O PODER É DO POVO

No último domingo, um milhão de eleitores sergipanos foram às urnas e, democraticamente, validaram seus votos nos dois principais concorrentes ao Governo do Estado: Marcelo Déda (PT) e João Alves Filho (PFL). Sergipe praticamente se dividiu entre vermelhos e verdes. E o resultado, imprevisível a olho nu, já que as cores se misturavam em todas as regiões do estado, foi uma prova dessa divisão de forças. Resultado do embate: Déda obteve 524 mil votos, João 450 mil, e os demais candidatos juntos 25 mil votos. Ou seja, o candidato petista sagrou-se vitorioso com 5% dos votos válidos acima dos seus oponentes.

 

O resultado desta eleição confirma assim o que previmos na última sexta-feira, aqui mesmo nesta coluna. Os sergipanos não dariam – nem deram – um cheque em branco ao vitorioso. O futuro governador de Sergipe, Marcelo Déda, a partir de janeiro de 2007, vai governar um povo com opiniões divididas. As urnas foram claras. Prova disso foi o desempenho pífio em seu principal reduto eleitoral, Aracaju, onde se reelegera prefeito em 2004, quase que por unanimidade, com mais de 140 mil votos de vantagem sobre o segundo colocado (72% dos votos válidos). E, neste pleito, depois de cinco anos administrando a capital, obteve apenas 37 mil votos a mais que João Alves (em Aracaju), quando todo mundo esperava pelo menos 100 mil votos de diferença. Algo a se pensar com muito carinho, depois que a poeira baixar, para tentar não incorrer no governo em erros praticados ao longo de sua gestão de prefeito. Aliás, um pouco de humildade não faz mal a ninguém.

 

Mas vitória é vitória. Mesmo que fosse por um voto apenas nada apagaria o brilhantismo de sua campanha. Afinal, o que importa mesmo é vencer. Que Marcelo Déda consiga deixar de lado a arrogância característica do poder e possa ser o governador de todos os sergipanos, sem distinção.

 

Por sua vez, o candidato João Alves Filho aprendeu uma dura lição com a derrota para o governo, apesar de ter conseguido um resultado eleitoral satisfatório no que diz respeito às demais vagas disputadas: conseguiu reeleger, no sufoco, a senadora Maria do Carmo Alves, fez a maioria dos deputados na Assembléia Legislativa e conta com uma bancada federal expressiva na Câmara.  Mas a lição da derrota imposta pelo povo do interior também deve ser analisada com muito carinho e humildade.

 

Enfim, os sergipanos deram o recado nas urnas ao escolher Marcelo Déda, mas também deixaram claro com o resultado de domingo que não estão dando carta branca a ninguém para dirigir os seus destinos.

 

Os políticos precisam entender que o poder é do povo.

 

 

 


O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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