Alguns temas incômodos.

Primeiro tema: Manemolência

As palavras me chegaram, a título de reflexão dos tempos atuais: malevolência, maledicência e a até manemolência.

Malevolência não é maledicência. Também não é manemolência, palavra que eu ouvia bastante, sobretudo nos meus tempos de criança, quando os adultos cobram dos jovens, querendo-lhes uma eficiência, que nunca exibiram.

Manemolência é moleza de preguiça, essa coisa que vem da indiferença, da falta de vontade de interferir na ambiência, algo extremo por cansaço, a gerar abstenção por abstinência, jejum mesmo a mim imposto agora, querendo buscar dentro de mim uma inspiração melhor, encontrar algo a dizer que mereça um pouco de atenção, porque o meio ambiente restou sedento, em excedente aridez, numa secura jamais vista por mim a parecer uma esterilidade desértica.

Se a manemolência me assomou e dominou o meu existir, jamais fui assaltado por qualquer malevolência, porque esta, em outra via, tem tudo integrante à malignidade, à ruindade mesmo, à erosão do próprio caráter, em demolição de si mesmo.

E os tempos atuais estão a exibir essa natureza peçonhenta, que nos desafia.

Chego a dizer, que tudo “envenima”, envenena mesmo, o próprio ambiente, do qual não podemos escapar.

“Envenimar”, cabe dizer e bem explicar, trata-se de um verbo inexistente, mesmo por inspiração galicista; de envenimer, este existindo, a querer dizer, como que inflamar, infectar, tornar penoso e difícil de curar, com tanta insatisfação no ar, fruto de uma eleição concluída e restada nebulosa ainda, e ainda, e ainda! Convencendo poucos, e ampliando ambiguidades, embora muitos a fio de cacete e chicote de mangual, queiram tudo ao contrário: impor, sobrepor e convencer, à hodierna moda de fogueiras alumiadas em proas e boas, nem que tudo se corroa, a servir e a seguir a lesa-razão de um Supradivino Ofício.

–  “Perdeu, ó Mané!” – Não foi assim que disse xistoso o flauto e fátuo Ministro do alto de sua impoluta isenção arbitral?

E eu, em sendo mais um mequetrefe Mané, não me faço insolente por restar indevidamente convencido, porque a eleição acabou, e a dúvida que tinha antes, prosseguiu, no mesmo vício, na mesma praça e no mesmo jardim, como a velha música, na mesma verve, “inauditável”, palavra que não existe também, mas que tudo permite por resultar: corrompível!

Tão corruptível, e tão farsescamente  entronizada, que muitos crimes já foram inseridos, em punição presta; indefensável! Via PIX, cadeia, pulseira eletrônica, e até cassação de aposentadoria, quem o sabe, penas destinadas àqueles que duvidarem deste novo Ser Supremo e Santo Ofício Arbitral.

E assim, em vendo tantas orelhas já aparadas e ameaçadas, cada um cuide do seu abano, seja lebre, preá, elefante bisonho ou camundongo…

Porque o tempo restou pouco oblongo para os que torciam pelo Mito.

E o Mito, sem ninguém que o destaque, só não se elegeu verdadeiramente, porque muitos Manés, diferentes de “eu”, pulularam no Nordeste, cerca de 60% a 70% de votos, em urnas induvidosas.

Repito assim, porque de nada valeriam, inclusive tais urnas venimosas, não fosse o sábio eleitorado nordestino onde campeiam coronéis em nossos vastos currais eleitorais.

A fora tudo isso, restaram excedentes inconformados, buscando auxílios inúteis nos quarteis.

Inúteis! E bote excesso de inutilidade, por senilidade talvez!

Por que – pergunto eu – buscar nas casernas e nos seus acampamentos, se ali só restavam esquecidos e debandados, alguns com medo até de serem inqueridos e re-convocados, a restar, quem o sabe, incriminados, nos recuos e équos criminais alevantados, Brasil a fora, por “Comissões de Verdade”, abertas à torto, e à esmo, sem a devida repulsa, indignação viril da tropa unida, ou desunida, mínima que fosse?

Por que buscar ali – pergunto de novo – por que ali se foi distante dali que surgiu a luta solitária, refratária e insubmissa do falastrão, Bolsonaro, ousando trinar um clarim, que estava jogado fora abandonado e sem som enferrujado, para tentar soerguer o orgulho da pátria e da bandeira?

Não foi assim que aconteceu com tantos que se armaram contra, vendo no Bolsonaro o caos, a desesperança da pátria, e o mal maior a extirpar?

Quando o mal é sempre outro, e para este não voga a prece no entorno dos quartéis…

Daí não faltarem tantos açulando-lhes perseguições, denunciando mais um “golpismo”, tudo em desamor à democracia.

Porque, segundo estes que os denunciam como “golpistas”, a democracia com urnas não auditáveis, restou bem-feita e realizada, mesmo que sobrem à beira do rancho tantos Manés insatisfeitos cantando hinos oficiais e marciais.

“Não amole, ó Mané! – Não foi assim que replicou o Ministro?

Não está sendo assim também, cada um na Câmara e no Senado, querendo se enturmar no novo governo a querer mostrar serventia e suserania?

Na tropa e dela fora também, só não vê quem não o quer, porque a vida é assim, não faltando os radicais para cobrar o aparo das orelhas daqueles que lhe são incômodos, por querelantes e recalcitrantes.

Para tais “golpistas”,  valem quaisquer promessas de cadeia, seus apodos na carreira, e muitas outras correrias requeridas, tudo debaixo de vara, como antigamente; e modernamente também, por desmonetização via PIX, providência tão rápida e mais que certeira, criada pelo Bolsonaro, alcançando quaisquer proventos, pagamentos de emolumentos, ganhos de soldo ou salários, sem remédios caseiros, e outros de reuso ordinários, mas que possam resguardar o direito adquirido, próprio, seu ou meu, por conquistado.

Nesses tempos digitais, de novas milícias ideológicas, sempre empedernidas, nada pertence a ninguém e tudo é apagável, via tecla do enter ou return, ao vil comando.

São tempos de malevolência, muita maledicência a gerar em mim, manemolência por cansaço e desesperança.

Nada como um dia seguindo o outro para mostrar que nada é novo e segue igual como fala o livro sábio: Eclesiastes.

Se houve tempos em que os maledicentes  subiam a colina do nosso 28º BC, para denunciar os tidos e havidos como comunistas, hoje são outros malevolentes, saudosistas, mas iguais e equivalentes, pertencentes ao naipe oposto talvez, mas deliquescentes igualmente que denunciam e delatam, até pela imprensa, em canalhice similar, porque isso sempre acontece em tempos de alcouce autoritário, que bem despertam o alcaguete fútil, por inerente à pouca ou nenhuma vergonha no interior de cada um…

Porque a vontade é a mesma, a mendacidade também, nivelando na mesma baixeza o que bem sabe acirrar pogroms, suscitar caças e persecuções, em quebras parecidas de cristais, sempre contra os assaz perigosos circunstantes, por bisonhos ou simples de devaneios ou entressonhos; como os “patriotários” da vez, nomeados assim a ser caçados e extirpados, só por cantar desafinados um amor febril, quão inútil e pueril pelo Brasil.

Em prévias de todo e qualquer pogrom, provocam os sempiternos canalhas.

O problema é que o canalha não se contempla no todo: maledicente!

O resto é a velha malevolência, eterna como a burrice, de quem os quer ouvir e seguir.

Vamos em frente!

Que eu possa vencer a manemolência, diante da desesperança que não restou só minha!

Segundo tema: Dos Escrotos e Embusteiros

Dos Escrotos e Embusteiros.

Diz-se de embusteiro”, aquele que se vale de embustes, logros, mentiras; um impostor.

Diz-se também por semelhança, tratar-se de um indivíduo enganador, um aldrabão, palavra que nunca ouvi nem falar.

Diz-se igual a um cara ardiloso, astucioso, como fora no poema ficção, Ulisses, o Rei de Ítaca,  enquanto herói Odisseu, ou um charlatão qualquer, um Proteu,  que bem possui as suas serventias, por cura-tudo e servente: um serviçal, que faz-tudo, ou “um faz-de-um-tudo”, benzedor; um barbeiro de muitas sangrias; um embaidor, que também nunca saberei o que é, por enganoso, enredador e enrolador; alguém mal falaz, por falso e farsante; um ser fingido ou fingidor; um fiteiro, forjador ou fraudulento; um ente hipócrita, por ilusório, impostor ou intrujão, alguém que causa até comichão, prurido ou cosseira, só em dele depender, pois fede muito e prosa pior, embora não se contemple  assim: embusteiro!, quando exara, e escarra o seu pensar!, por mal fedida opinião.

E que não se fale em porcarias, pois “embusteiro” no dicionário é também um ser inzoneiro, justo no bom samba e no injusto mal verso do hinário, mesmo porque o chacoalho do pandeiro, xualê ou maracá, assim apelados ou convocados, chocalha e chacoalha tudo, inclusive o desalento brasileiro, misturando o loroteiro com o ludibriador, o mentiroso com o palrador, o potoqueiro com o trapaceiro, aí incluídos os formadores de opinião, que não se isentam de sujeiras vis nas ocasiões febris de prévias e sobras eleitorais.

Mas, o que fazer, se vivem em mesma profissão, igual às quengas e meretrizes, à soldo!; um remunero à gozo?

Elas, as rameiras e mundanas, não batem boca, no mesmo gozo, em público?

“As prostitutas e as ideias!”, como bem dissera Walter Benjamim, citado por Leandro Konder, em seu “Marxismo da Melancolia” , que bem vale à pena reler, sempre!, mesmo sem concordar, afinal tudo ali foi escrito antes da queda do grande muro de Berlim; supremo exemplo da humana intolerância.

Todavia, no campo da política e afastado do debate das ideias, ninguém que fala em embuste, e acusa o outro de “embusteiro”, pode se confessar confiável, com aura de consciencioso, auréola de santidade, ou mesmo em sua rasa humanidade, achar-se  mesmo um indivíduo simples, por correto, decente e digno.

Não, não pode quem obra assim, ser alguém escrupuloso, um ente de agir fiel, franco, honesto, honrado, íntegro, leal, probo, reto e sincero, e até mesmo parecer zorro, sem ser o Zorro mascarado, acossado pelo Sargento Garcia, suando em bicas, modorrento, porque aí eu não estaria utilizando a antinomia do seu embuste verdadeiro, como está no dicionário, o “pai-dos-burros”, para citação mal posta do personagem Zorro: apenas!

Porque o “embusteiro” me surge como tema, apenas por se tratar de palavra pouco usada, e assim necessitar de uma real explicitação. Igual à recém-criada, “des-condenação”, nada   embusteira. Nada!, nada!, nada!

Todavia, eis que o escarro dito fora, foi endossado aqui: em terras Surubís!: “Bolsonaro é um embusteiro!”  E seus apoiadores também!

E o que seria um “embusteiro” ? Perguntei-me, porque fui implicitamente acusado, não sendo explicitamente citado, porque sobrou ao libelo acusador, grande excesso de pusilânime coragem; essa coisa de CTRL-C e CTRLV, “copy and paste” em poucas aspas.

Precisei então fuçar um dicionário para dali sair pior ainda: sem entender!

Por que o  Presidente Bolsonaro e eu seríamos  “embusteiros”?

É porque ele é tudo aquilo o que se afirma no glossário?

Outra coisa difícil de perquirir, porque foi assim explicitado : “Bolsonaro é mesmo um ‘genocida’”?

E o que seria um ‘genocida’?

Não, ninguém precisará ir ao “arrimo-dos-doutos”, porque em rábica extensão, por hidrofobia canina, tais “formadores de opinião” também estenderam o seu amplo manto de nojeira com grande acréscimo de visguentas babas: “Os eleitores de Bolsonaro são ‘genocidas’, ‘fascistas’ e mais: ‘ESCROTOS’”.

E assim por “modus ponens”, e sem reivindicar “modus tollens”, ou mesmo um pedido de desculpas, eu já restei cognominado: “embusteiro, genocida e ESCROTO” nessa eleição.

Com muito orgulho, disse-me para mim mesmo, para ganhar ou perder, com bandeira e tudo!

Valendo ainda explicitar uma defesa do “ESCROTO”, enquanto incompreensível sujeira, porque quem os tem, e eu os possuo ainda, bem OS conservo, OS cuido e OS venero, masculamente, por júbilo!

Porque o envilecido e mal citado “ESCROTO”, tem origem no saco escrotal, mochila vulnerável e sensível, fortuna maior, qual “Calcanhar d’Aquilo”, que nenhum macho dispensa e abdica, enquanto tesouro.

Um desdouro para quem o perde, seja cão, pavão ou camelo, preá, caçote ou muar; capiroto de sapo cantador; canário bom trinador, e até o jumento sem o qual, com a sua poda, perde-se o seu notório relinche e esbanjamento.

Ou seja: tudo some, se o escroto for aparado.

E nada é pior na vida, excluída a honra enlameada e conspurcada,  do que perder esse penduricalho, tão aviltado, escroto saco.

Que o digam os “castratis” que no passado assim adocicavam o canto.

Que o digam também um “ex-touro”, um bom cevado capão, um eunuco de ocasião, um  gerente de chiqueiro, ou quem o sabe, um agente de serralhos, bom cuidador de odaliscas, servidor de Sultão, por ser seu bom escovador, despenseiro esconsador de alguém, e de seu lascivo harém.

Quanto, aos que jogam o seu escroto como excremento ao leu e aos céus, que não me cobrem polidez e pruridos de bom-mocismos, afinal me incomodariam bem mais se me acusassem de  chegar ao fim da vida (Que Deus me proteja e salve!), restando viado, virando veado, poisando de baitola, de boiola ou de simples borra ceroulas, ou mesmo; e ainda: sendo mais um ladrão, palavra que ninguém precisa consultar um dicionário, para saber o que representa, nem nas prévias ou no pós de uma eleição.

Conservando o meu escroto, continuei com o meu candidato, porque admiro o Capitão.

Quem quiser que admire o seu… candidato, ou um eventual “des-condenado”, alforriado da prisão!

O voto existe; também para isso: cada um bem fazer a sua escolha!

Sem ser, ou sendo, escroto! Que fazer se nos vêem assim?

E foi assim que eu, sem perder meu voto, não ganhei a eleição.

Bolsonaro perdeu, e eu, como bom “Mané”, sem amolar ninguém, recolhi minha bandeira, sem mesmo içá-la pela Copa do Catar.

Tenho, em descrentes porfias, variadas desarrazoes, quanto ao pleito eleitoral acontecido, sem afastar eventuais desconfios de fraudes não comprovadas nas tais “urnas ‘inauditáveis’”; outra palavra que bem necessita uma atualização nos dicionários.

Algo, que vale à pena referir, já que muitos vem poisando de vitoriosos, só para confirmar o velho aforismo, repetido por John Kennedy: “a vitória tem mil pais, só a derrota é órfã”.

Quanto a essa coisa de “patriotários”, e defesas de punição aos que fazem farnéis à beira dos quartéis, é coisa cimalha de canalha, bandalho de escumalha, simples sujeira de ocasião.

Vamos em frente!

Terceiro tema: Das avestruzes

Das Avestruzes

Em prévias de 2º Turno eleitoral escrevi sobre as avestruzes.

Dizem que as avestruzes, aves gigantes de cabeça miúda, enfiam o crânio no solo para não ver a ambiência que lhe não é do agrado.

Fogem assim da tempestade de areia, de um vendaval incomum, de um eventual Siroco ou Simum, ventanias doutras bandas que acontecem causando medo, muito dano e desavir, no aquém e no além do apertado Gibraltar, encrespando o Guadalquivir, rio onde voejam estorninhos em voo alto, enquanto as avestruzes se escondem no solo, sorrateiras, pra ver a poeira baixar e o torvelinho amainar.

As eleições têm também um mesmo porvir medonho alvoraçado.

Quando se confirma o resultado, nada muda nem acontece, mas amedronta.

Cada um a seu modo, enfia a cabeça no pó, depois sacode a poeira, pura lesto e saracoteia, e fingindo que nada viu, nem aconteceu, não demonstra qualquer tristeza com a benesse que perdeu.

É quase igual ao samba de Elza Soares, repetido em refrão, por recomendo de nova ação: Reconhece a queda / Mas não desanima / Levanta, sacode a poeira / E dá a volta por cima!”

Se assim é a vida onde “as revoluções existem para que tudo permaneça igual, sem mudança”, isso no dizer notável de “Il Gattopardo”, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, o mesmo se dá no filme não menos extraordinário de Luchino Visconti, com música de Nino Rota, estrelado por Burt Lancaster na pele do sábio Dom Fabrizio Salina, com os belíssimos Alain Delon (Tancredi Falconeri) e Claudia Cardinale (Angelica Sedara), esta filha do plebeu enriquecido, Calogero Sedara, antes um Pepe Merda qualquer, desqualificado, aflorado em destaque no rastro revolucionado por Giuseppe Garibaldi e pelo Conde de Cavour, quando aconteceu a unificação italiana, coisa distante no esconder-se do século XIX.

Itália que no século seguinte gestou Benito Mussolini, desprezando Antonio Gramsci e Norberto Bobbio, o “Eurocomunismo de Berlinguer”, e agora em pleno 2022, esquecendo a todos para entronizar uma mulher, Giorgia Meloni, líder dos  “Fratelli d’Itália”, em nova mudança, numa falsa, ou discutível; esperança!

Uma contradança que bem vale refletir, à moda, Dom Salina, ficcional, que no seu tempo bem dizia; passadista: “Fomos os leões e os leopardos, agora são os chacais e as hienas que chegam.”

Para o Salina Fabrizio, vertido e derretido cidadão, e nós mesmos em igual sina, liquefeitos, estamos a lamentar por contemplação esclerosada, uma nova súcia sendo erigida.

Se os nobres à Dom Fabrizio, se alimentavam com o fruto de seu esforço, os ricos que os sucediam, por revolucionários tricolores, verde, vermelho e branco, ostentando “il labaro nuovo dell’italia unita”, não tinham nenhum estofo, nenhuma glória, valendo tanto quanto do repasto conseguissem sorver, se aproveitando dos restos sobejos de uma sociedade apodrentada.

E nesse esgarçamento, desgarrante, as eleições soterram tudo para permanecer igual.

Quem caiu, caiu. Quem perdeu, repete presto e lesto, o incréu mocréu que se escafedeu: “Não foi bem melhor ele do que eu?”

Ah!, quanta gente que se sentia insubstituível e que nenhuma falta irá fazer, nem nos anais memoráveis, nem nos rascunhos estenográficos, eles próprios inúteis, porque o gravado desgravado restará, pior que falsificado, a merecer o olvido, o nunca escutado, por melhor esquecimento..

Diz-se que isso é boa catarse. Trata-se de um anseio popular. Uma necessidade de relatar histórias de um tempo a merecer distâncias, a repetir o poeta: “O que foi não é nada”.

Algo tão igual quanto aquele que nunca foi e permanece: no nada!, convidando todos e a cada um, a esvaziar-se no seu, no meu, e de todos nosso; e sempre nosso: nada!

Um nada parecido ou sendo todo igual ao chuleio mais das vezes vilipendiado, surrupiado, como aconteceu agora com o resultado desaprovado em tantos votos anulados.

Anulados e não divulgados, para não suscitar desconfortos.

“Fiat inveritas et pereat mundus”, e quem quiser que se sodomize, com o dedo safado entranhado, porque a eleição, enquanto vontade do povo, só o será, em bom convalido, aquilo que a poderosa corte o quiser validar, e assim o desejar, sem explicar ou convencer, com urnas “inauditáveis”.

A parte tudo isso, iremos para o 2º turno: escolher o menos pior dos rejeitados, igual às avestruzes tresloucadas, fingindo moucas, com a vilania já esquecida.

Mas,…, que foi uma soprada boa!

Soprada que bem valeria o choro da canora Elza Soares em seu samba fiel.

Mas que nenhum candidato cantou por causa da Corte Eleitoral, ela a vilã essencial! Ou não?

Se vigesse o tempo da Revolução Cultural Chinesa, quem mereceria um desfile à moda do mau Mao, com tabuleta no pescoço, digna de bloco de sujo pela cidade?

Todavia, nesse recursal, vale melhor o canto da canora mulata, cotovia.

“Chorei / Não procurei esconder / Todos viram, fingiram / Pena de mim não precisava.
Ali onde eu chorei / Qualquer um chorava / Dar a volta por cima que eu dei / Quero ver quem dava / Um homem de moral / Não fica no chão / Nem quer que mulher / Lhe venha dar a mão /
Reconhece a queda / Mas não desanima / Levanta, sacode a poeira / E dá a volta por cima!”

Para isso é que haverá 2º Turno, tumultuado ainda!

Quarto tema: Distopia à brasileira – Regozijemo-nos!

