PROJETO DE VIDA E O PODER DAS NOSSAS ESCOLHAS(*)
“Uma vida fácil nada nos ensina. No fim é o aprendizado que mais importa: como aprendemos e como nos desenvolveremos. Traçamos nossas vidas pelo poder das nossas escolhas”.
Richard Bach
Durante quatro anos tive a oportunidade inesquecível de compartilhar os meus conhecimentos sobre Criatividade com jovens alunos do curso de Administração da Faculdade São Luis de França, em Aracaju, SE. Foi uma oportunidade inesquecível porque fiz grandes amigos e, durante o decorrer das atividades percebia como, pouco a pouco, aqueles que se permitiram resgatar o pensamento criativo se desenvolviam. Eu nunca acreditei que fazia “mágicas”, nem muito menos que era responsável por essas transformações, mas, percebia como, naturalmente, os jovens ficavam mais desafiadores, passavam a acreditar mais neles mesmos e buscavam ansiosos por novos desafios. E, todo ano, como a última atividade do período praticamente lhes obrigava a elaborar um projeto de vida. Nesse momento, constatava que uma coisa – aparentemente – tão simples se apresentava com uma grande dificuldade para a maioria deles. E, o motivo era mais simples ainda. Pela educação que recebemos, é muito difícil para a maioria de nós imaginarmos o futuro; uma vez que passamos grande parte da nossa vida reproduzindo conhecimentos ou olhando para o passado. Lembro como os alunos se sentiam quando lhes dava a tarefa e como ficavam quando entregavam o trabalho.
Esse sentimento acompanhei e acompanho ainda hoje, quando pessoas que passaram por algum projeto da FBC e receberam essa tarefa e, finalmente, a vêm concluída. E, devemos considerar que um projeto de vida, não é estático, como muitos pensam e acreditam; ele precisa de tempos em tempos ser revisitado, realinhado ou modificado. Tal qual e exatamente como acontece nas empresas.
A maioria de nós é influenciada, quando pensamos no futuro, pelos nossos pais que acreditam que, os seus filhos devem seguir os seus passos e nos seus modelos mentais de pensar.
Todavia, vale considerar que estamos em um novo tempo no qual muito jovens ficaram bilionários com a venda ou implementação das suas ideias fantásticas e brilhantes; tais como: Windows, Apple, Google e Facebook que são alguns poucos exemplos de ideias milionárias, avassaladoras e que transformaram o mundo em vários sentidos e campos.
Mas, uma coisa é certa; cada um de nós precisa saber qual o seu objetivo de vida, qual a sua missão pessoal e visão.
Jobs, quando lançou o “ipod” o apresentou como: “um equipamento que toca no coração e afirmou que tudo o que fazemos só terá sentido se tocar o nosso coração. E, ele está certíssimo; vencemos bem e muito melhor quando fazemos aquilo que nos “toca” o coração.
Há alguns anos atrás, eu estava no VIII Fórum Internacional de Criatividade e Inovação, em Aracaju quando uma senhora muito distinta me perguntou: “Fernando, acabei de assistir a palestra do Prof. Luiz Alberto Machado, da FAAP/SP, como faço para falar com ele? Estou muito emocionada com o que ele compartilhou sobre o filho dele conosco. Vivo uma experiência semelhante, tenho três filhos, um médico, um engenheiro e o terceiro teima em ser músico e o meu marido não aceita. ” Daí, eu respondi: “É muito fácil, o Prof. Machado é uma pessoa muito acessível é só a senhora abordá-lo e dizer que quer falar como ele. Mas, se tiver alguma dificuldade, pode me procurar que eu terei prazer em lhe apresentar a ele. “Ela me agradeceu e não nos encontramos mais durante o FICI.
Voltei a encontrá-la no X FICI, no então Hotel Parque dos Coqueiros. Evidentemente eu não a reconheci; depois de alguns anos; todavia, ela muito risonha e feliz me abordou: “Fernando, lembra de mim?” Eu olhei para ela, meio sem graça. Confesso que não a reconheci, pois ela estava com um turbante na cabeça, mas, nem tive tempo de responder. Ela disse: “Na última vez que nos encontramos falei dos meus filhos!!!” Daí, rapidamente, eu lembrei e disse: “Ahh! Sim, claro!!”. Um deles quer ser músico, não é?” Ela me respondeu: “Sim, isso mesmo. Você nem imagina o que aconteceu. Quando voltei para Salvador mostrei o site do fórum e contei a experiência do Prof. Machado com o filho dele que também queria ser músico e ele e a esposa apoiavam.” Percebi que ela estava muito emocionada e perguntei: “Então a senhora convenceu ao seu marido a apoiar seu filho mais jovem?” Ela com um largo sorriso de vitória, disse: “Isto mesmo, temos alguns recursos e meu marido financiou a banda do meu filho. Mas, não só financiou, mas como colocou um funcionário da empresa por um ano para acompanhar, supervisionar e fazer a contabilidade do projeto. Um sucesso!!” Eu disse maravilhoso e perguntei “Então ele está feliz?” E ela me respondeu: “Todos estamos felizes e o meu filho músico já comprou o apartamento dele. Mas, sempre agradeço a Deus a oportunidade de estar aqui e ouvir o depoimento do prof. Luiz Machado.”
E por que estou compartilhando essa experiência? Para dizer que não precisa estudar? Para dizer que ser músico é o que dá dinheiro? Para dizer que o FICI faz milagres? Não, nada disto!!
Estou dizendo apenas que, mais do que um projeto para o futuro, às vezes com os horizontes desejados ou apontados pelos nossos próprios pais ou amigos, precisamos saber, na verdade, quais são os nossos talentos, o que toca o nosso coração e, o que gostaríamos de fazer que amamos tantos que até pagaríamos para fazê-lo.
Só quando o nosso objetivo de vida passa pelo nosso coração é que encontramos a nossa missão de vida.
(*) Fernando Viana
Diretor Presidente da Fundação Brasil Criativo