“No Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do Soberano é o professor, pois segundo os japoneses, numa terra em que não há professores não poderá haver Imperadores”.
Na segunda feira, dia 27, próximo passado, foi anunciado um aumento do piso salarial dos professores de 22,2%. A remuneração que era de R$ 1.187,00 passou, a partir de então, para R$ 1.451,00. Temos absoluta certeza de que, assim como antes, quando uma grande parcela dos mestres não recebia aquele valor, de igual forma, agora, após este reajuste, também não receberá.
Igualmente, sabemos que os governadores e prefeitos terão dificuldades para cumprir mais esta determinação. Porém, no que pese ter sido um bom reajuste, devemos concordar que ainda é muito pouco o que é pago a um professor no Brasil. A realidade é que esses abnegados profissionais da educação são muito mal remunerados. Ganham extremamente pouco pelo muito que fazem em prol do engrandecimento das pessoas e da nação.
Segundo a Unesco, em pesquisa feita há alguns anos, entre os trinta e oito países desenvolvidos ou em desenvolvimento do mundo, o Brasil é o terceiro que pior remunera a quem se dedica e se arrisca abraçar esta tão nobre profissão. Ou seja, entre todos os países estudados, o nosso ocupa a trigésima sexta posição. Perdendo somente para o Peru e a Indonésia.
De fato, o pequeno salário pago ao professor nas nossas escolas desestimula a quem tem inclinação para ensinar, perdendo para outras atividades, aquele jovem que, mesmo vocacionado para o magistério, desiste de seguir essa carreira e vai à busca de outra mais rentável.
Não é uma incoerência? O elemento responsável pela transmissão do conhecimento, o formador e construtor de carreiras, profissões e até personalidades, seja tão mal reconhecido?
A importância do professor que, infelizmente, não é reconhecida, representa tanto na formação das pessoas e das sociedades, que ouso afirmar, com uma boa margem de segurança, que somente através de uma boa educação haverá remédio para a cura das mazelas sociais que tanto nos atormentam. A educação é a única saída e ela só será boa e de qualidade se os que a produzem forem pessoas que estejam seguras, satisfeitas e valorizadas.
O professor representa, na preparação do cidadão, o mesmo que o andaime na construção de na construção de um edifício tem o seu início logo que a obra de alvenaria atinge um metro e meio de altura, posto não ser possível, o homem, por mais alto que seja colocar tijolo sobre tijolo com a altura que tem. Por isso, inicia-se, a partir daí, a formação deste importante e indispensável suporte que servirá de escada, sempre ascendente, para, através dele, subirem todos os materiais e profissionais necessários ao prosseguimento e conclusão daquela obra. Construído, normalmente, de madeira ou ferro, ao final da edificação, é retirado para que somente a beleza da arquitetura resplandeça.
Assim também, acontece com a formação de uma pessoa, ainda no início da vida, chega um determinado momento que se impõe aos pais a necessidade de constituírem agentes, ou seja, levar seu filho a uma escola (construir andaimes) para a continuidade da maior edificação na vida de uma pessoa: a formação, educacional, profissional e cultural.
Em algumas ocasiões os andaimes são peças permanentes que, após o uso, no final da empreitada, passam por uma bela manutenção: limpeza, conserto e pintura para que sejam reutilizados noutras construções. Em outras, no entanto, viram sucata, materiais inservíveis e têm com destino o lixo.
Até nesta triste sina, os professores se assemelham às peças de madeiras dos andaimes da construção civil, que sujas, perfuradas, cortadas, serradas, quebras e borradas, ao final da obra são sumariamente esquecidos e cumprem a dolorosa transição: de peças utilíssimas durante a formação de inúmeras pessoas à insignificância de sucata social. Não têm valor nenhum. Que pena! Aliás, até mesmo durante a construção, lastimavelmente ele pouco vale, somente R$ 1.451,00?
A educação é, sem sombra de dúvidas, a única saída honrosa para o desenvolvimento de qualquer nação civilizada. O que implica dizer que o professor, como operador desta educação é peça fundamental que deve ser mais bem distinguido, valorizado e respeitado. E, não é com uma remuneração tão pequena, apenas R$ 1451,00, que teremos uma educação de qualidade.
Uma população com professores bem remunerados, estimulados e comprometidos, sem dúvidas, terá melhores índices sociais e econômicos. A educação levada a sério alavanca o desenvolvimento de um povo, instrui melhor as pessoas para que tenham também melhores empregos, maiores salários e, consequentemente, um maior poder de compra. Pessoas com mais educação de qualidade tendem a cuidar melhor da saúde, a cometer menos crimes, a se preocuparem com as gerações futuras, a começar pela preservação do meio ambiente. Tenho absoluta certeza, que efetivamente, é isso o que todos nós queremos para o nosso país. Valorizemos, pois a nossa educação remunerando e dando mais condições de trabalho aos nossos queridos e abnegados mestres.