Distopia à brasileira: Regozijemo-nos enquanto é tempo!

Seria uma ótica distópica dizer que o Presidente Bolsonaro não foi o grande vencido nessa eleição?

Derrotado, pelo divulgado das urnas, em tantas vias vitoriosas, cada dia mais duvidosas, foi o Mito somente!

Todavia, fomos nós, o involuído Nordeste, que o derrotamos com 60% dos sufrágios, ou 70% talvez, uma quase  unanimidade altaneira, ditosos a cada dia, repito, a firmar indiscutível esclarecimento; e altivez!

Nunca tantos se orgulharam quantos em brado grito, como se ao mundo estivéssemos querendo dizer que este imenso e desigual Brasil estaria bem melhor no concerto das nações, se vingasse por aqui um melhor conserto com o Nordeste no comando…

Não estaríamos bem melhor, inspirados premonitoriamente no canto da musa Elba, bradando um grito ribombante, de um hipotético e sempre mais ético, e prosaico!; país independente?

Não foi assim que restamos nessa eleição, sendo acompanhados apenas pelas alterosas mineiras, enfeixando conosco o eleitorado mais pujante da nação? Minas, cujo norte, atrasado também, pertence ao nordeste, e à Sudene!, por suprema insolvência, quão perene; “in aetérnam fames, et perpetuam necessitate!

E que se traduza logo e presto porque no Nordeste nossa fome é eterna em perpétua carência!

Não foi daqui, neste entre nós esfomeados, de tudo!, que vingou bem melhor reverberado, o feito cantado, solfejado e decantado, sem falsetes, diga-se presto, nas ilustres tribunas das arcadas do Largo São Francisco, Paulicéia Deslumbrada, tão decantada, em tantos luminares ali falantes?

E por que não citar Camões, em tal feito igual por seminal: “Cessem do sábio Grego e do Troiano / As navegações grandes que fizeram; / Cale-se de Alexandre e de Trajano / A fama das vitórias que tiveram; / Que eu canto o peito ilustre Lusitano, / A quem Netuno e Marte obedeceram. / Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta”.

E por quê não dizer daqueles, nunca por demais gorgolejantes, em tantos articulistas da grande e velha imprensa caduca, Folha-Globo-Estadão, em seus pouco iluminantes fifós, por clichês e rotativas, a pregar inutilmente para o seu aplauso e entorno, e só converter os bem acima do capricórnio trópico, justo aos rotos apenas, e aqueles de poucas letras, por muito rasos e pouco instruídos?

Por acaso não vingou sobretudo aqui, nos garranchentos catingueiros sem fim, a melhor repercussão das pérolas jorradas em cascatas, pelas colunatas senis, das arcadas Paulistanas?

Porque todos se juntaram ali, na Vetusta Faculdade, sem ao menos se sentirem covardes, todos juntos, armados de bicos e unhas, contra um indivíduo sozinho, Bolsonaro e sua garganta, tornado o único infiel a extirpar nesse país…

E que peleando sozinho, o Mito restou um quase candidato abandonado frente a tantas vias, sempre de terceira ou derradeira, por pior em qualidade.

O Mito, defendendo-se como mito; corajosamente!

Sem que ninguém o quisesse vê-lo assim, valendo empregar todos os vícios, porque o Mito resistiu, só restando vencido, definitivamente sobrepujado, aparando todos os golpes, dos legais aos paralegais, em escudo próprio, e para tanto valeria cantar o impróprio destaque por vil empréstimo de Camões; afinal “Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte” não restasse a glória somena, por exclusiva força, a dizer que um povo forte faz um rei fraco, quando se tem no Nordeste o seu apoio!

Todos, todos, todos! Todas as vias, nos palcos todos e nas coxias restariam inúteis contra o Mito, não fossem Sergipe e, e, e… et al; Bahia!, de Todos os Santos e todos os abarás!

E em tantos acarajés e dispersos condimentos por iguarias, qual não seria a sorte dos beletristas paulistas, tão elitistas, quão distantes, se não existíssemos nós, e nossos ecos vastos de capiaus só daqui ressonantes, em tantos équos daqueles que os enalteceram em tão disparatado destaque, porque o chilique das arcadas mais vingou aqui, ou só desforrou pelas bandas daqui, em terras estivais do Nordeste, nos nossos apicuns e massapês, ressequidos e ensolarados, mesmo com a Transposição do Rio São Francisco, em secular sonho concluído, carregando consigo até mesmo um basto embalo do Judiciário, que só não o viu, quem assim não o quis, e nem quis também, beber um gole dessa doce água, jamais tanto amara e assolabrada!

