O tom de alguns segmentos políticos mudou depois da queda da verticalização, quarta-feira passada, na Câmara Federal. Evidente que as lideranças partidárias falam com certa precaução, porque ainda há liminar no Supremo reclamando a anualidade para a emenda ser posta em prática. Ontem, entretanto, o ministro do STF, Nelson Jobim, não atendeu ao pedido do deputado federal Miro Teixeira (PDT) e pediu informações ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB), sobre a PEC, cuja votação em segundo turno acontecerá na quarta-feira. Isso impede que Jobim julgue a liminar individualmente, porque até lá termina o recesso forense e o plenário é quem vai decidir. Além disso, Jobim acha que se trata de uma atribuição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que dará uma resposta ao PSL sobre a questão da verticalização. Se for favorável à queda – como tudo indica que será – não há mais condição de discussão. Assim, podem ficar tranqüilos aqueles que ainda temem que a liberação das coligações nacionais só aconteça em 2010, porque se fechou o cerco em torno do que fora votado na Câmara. A verticalização foi adotada nas eleições de 2002 por meio de uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, segundo alguns observadores, fora imposta para favorecer ao então candidato a presidente pelo PSDB, José Serra. Lógico que o fim da verticalização é correto, porque esse dispositivo lembrava muito a excrescência do voto vinculado utilizado durante a ditadura militar. A verticalização também provocou absurdos como a coligação entre o PT e o PL para eleger o presidente e o vice-presidente: “dois programas absolutamente distintos foram juntados numa coligação e ninguém reclamou que isso seria uma bagunça partidária”, como analisou o cientista político Alberto Rollo. Lógico que em Sergipe o fim da verticalização deixou muita gente vibrando aliviada. Os deputados federais João Fontes (PDT) e Jorge Alberto (PMDB) demonstraram maior contentamento do que quando foram eleitos para a Câmara Federal em 2002. Acabar com a obrigatoriedade das coligações obedecendo aos acordos nacionais, oferece maiores chances dos partidos buscarem nos estados o que for melhor para os seus filiados que disputam mandatos. Primeiro porque podem exigir alguma coisa para se aliar. Segundo: estão livres para trabalhar dentro de uma estrutura que seja melhor para a legenda. O deputado federal Heleno Silva, que comanda o Partido Liberal em Sergipe, disse ontem que “não estou cem por cento com ninguém, porque pode haver uma conjectura diferente a partir dessa nova situação. Se isso acontecer – disse Heleno – os liberais podem procurar outra opção, porque não abrem mão da chapa majoritária”. Isso é um exemplo de que nenhum partido político, que tenha representatividade eleitoral, entrar em uma composição apenas para segurar na escada em que nomes de outros legendas ascendam ao poder. Com a queda da verticalização os partidos se valorizaram nos estados. Aliás, tiraram as amarras que os prendiam a um acordo feito a nível nacional, em que não levava em consideração os problemas regionais. Alguns partidos, de posições definidas, como o PP, que já fechou compromissos com João Alves Filho, ou o PSB que tem compromissos com o prefeito Marcelo Déda. Entretanto, quem ainda está em busca de uma boa composição para ter algum representante no Assembléia, Câmara ou Senado não medirá conseqüências para coligar-se com quaisquer siglas, mesmo que depois enfrente problemas de coexistência ideológica e programática. Evidente que a queda da verticalização provoca aquilo que o deputado federal João Fontes chama de “Sarapatel de Coruja”, já que coloca em um mesmo caldeirão pessoas que pensam, agem e têm caráter diferentes. Além disso, fortalece o fim da fidelidade partidária, em que as legendas não têm o menor sentido quando se trata de salvar a própria pele. ENTUSIASMO A senadora Heloisa Helena (Psol) deixou Aracaju, onde passou o Pré-Caju, entusiasmada com a receptividade que teve da população. Heloisa está prometendo retornar a Sergipe até março, para percorrer todo o estado e conversar com a gente sofrida do interior. MUITO BEM O deputado federal João Fontes (PDT) disse ontem que está “muito, mas muito bem”. Acha que a queda da verticalização facilitou “a história a nível nacional”. João não tem dúvida que vai marcar bem a próxima eleição porque o PDT terá a “Chapa da Rebeldia”, implantando um estilo novo de fazer política. CONVERSA João Fontes diz que conversou muito com o deputado Jorge Alberto (PMDB), com Ivan Paixão (PPS) e até com Marcelo Déda (PT) e Edvaldo Nogueira (PCdoB). Disse ontem que o seu partido será vigilante na próxima eleição e denunciar excessos na produção de campanha de qualquer candidato. DEFINIÇÃO Um articulador político disse que a queda da verticalização animou muitos políticos e tirou algumas candidaturas da UTI. Citou como exemplo o deputado federal Jorge Alberto (PMDB), que não tinha chances de eleger-se dentro das regras anteriores. MARCOS Cada vez mais forte a notícia de que o deputado Marcos Franco (PMDB) não tentará a reeleição. Um vereador ligado ao parlamentar teria sido avisado disso por ele. Marco vai cuidar das empresas e apoiar o filho do prefeito de Laranjeiras para deputado estadual. Estaria pensando em disputar a Prefeitura daquela cidade. CONVERSAS Jorge Alberto já teve conversa com o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), e pode integrar o seu bloco nas próximas eleições. Na avaliação desse articulador, para conquistar o PMDB, a oposição pode aceitar até o nome de Jorge como candidato a vice de Marcelo Déda. TURBULÊNCIA O deputado federal Bosco Costa (PSDB) sugere aos membros do Congresso que procurem refletir nesse momento de turbulência pelo qual passa o Brasil. “Todos nós parlamentares temos que fazer uma reforma em nosso estilo, porque o povo está cobrando dignidade, um país mais justo e um Congresso mais acreditado”, disse. RESISTÊNCIA Dentro do Partido dos Trabalhadores, o líder de uma tendência disse que José Eduardo Dutra e Edvaldo Nogueira não têm respaldo das bases para falar em composições. Insistiu que o prefeito Marcelo Déda deve conversar com todas as tendências para que o PT em Sergipe não faça alianças com “Deus e o diabo”. UNIVERSAL A Igreja Universal (IURD) mantém uma chácara no povoado Areia Branca, cujo fundo fecha uma pequena rua e tem um portão onde entram carros. Quinta-feira um jipe Cherokee da IURD entrou na chácara para mais um encontro social, onde se disputa uma “pelada” acirrada entre bispos e outros membros. DENUNCIA Um morador do local denunciou que os seguranças que protegiam um dos ocupantes da Cherokee (falou em um parlamentar) agem com muita violência. Um deles jogou uma bicicleta pelos ares porque estava bloqueando a passagem do veículo e outros invadem, armados, as residências, para apanhar bolas que caem nos quintais. HELENO O deputado federal Heleno Silva confirmou ontem que a Igreja mantém a chácara em Areia Branca e que, às quintas-feiras, o pessoal joga futebol. Admitiu que há seguranças. Heleno não freqüenta a chácara há muito tempo e chegou de Brasília na noite de quinta-feira. O deputado vai apurar se eles expõem armas e usam da violência com vizinhos. QUEDA O governador João Alves Filho ficou satisfeito com a queda da verticalização, ocorrida através de PEC aprovada pela Câmara. Acha que o fim da verticalização possibilita que os partidos façam algumas articulações políticas, independente do quadro nacional. SOBRE VICE Segundo João Alves Filho não existe nenhum nome confirmado para ser seu companheiro de chapa na disputa pela reeleição. Na realidade especula-se muito em torno do vice-governador e alguns nomes surgem em razão da necessidade de alianças futuras. Notas VERTICALIZAÇÃO O futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, disse ontem que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai discutir na segunda semana de fevereiro se é constitucional a emenda aprovada anteontem pela Câmara que acaba com a verticalização nas coligações eleitorais. A verticalização colocou os partidos numa camisa-de-força. É uma ingenuidade bárbara dizer que é moralizadora da política e intrepretará que as alianças devem ser traçadas no âmbito dos estado. (fonte O Globo). ENTUSIASMO O PDT está entusiasmado com a possibilidade de fazer uma aliança com o Psol, para lançar a candidatura da senadora Heloisa Helena à Presidência da República. Considera que ela é a única novidade dentre os demais candidatos, porque terá o chamado voto da indignação, da mudança e em favor da ética. Semana passada, em Brasília, o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, reuniu-se com o deputado João Fontes e com os senadores Jefferson Perez e Heloisa Helena. A idéia é lançar Perez como vice da senadora. SUKITA O prefeito de Capela, Manoel Messias Sukita, está trabalhando com tranqüilidade em sua cidade, mesmo enfrentando uma oposição radical que deseja alterar o que fora determinado pela Justiça. Admite que há excessos e o inconformismo natural de quem perdeu o poder, que tinha em mãos há anos. Sukita admite que a oposição está no direito de espernear, como continua fazendo, mas também deveria fazer com a responsabilidade de não atingir os trabalhos que vêm sendo realizado para a população. É fogo O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT) retorna de sua viagem pelo litoral nordestino amanhã e inicia imediatamente contatos políticos. Os recursos destinados ao programa água para todos dariam para construir duas pontes Aracaju/Barra dos Coqueiros. A vereadora Tânia Soares (PCdoB) tem trabalhado muito em sua campanha para disputar uma vaga na Assembléia Legislativa. O Partido Verde, junto com o PSL e PTN estão querendo formar uma coligação absolutamente independente. Vão se aliar para eleger representantes. O Banese se estende em Aracaju. Ontem pela manhã foi inaugurada mais uma agência em Canhoba. O Partido dos Trabalhadores realiza a primeira plenária do ano para discutir a participação da militância no Orçamento Participativo. O secretário de Participação Popular, Rômulo Rodrigues, vai detalhar todo o planejamento elaborado para o Orçamento Participativo de 2006. O BNDES vai anunciar, no dia 14 de fevereiro, um pacote de redução de juros de várias linhas de financiamento. A prefeita de Itabaiana, Maria Mendonça (PSDB), pagou a ex-funcionários da Prefeitura e evitou que o problema terminasse em pendenga jurídica. É certo que essa será a ultima reeleição que prefeitos, governadores e presidente vão disputar. A reeleição será derrubada já no próximo ano. As instituições financeiras foram proibidas de usar títulos de emissão própria em emissões compromissadas com clausula de recompra. O governador João Alves Filho (PFL) deve anunciar as mudanças que fará no governo a partir da primeira semana de fevereiro. brayner@infonet.com.br
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários