Quem pesquisa por buraco na internet encontra de tudo.
Segundo o dicionárioinformal.com.br a palavra negro tem vasta sinonímia: furo, cratera, cu, abertura, rasgo, aberta, boca, brecha, cavidade, cissura, começo, comissura, entrada, fenda, fenestra, greta, inauguração, início, instalação, janela, porta, postigo, princípio, rasgão, biboca, barroca, batuca, casebre, cova, fundão, grota, rancho, dano, ferimento, fresta, golpe, oportunidade, prejuízo, rombo, cava, cisterna, fosso, lura, soturna, vala, cavado, aberto, côncavo, encovado, extraído, fundo, obtido, tirado, caverna, depressão, encaixe, fossa, lapa, orifício, poço, concavidade, furna, profundidade, seio, algar, antro, cabouco, cacimba, escavação, recôncavo, sepulcro, sepultura, socavão, tumba, tunda, decepção, desapontamento, desencanto, desengano, desilusão, lata, logro, miragem, taboca, dificuldade, apuro, arrocho, assado, busílis, cipoal, complicação, contrariedade, custo, dúvida, embaraço, embondo, empeno, encravo, enrascada, entalação, escolho, estorvo, imbeleco, imbondo, impedimento, mas, nó, óbice, objeção, obstáculo, osso, quê, rascada, rebordosa, reparo, objeção, tropeço, acanhamento, apertura, atalho, atrapalhação, atravanco, carga, cerimónia, confusão, constrangimento, contratempo, durida, embargo, embrulhada, empacho, empecilho, encrenca, enleio, entaladela, entrave, irresolução, labirinto, peia, pejo, perplexidade, perturbação, resistência, timidez, trambolho, corte, falha, fissura, frincha, racha, rima, sulco, sarjeta, valado, valo, notícia, olho, ventana, fatura, oficina, poro, respiradouro, trabalho, perigo, aventura, risco, abatatado, achatado, bronco, cego, desfalque, despontado, embotado, estúpido, furo, abertura, obtuso, rombudo, roubo, rude, toca, covil, loca, palhoça, alvado, fossado, hiato, lacuna, vão, vácuo, lapso, vazio, cavouco, perfuração, ruptura, rotura,muito termos que nunca vi assim aplicado, nem sabia que existissem.
Quanto ao buraco em si, para mim e para muitos, o furo é mais embaixo, porque eu nunca soube que este combinasse com logro, enrascada e até miragem.
Muito menos que buraco negro fosse algo inerente a um pensar racista, condenável mesmo, afinal o buraco pode ser tumba, sepultura, ser escuro, se for fundo, muito profundo, ensejar uma queda de impossível resgate, a provocar uma contusão sempre sofrida e temida, mas ensejar verve racista, nunca pensei.
E buraco-negro é inerente à astronomia, terrível atração gravitacional a ensaiar uma sugação tamanha que dali nada escapa nem a luz que nele incide.
Quanto ao negro, sua sinonímia é bem mais traumática, insinuando um menosprezo, ofendendo mais das vezes, pois no mesmo dicionário consultado o negro vem como sinônimo de atro, aziago, funesto, infausto, lúgubre, medonho, tenebroso, tétrico, cauginoso, crioulo, aborígine, autóctone, nativo, preto, denegrido, afumaçado, horrível, abismal, atroz, disforme, espantoso, horrendo, horroroso, infando, infernal, metuendo, monstruoso, pavoroso, sinistro, temeroso, terrificante, terrível, tetro, tremendo, formidável, hediondo, horripilante, lôbrego, torvo, arriscado confiscado, difícil, grave, diabólico, escuro, maquiavélico, obscuro, sombrio, trevoso, agro, trágico, agourento, triste, amaldiçoado, negrejante, farrusco, macabro, farrusquento, malvado, réprobo, cruel, mísero, nefasto, maldito, lutuoso, soturno, nefário, fúnebre, feral, azarento, depravado, aquerôntico, aqueronteu, perverso, ruim, cego, bruno, maligno, nefando, caliginoso, astroso, atravessado, cimério, arruá e muitas coisas mais.
Do buraco-negro, longe de qualquer racismo, diz-se de fenômeno inerente a observação dos astros em seus movimentos sempre previsíveis à luz da atração gravitacional regida pela célebre lei de Isaac Newton: “A matéria atrai a matéria mediante uma força central, diretamente proporcional às massas envolvidas, e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa”.
