O que não contam sobre Títulos Públicos
É bastante comum ver na internet e até de analistas profissionais afirmarem que os títulos públicos são ativos simples e que não há algum risco neste investimento, alguns chamam até de “poupança 2.0”. Entretanto, os títulos de Tesouro são cheios de especificidades, podendo até ter o capital investido afetado em casos de más orientações.
Apesar de serem renda fixa, os títulos públicos apresentam variações ao longo do tempo, o que faz sua valorização não ser linear, podendo em alguns momentos até a ter rentabilidade negativa. Ao investir em um titulo do Tesouro se contrata uma taxa como por exemplo 10% a.a, entretanto esta rentabilidade é recebida apenas no final da aplicação, no intervalo de tempo entre a compra e o vencimento o preço do titulo será atualizado pelas condições oferecidas pelo mercado, o que pode ser maior ou menor que 10% a.a.
No vencimento o investimento entregará a rentabilidade prometida, antes disto, o investidor terá uma flutuação no preço do ativo, o que será uma rentabilidade diferente da contratada, podendo ter ágio ou deságio na operação. O ágio acontece quando o mercado oferece um preço maior para o titulo do que seu valor de face; o deságio, se o mercado estiver pagando abaixo do valor de face do papel. Em caso de venda antecipada, o investidor poderá ganhar bem acima ou abaixo do contratado, ou até chegar a uma rentabilidade negativa, perda de capital.
A marcação a mercado estará correlacionada negativamente com a expectativa sobre a taxa de juros. Se o mercado passar a acreditar que os juros irão subir, os títulos se desvalorizam, se os juros caírem, os títulos passam a se valorizar, desta forma, os juros praticados influenciam diretamente nos preços dos títulos. A lógica é bastante simples: se os títulos emitidos pelo governo tiverem taxas menos atrativas que a aplicação, há uma valorização do papel, o raciocínio é o mesmo para situação inversa. Exemplo: Tesouro Pré: taxa contratada = 10% a.a, taxa do mercado primário 9% a.a, o título se valoriza, havendo um ágio. Se, taxa contratada = 9% a.a e a taxa oferecida no mercado primário é 10% a.a o título se desvaloriza, implicando no deságio.
Com exceção do título LTN, conhecido popularmente por Tesouro SELIC, os demais ativos estão sujeitos a marcação a mercado. Por ser totalmente pós-fixados, os títulos indexados a SELIC sofrem poucas influências no mercado secundário, o que os torna mais atrativo para liquidez imediata. Os títulos pré-prefixados (LTN) e inflação (NTN-B) estão mais vulneráveis as flutuações do mercado, possuindo a relação inversa com a taxa de juros.
Os títulos públicos são boas opções de investimentos, mas é preciso ter um certo cuidado. É possível ganhar bastante especulando, fazendo venda antecipada, como foi o caso de 2016 quando alguns chegaram a render 40% ao ano na marcação a mercado. Mas também pode ocorrer perda do valor investido se houver algum deságio, mesmo sendo renda fixa, há fortes oscilações diariamente. A atratividade dos títulos públicos depende da conjuntura econômica e de mercado.