E que: com tudo isso, inclusive com a benfazeja água, malfadada, em milagres avessos do Evangelho, restou vinha de ira…; azinhavrada!

E tudo, e todos, restariam perdidos, “perdidos e mal pagos”, como se diz na verve e na gíria, se não fosse o magote ajuntado dos pouco vertidos e vestidos, nós, os “cabras-da-peste” do Nordeste, com a nossa voz rouca, nosso tropel, nossa sede eterna em rasa eloquência de muito ganzá e maracatu.

Um bagulho por distopia, ao qual nós todos, e os sergipanos sobremodo, bem poderíamos nos vangloriar cantando até o nosso hino, por “áureo e jucundo dia, que a Sergipe honra e decora”, porque um nó cego suíno, por górdio, restou no final bem amarrado, a requerer quem o desate, a fio de espada, de dois gumes, mais perigosa que aquela ideal alexandrina.

Mas, por que não gritar nossa glória perante mundo, sem medo de nos enodoar?

Não foi assim que sobrou de longe a sempre eterna reclamação?

– “Ah!, não fosse o Nordeste e a sua grande massa de excluídos, e seus  líderes não menos notáveis!”

– “Por que nós, os ‘Estados Locomotivas da nação’, deixamos os vagões vazios no comando do trem desgovernado? É certo deixar-lhes acenar o porvir a seguir, quando o rabo não abana a cadela, a cauda não diverte o lagarto, nem o jacaré o toma por requevém e leme, em ideal direção urupígia a prosseguir?”

– “KKKKKKKKKK! – Só rindo pra não chorar!”

Mas, como dissera um dia John Kennedy, repetindo outros:  “A vitória tem mil pais, só a derrota é órfã”.

E o derrotado só foi um: “Não foi,’Ó, Mané!’”

Falando ainda pouco sério, por sopeso e sobrepeso avaliado, estaria assaz errada esta ótica distópica, de poder uma “jurupinga” qualquer (Não é assim que o Sul e o Sudeste maravilha nos acham?), melhor apurar o sabor e o buquê de um malte fino bem fermentado ou de um licor elaborado?

Assim, mal gustativamente falando, sem achar graça ou consignar lamento, eis um caso que não será doravante esquecido, a suscitar, quem o sabe?: um novo estudo do pacto federativo.

Se ao vencedor sempre sobram as raspas inservíveis das batatas, regozijemo-nos com essa distopia; enquanto é tempo!

Agora, já se vê o bom despojo repartido pelo nordeste.

Um Ministro vem da Bahia de Todos os Santos e Axés: Rui Costa; outro Ministro vem do Maranhão Grande: Flávio Dino; um terceiro Ministro vem do Pernambuco, terra do frevo e maracatu: José Mucio. Do Ceará, Terra da Luz, vem Camilo Santana.

Das Alagoas sempre sobra algum quinhão de mando com Lyra ou Renan, o  Calheiros.

Do Piauí e da masculina Paraíba, não vingou ninguém ainda…

Quanto aos guerreiros de Sergipe não sei se vogará alguma sinecura, ou se sobrará na velha sova, sem conseguir concluir a interminável duplicação da BR101, só 100Km acima de Aracaju e igual tanto para baixo.

A perquirir do noticiário, sobrou mesmo para o Brasil, com o tri-rejeitado de São Paulo: Fernando Haddad, ungido todo-poderoso Ministro da Economia; o improviso substituindo a eficiência.

Coisa de Brasil, zil!, zil!, zil!.

Regozijemo-nos!

Uma observação apenas: Essa é a minha versão. Alguns citarão Minas Gerais, onde o Mito também perdeu, em contraponto a minha versão.

Pois é! Trata-se de um reforço a minha errônea tese, afinal Minas pertence ao Nordeste e à Sudene, sobretudo a sua parte Norte, o vale do Jequitinhonha, com suas securas e carências.

No mais, não falarei das dúvidas restadas em tantas urnas inconfiáveis por inauditáveis!

Regozijemo-nos enquanto é tempo!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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