Dizer que tal força é central, é afirmar que sua direção contém os centros das massas envolvidas e seus sentidos impõem uma atração recíproca, essa mesma atração que nos mantem na vertical ao longo da curvatura da Terra, caindo do mesmo jeito no chão duro, quando em tropeço.
Nesse contexto, a Lua é um corpo em “queda” para Terra, destinada a um abraço final definitivo, como nós igualmente, enquanto planetas, somos corpos em “queda” para o Sol, que nos “puxa” continuamente, nos aquece, ilumina e nos alimenta de energia e fotossíntese para sempre.
E se possuímos nessa “queda” uma trajetória curvilínea, deve-se à composição de outros movimentos a serem vistos em translação, revolução e até precessão, coisas bonitas e complexas, que o Criador traçou em regras e leis imutáveis, e o homem as tem desvendado nas suas observações rotineiras contemplando o universo desde as noites primevas do tempo, enquanto primata pensante.
Nas noites infindáveis do tempo, o homem e a mulher, sem a qual não soma, nem divide, desde que dominaram o fogo vêm perquirindo o universo.
Houve tempo em que o humano em sendo a criatura mais perfeita concebida, entendeu-se como imagem e semelhança ao Criador, e assim foi fácil imaginar a Terra, como o Centro do Universo, e por consequência uma cosmologia geocêntrica foi desenvolvida, cujo pensador mais destacado foi o grego Claudio Ptolomeu (100-170), que viveu em Alexandria, publicando o Almagesto, reunindo vasto estudo estelar e os postulados do nascente estudo geocêntrico do nosso sistema solar.
Durante muito tempo prevaleceu o pensamento geocêntrico, afinal ele era sobremodo útil e ainda hoje o é, quando desejamos viajar e nos orientar no nosso dia a dia cartográfico.
Hoje todos sabemos que a Terra não é o Centro do Universo, nem também o Sol, muito menos a Via Láctea, onde somos apenas um minúsculo ponto perdido embora tenhamos todos os sonhos que nos permitam nos alongar, bem além da nossa finitude.
Nesse contexto a perquirir, os buracos-negros surgiram porque os astrônomos perceberam que algumas estrelas cujas massas demonstravam superioridade bem maior que a do Sol, movimentavam-se em torno de um ponto, evidenciando sob a ótica da força gravitacional, existir neste ponto uma descomunal massa gravitacional, a gerar uma atração tão grande que nem a luz, nele incidente, dele sairia por um mínimo reflexo que fosse assim imaginado.
A analogia veio do fato de que o espectro da luz visível passeia entre o vermelho e o violeta, abrangendo as setes cores do arco-íris, e ao incidir sobre os corpos manifesta-lhes as cores por absorção e/ou reflexo dessas radiações específicas.
Um objeto, por exemplo, é vermelho porque absorve todas as cores do espectro visível e só reflete o vermelho. O mesmo para um corpo azul, amarelo, laranja etc.
Agora mesmo o Fluminense do Rio de Janeiro vingou-se vitorioso na Taça Libertadores das Américas, e levas de torcedores exibem a camisa verde-branco-vinho iluminada pela mesma luz que contêm as outras cores e que são seletivamente absorvidas.
No caso específico do negro, enquanto ausência de luz, uma camisa preta como a do meu Botafogo, por exemplo, excluída a estrela solitária que vinha a poucos radiante e agora já está esmaecendo, tudo na camisa, exceto a estrela branca, absorve a luz e transparece só o negro.
Um corpo-negro, longe de ser algo inerente ao desapreço e ao racismo, deveria só e somente, absorver toda e qualquer luz incidente.
Como não há corpo-negro perfeito, o buraco-negro, “sugaria” tudo que dele se aproximasse, encurvando mesmo as ondas gravitacionais na sua vizinhança, como se ali acontecesse um sumidouro, ou uma singularidade matemática, onde falharia tudo, não só a suavidade das funções, como até a própria continuidade, havendo campo para ilações várias como, por exemplo, abertura para outro universo, coisa de matéria e antimatéria, permitindo imaginar cosmogonias outras de criação e recriação por contração e expansão sucessivas do próprio universo em big bangs sucessivas, etc.
Nada que seja o buraco-negro algo a reprovar e denegrir.
Só isso.