Na última terça-feira, fizemos uma análise do grande “confronto” que houve na sede da OAB, em Brasília, entre o ministro da Integração – ou entregação – Nacional, Ciro Gomes, e o destemido governador do pequenino Sergipe, João Alves Filho. Elogiamos as atuações de ambos diante das câmeras, enquanto defensores de teses bem elaboradas, mas tomamos o cuidado de esclarecer ao nosso leitor que tudo aquilo não passava de encenação entre dois fecundos amigos, visando às eleições do ano que vem. (João apoiou Ciro para presidente, lembra?).
Tanto Ciro Gomes quanto João Alves Filho aproveitaram a preocupação em torno do tema transposição do rio São Francisco para, é claro, capitalizar eleitoralmente em suas respectivas regiões: Ceará e Sergipe. Dito e feito. No Ceará, a mídia enalteceu a firmeza e a capacidade de argumentação de seu ilustre conterrâneo; em Sergipe, não se falou de outra coisa. Nunca vi, desculpe-me o termo, tanto puxa-saco a enaltecer a performance de Dr. João como nos dias que se seguiram ao debate. Algo assim parecido com a reação dos fanáticos torcedores do Flamengo após uma vitória do rubro-negro. Acho até que melhor do que o desempenho de João Alves no debate tem sido a reação dos torcedores. Mas os CC’s estão aí pra isso, não é mesmo?
Eis que agora chega o grande dia. O ápice do puxa-saquismo. Depois de participar de uma feira no exterior, finalmente hoje, sexta-feira, dia 06 de maio, o governador de Sergipe aterrissa no Aeroporto Santa Maria para o delírio de todos. Já estão previstas, inclusive, caravanas para recepcioná-lo. Será, enfim, uma comovente “surpresa” para Dr. João, que nem de longe sonha com tamanho apoio moral de seus conterrâneos.
O que não se sabe até o momento é por quem torce São Pedro. A previsão da meteorologia prevê chuva para esta sexta-feira na capital. E isso pode colocar por água abaixo os planos dos organizadores da festa que, além dos ônibus alugados, vão ter agora que correr atrás de centenas de guarda-chuvas.
Para que não restem dúvidas quanto ao mise un scene protagonizado na sede da OAB, na segunda-feira, vale lembrar que todos aqueles que participaram do debate em Brasília já tinham conhecimento prévio de que o edital para as obras de transposição sairá ainda este mês. Faça sol… ou faça chuva. Mas o que seria da política sem o circo?