recuo, após sofrer todo tipo de pressão da classe política, Marco Aurélio frustra a grande maioria dos brasileiros, cansada de assistir, impotente, às mais diversas formas de negociatas envolvendo partidos políticos em período eleitoral. Vê-se de tudo. Ou melhor: sente-se de tudo, principalmente, o cheiro fétido dos acordos celebrados na calada da noite.

 

O simples fato de recuar de uma decisão anterior não quer dizer muita coisa. Todo homem tem o direito de rever seus atos; corrigir seus erros. Mas nesse caso, não houve revisão de erros ou correção de interpretações equivocadas da lei ora existente. Houve, sim, fraqueza de espírito e muito lobby.

 

Em Sergipe, por exemplo, depois do “TSEsunami” a angústia de certos políticos estava explicita. Rostos sisudos, expressão de desespero nas faces. Parecia que o mundo tinha literalmente acabado na data exata – segundo a interpretação da profecia de Nostradamus que dava como certo o fim do mundo em 6.6.06.  Mas eis que o que era desespero transformou-se em êxtase. Voltou tudo a ser como era antes e as expressões de tristeza deram lugar às de alivio profundo entre os políticos sergipanos. Que ironia! Nostradamus errou e junto com ele, Marco Aurélio Mello. O dia da Besta, pelo visto, virou o dia dos bestas (nós, brasileiros).

 

O que esperar agora de uma eleição como a que teremos pela frente, quando assistimos o próprio TSE recuar diante das pressões dos partidos? Como não se indignar diante do mercado persa em que se transformará as eleições, daqui para frente, a partir de negociações republicanas e não republicanas, como diria Roberto Jefferson?

 

A bem da verdade, pouco importa. Com ou sem negociatas, caberá unicamente ao povo decidir na hora do voto, escolhendo aqueles que melhor o represente, contrariando, assim, a lógica perversa dessa decisão.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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