Selo do Estado de Sergipe |
Evidentemente que a tradução do vocábulo, supostamente indígena, não esclarece tudo. Não é possível aplicar-se a mesma etmologia para a palavra que deu nome à ilha da baía da Guanabara, ao rio baiano, e ao nosso rio. A pluralidade do velho nome desmente o esforço dos especialistas em toponímia, deixando a questão em aberto, para as especulações como a de Moysés Jacubovicz, erudito versado na Eubiose, autor de um ensaio intitulado Pernambuco, Imortal, datado de 1980, interpretando, com o auxílio da heráudica, armas, selos, brasões, bandeiras, com sua simbologia.
Para Moysés Jacubovicz, judeu que exercia a profissão de ourives no Rio de Janeiro, defensor do V Império, localizando-o no norte do Brasil, o topônimo Sergipe é corruptela de Sririg, composto de Sri + Rig. Para ele Sri vem do sânscrito e significa Senhor e Rig, cujo g, segundo o estudioso espanhol Mario Roso de Luna, sou como f, significa Ocidente. Para os simpatizantes da Eubiose, que acreditam que o V Império será estabelecido no norte do Brasil, Sergipe ( Sririg) quer dizer Senhor da Terra.
Justiniano de Melo e Silva (1853-1940), nascido em Laranjeiras, primo de Fausto Cardoso, autor do intrigante livro Nova Luz sobre o Passado (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1906) assina como A. Sergipe, que quer dizer Amado Sergipe. Invertendo-se o A, temos V Sergipe, o que refleteria, segundo Jacubovicz, a Realidade, a Idade de Ouro, como está nos brasão de Sergipe holandês, do século XVII, e no Selo republicano do Estado, que é de 1892. O livro de Justiniano de Melo e Silva, editado com patrocínio de Fausto Cardoso, que defendeu a publicação na tribuna da Câmara Federal, promete, como escreveu seu autor num opúsculo publicado em Aracaju, em 1905, a queda dos mistérios históricos, estudando a humanidade primitiva, os povos pelásgicos, restituição histórica pela interpretação científica dos mitos, legendas, monumentos, línguas, textos, usos e tradições, e o Egito. Nos demais volumes o autor prometia continuar desvendando a história humana. Brasão de Sergipe holandês, com as 3 luvas de ferro
Justiniano de Melo e Silva, bacharel do Recife, professor de Inglês do Ateneu, doutor em Córdova, na Argentina, viveu muitos anos no Paraná, onde foi Secretário da Província, Diretor da Instrução Pública, jornalista, político, poeta simbolista, e deixou família numerosa, ainda hoje importante, da qual se destaca seu bisneto, Roberto Requião de Melo e Silva, governador, pela segunda vez, do Estado do Paraná. No seu livro, ele dá a Sergipe, pelas suas coordenadas geográficas, a condição de fonte da revelação do conhecimento esclarecedor, sobre o destino da humanidade. Sergipe, por isto, seria uma das portas do Inferno, este considerado não como o oposto do céu, o lugar dos pecadores, mas como uma área da terra, destinada a reescrever o destino humano. Justiniano de Melo e Silva acreditava, de tal modo, nesse destino de Sergipe, que elaborou um Discurso para ser lido perante os chefes de nações do mundo, pelo seu conteúdo cultural e científico. O texto, que permanece inédito, sob a guarda dos familiares, como permanece inédito o 2º volume da sua obra maior, resume a conotação messiânica que está presente no ensaio de Moysés Jacubovicz, apontando Sergipe como o limite do Governo Temporal,com o homem representado, em seu estágio evolucional, como uma estrela de cinco pontas, como sendo portador do quinto princípio, ou seja, a aquisição do Mental Abstrato, que é tônica do V Império, o El – Dorado.
Nos seus estudos, tanto Jacubovicz, tratando do V Império, quanto Luduvico Shcwennhagen, este o autor da Antiga História do Brasil (Terezina: Imprensa Oficial, 1928), que defende a presença fenícia no Brasil, se valem da obra de Justiniano de Melo e Silva, não sendo únicos na apreciação e aproveitamento. Diversos autores recorreram ao A. Sergipe, cujo livro completa 100 anos de editado.