O sapato desconfortável

As aventuras de um consumidor no Brasil

 

O sapato desconfortável

 

A história de hoje conta a aventura de Consuminho ao tentar trocar o sapato, vez que o modelo adquirido fazia muito calo.

 

Consuminho conseguiu passar no vestibular para direito e estava feliz da vida. A sua alegria aumentou quando conseguiu estagiar no Tribunal de Justiça. Para coroar esse momento especial resolveu ir ao primeiro dia de estágio com um sapato novo. Imaginava que o sapato novo fosse lhe dar sorte e sucesso na carreira.

 

No shopping visitou várias lojas, até que encontrou um sapato o qual lhe chamou a atenção. O vendedor lhe deu ótimas referências sobre o produto e Consuminho, muito feliz, terminou comprando o sapato.

 

No primeiro dia de estágio, estacionou o seu carro em uma rua que ficava a uma quadra do Tribunal de Justiça, onde teria que se apresentar. Desceu do carro e inaugurou o seu sapato que lhe daria a sonhada sorte e sucesso no estágio e na carreira.

 

Durante o pequeno percurso sentiu o sapato um pouco desconfortável, mas não estranhou o fato, afinal de contas era um sapato novo e como todo sapato novo, um pouco de desconforto era perfeitamente normal, imaginava.

 

Apresentou-se à coordenação de estágio e de lá andou mais uma quadra até o fórum onde finalmente iniciou o seu estágio. Ao deslocar-se em direção ao fórum, sentiu o desconforto aumentar, mas como estava muito feliz, deu pouca importância.

 

À noite ao chegar em casa, teve uma surpresa não muito grata. Ao tirar o sapato, percebeu que o mesmo havia feito um calo tão profundo no seu calcanhar que chegou a arrancar um pouco de pele, o que lhe impediu de usar sapato por pelo menos uma semana.

 

Após o calo já cicatrizado, voltou a fazer uso do sapato e novamente sentiu o desconforto de ter arrancado pelo sapato uma parte da pele do seu calcanhar e resolveu ir até à loja reclamar ao vendedor.

  

Na loja o vendedor disse que aquele modelo era de uma marca bem conceituada além de ser um dos melhores do mercado. Quanto ao calo, falou que era assim mesmo. Disse que o sapato de couro passa por um período de adaptação e que isso permanece no máximo até os quatro primeiros meses de uso. Após esse período, Consuminho finalmente iria perceber o conforto do seu sapato. Assim, meio sem jeito e encabulado, Consuminho aceitou as explicações do vendedor e foi para casa, embora não se conformasse com a situação.

 

 Na volta para casa, Consuminho decidiu que não iria mais usar o sapato, pois não estava disposto a andar mancando pela rua até que o sapato finalmente se ‘adaptasse’ ao seu pé.

 

 Alguns dias depois, ao ver uma reportagem na televisão sobre direito do consumidor, resolveu comprar um Código de Defesa do Consumidor e descobriu que as explicações do vendedor não estavam de acordo com a lei. Descobriu ainda, que o consumidor não é obrigado a submeter-se a esse tal período de adaptação do couro e assim dirigiu-se até a loja e mostrando o Código que havia comprado, exigiu a imediata troca do sapato.

 

O vendedor passou o caso para o gerente que disse que iria ver o que fazia, mas Consuminho, mais uma vez se referindo ao Código de Defesa do Consumidor, exigiu a imediata troca do produto, pois não havia comprado o sapato para guardar e sim para fazer uso no seu dia-a-dia e, de acordo com o Código, a troca teria que ser feita imediatamente.

 

Diante da recusa do gerente, Consuminho enviou uma carta à loja solicitando a troca do produto e como não obteve resposta, reclamou no Procon. Como a loja não compareceu à audiência no Procon, registrou uma reclamação nos Juizados Especiais Cíveis. Na audiência de conciliação, como Consuminho não confiava mais na loja e na marca do sapato, exigiu, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a restituição do valor pago, o que foi feito pela loja, pondo ‘fim’ ao dilema.

 

Agora Consuminho não compra mais naquela loja, muito menos sapato daquela marca.

 

Faça como Consuminho. Se o seu produto apresentar problema, consulte o Código de Defesa do Consumidor. Persistindo a dúvida, consulte um órgão de defesa do consumidor. Caso tenha algum direito, não abra mão dele. Exigir o cumprimento da lei é a melhor forma de fazer o seu direito ser respeitado.

 

 

 

 

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