A Marcha da Insensatez.

Sirvo-me de um título: “A Marcha Da Insensatez”, de Barbara Tuchman (1912-1987); para enveredar por uma versão diferente da vigente do amplo pensamento dominante na nossa grande imprensa, daqui e de fora.

 

Tenho de Barbara Tuchman, dois livros notáveis, ambos quase na mesma temática: O primeiro, “A Marcha da Insensatez”, e o outro: “Canhões de Agosto”, ambos tratando do que se seguiu aos delírios da 1ª Grande Guerra, encerrando a vigência das grandes águias imperiais, enveredando por uma infinidade de textos, tentando explicar e entender o que acontecera com a velha Europa de belle époque, justo quando Paris era uma festa, para Ernest Hemingway, que se divertia em Pamplona desafiando toros e seus chifres afiados, ou perquirindo os dobres dos sinos, nas ermidas distantes sempre soando a partida de alguém, inutilmente, ou aos milhares também, como mera estatística e sem fim.

E outros textos no mesmo dobre de finados, como “Les Aigles Fodroyés”,  de Frédérick Mitterand, dissertando o entorno das derrubadas das grandes águias imperiais, em seus conflitos parentais e familiares: os Romanov Russos, os Habsburgos Austro-húngaros, e os Hohenzollern Prussianos, em prévias de 1914, antes do assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo, todos parentes de sangue próximo, descendentes da Augusta Soberana, Rainha Vitória, então “Pérfida Albion”, não restando, ela também, tão poderosa como dantes, nem a própria Europa, que restou menor, mais dividida, e até mais fratricida, numa outra guerra que viria, no bojo de regimes autoritários surgidos, com suas ditaduras, à esquerda e à direita, não de todo eliminadas.

Neste amplo sofrimento inconsequente acontecido, vale referir o narrado por Stefan Zweig, tentando fugir de tudo, gritando inutilmente em texto inédito: “Somente os vivos criam o mundo”.

Muitos porém, iriam morrer, destruindo aquele velho mundo.

Tudo começando numa fuga iniciada por Zweig em Viena, em Berlim, justo em 1918, quando se esperava a calmaria vinda após a tempestade, e que terminaria por fim para ele em Petrópolis, no Brasil, no doce “País do futuro”, em goles de cianeto: “A opinião pública provoca necessariamente oposições e inibições temporárias. Mas a convicção conhece apenas um inimigo (um inimigo eterno): o oportunismo”.

Oportunismo denunciado então, com as nascentes democracias que sucederiam os impérios derrubados, mas que oscilavam na perigosa confusão de duas noções disparas, postas em igualdade: opinião e convicção.

É nesse debate que oscila perigosamente o Brasil: confunde-se opinião com convicção.

Há uma ampla convicção de que o Ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro é o pior inimigo da nação, a quem é preciso calar, prender, torná-lo inelegível, caçar-lhe todos os direitos enquanto cidadão, se possível fuzilá-lo ou enforcá-lo,  esquartejá-lo e eviscerá-lo, como o fizeram a Tiradentes, salgando a terra por onde pisou, e para não restar exemplo, nem estátua!

Dito assim sem raiva ou riso, não veem que as ruas seguem o Capitão idolatrando-o, aumentando cada vez mais a desunião desse país, que abomina esta luta inglória onde a maioria, ou quase tanto quanto se a vê, está compelida ao marginal escaninho, crescendo em revolta, com tantos sofrendo como “perigosos golpistas”, nesse “oito de janeiro”, a merecer só o perdão e o esquecimento.

Porque ao se confundir opinião com convicção, estamos vivendo agora uma impensável condenação externa, vinda dos Estados Unidos da América, sendo o Brasil tratado como intolerante, contra a democracia, e sendo taxado economicamente, agora todos pagando pelos erros de alguns, do judiciário sobremodo, violando todas as regras para punir o Jair Messias, Capitão, por cima de tudo e contra toda argumentação em contrário…

E agora, vinda dos Estados Unidos, quase uma bomba, assestada na cabeça de nós todos, descabeçados, ora bolas!, ate quando?

Nunca tanta intolerância grassou em terra pátria a provocar amplo estado de exceção.

E Ninguém fala, nem vê o caos se ensaiando em Marcha de Insensatez continuada…

Parece que o Brasil enlouqueceu com esse julgamento que só faz dividir a nação…

É como se prevalecesse aquele velho adagio latino: “Quem Iuppiter vult perdere, dementat prius”, Aquele a quem Jupiter quer destruir, ele o enlouquece primeiro.

Se as águias restaram fulminadas a partir de um gesto tresloucado de um radical Gavrilo Princip, o estudante sérvio-bósnio, que matou o Arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo, justo num carro aberto e indefeso, em pleno desfile público e festivo, numa Marcha de Insensatez continuada, no Brasil, terra adorada, nunca vi tanto desvario neste julgamento no além, do Supremo Tribunal, sem recurso a requerer, desafiando toda lógica, e posando pior por discricionário, comparável aos Mãos Negras Sérvios, e seus sequazes, para quem tudo valia, eliminar o intimorato e aguerrido capitão.

Do Gavrilo Princip, e por sua juventude, foi até poupado no julgamento a uma pena capital. Deram-lhe vinte anos de detenção – “Era tão criança, coitado!”

Tal fato enfureceu os austríacos, que lançaram um ataque preventivo à Servia começando a Primeira Guerra Mundial, algo semelhante quem o sabe, aos decreto de Trump, punindo o empresariado nacional, afinal quando a esperteza aceita confundir opinião com convicção, o oportunismo grassa e até os bombardeios são lançados, hoje via sibilina, por drone, nas cabeças luzidias por melhor alvo.

Estaremos em prévia Marcha de Insensatez, ou as coisas acontecem sem periculum in mora?

Quando o erro começa, não basta ter opinião sem convicção.

Stefan Sweig que tudo viu e contemplou, lamentou a euforia de tantos tambores e clarins sendo exaltados para uma nova guerra sem fim se anunciando.

O inimigo é sempre o outro, aquele que queremos debaixo do nosso escabelo.

Hoje o nosso grande campeão é Alexandre, o todo poderoso que está desafiando ventos e cavando tempestades sem fim.

Quem quiser que o admire! Por enquanto, vejo-o mais envilecido que herói!

Meus heróis nunca morreram drogados. Se jazessem assim, não teriam sido meus heróis!

Por agora, vem uma sobretaxa de 50% apenas. Descabeçados todos nós a pagaremos.

Nunca vivíamos tão felizes!

Questão de opinião apenas

Quanto à Marcha da Insensatez, esta continua…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais