O Oscar e a Guerra

Andreza Maynard
Doutora em História
Pós-doutoranda em História pela UFRPE
Bolsista FAPITEC/CNPq em modalidade DCR
Membro do GET/UFS/CNPq

Trabalho apoiado pelo projeto "Quando a Guerra chegou ao Brasil: Ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia (1942-1945)", Edital Universal CNPq 2014.

A cerimônia do Oscar 2015 escolheu “Birdman” como o melhor filme. Mas a festa em si representa muito mais que a entrega de uma estatueta. O Oscar é a afirmação do poder das produtoras cinematográficas norte-americanas e todo o seu staff (atores, diretores, produtores) diante do mundo.

Hollywood nunca deixou de produzir e ostentar. A cerimônia do Oscar continuou a acontecer mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. De forma cada vez mais visível, os filmes premiados mantinham alguma relação com o conflito.

Inicialmente os Estados Unidos optaram por uma postura isolacionista, isso refletia até mesmo nos filmes. O Oscar de melhor filme em 1940 foi para “E o vento levou” (Selznick International Pictures, 1939). Apesar de tratar de um evento bélico, a Guerra civil norte-americana, o discurso era de que a guerra (qualquer que fosse) não valia a pena. Já em 1941, a 13ª edição do Oscar elegeu “Rebecca” (Selznick International Pictures, 1940) o melhor filme produzido em 1940. Esta película não fazia menção à Guerra, que até então ocorria longe do continente americano.

Com o ataque japonês a Pearl Harbor e a entrada dos Estados Unidos na Guerra, em dezembro de 1941, todos os esforços foram recrutados, inclusive as produtoras cinematográficas. A cerimônia do Oscar de 1942 ocorreu em 26 de fevereiro e ainda não refletiu explicitamente a mudança de direção do país. Neste ano “Como era verde meu vale” (FOX, 1941) desbancou “Cidadão Kane”. Em 1943 o Oscar de melhor filme foi para “Rosa de Esperança” (MGM, 1942). Esta produção relatava as dificuldades de uma família londrina após os bombardeios nazistas.

Hollywood dava mostras de apoio aos Aliados ingleses. Além disso, o desenho dos estúdios Disney “A face do Fuehrer” (Disney, 1942) venceu o Oscar de melhor curta de animação. No desenho o Pato Donald tinha um pesadelo, no qual vivia como súdito de Hitler.

Mas foi no Oscar de 1944 que o premiado “Casablanca” (Warner Bros, 1943) deixou claro que os filmes norte-americanos estavam abordando a Guerra e a participação dos Estados Unidos no conflito. Os atores Humphrey Bogart e Ingrid Bergman não ganharam estatuetas pelo filme, porém foram consagrados como um dos pares românticos mais lembrados na História do Cinema Mundial. “Casablanca” se tornou um clássico.

Os maiores estúdios cinematográficos estavam empenhados em ajudar os Estados Unidos. A Segunda Guerra Mundial se tornou o tema direto de muitos filmes. E outros, com temas diversos, estavam empenhados em dar suporte ao país. Até mesmo a continuidade da cerimônia do Oscar durante o conflito ajudava a manter a moral do país elevada. Toda a pompa da festa ajudava a mostrar ao mundo que os Estados Unidos não se sentiam atingidos pela Guerra.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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