Aprendemos a vencer. Não aprendemos o “potlach”- o poder de perder. Os livros ensinam o segredo de ganhar sempre. Mas fracassamos. Doamos o máximo para que o outro possa nos ver, mas estamos cegos – sempre – diante do inconsútil. O que é tempo, é nada. Somos aquele para quem preparamos o ringue – a hora do nocaute, da revelação. Amores quase sempre são riscos, parcelas do desmoronamento, segredos da carne, ostentação de poder e derrota.Achamos a inteligência útil e quando despertamos ela nos engoliu e vale menos que o vendedor de carnês do baú. Somos levados ao suplício todos os dias, comungamos pensamentos ultrapassados e damos visão a outros desconcertantes. Somos mesmo o coitado levado ao calabouço e não aprendemos com os monges a meditar sobre o nada. Cooptamos nossa própria sorte e vemos que ela não existe e se queremos ativar o bom gosto e a misericórdia quase sempre nos esfacelamos, diante das câmeras e da vida. O que era importante nunca foi na verdade, o que julgamos essencial é apenas o prazer em comprar pão na pâtisserie da esquina. Não há palavra certa, gesto, combinações binárias, zodíaco, cartas, incensos, nem cabalas, búzios, vento na cara, voltas em torno de si mesmo que não vão descobrir a mais nem o excesso nem a falta. Curiosamente nos deparamos com o sinal fechado a cada manhã. Há um comercial que diz que o melhor presente para a sua criança é Xuxa com a participação de Sasha. É glorioso! Wittgenstein, Camus, Proust, Allen Guinsberg – para quê? Somos sempre aquele que ouve e chora. Não há como não morrer por tantas coisas. Distraidamente acordamos – para quê?
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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