Bolsonaro esteve em Aracaju. Eu queria ter ido vê-lo, mesmo que me chamassem de gado terraplanista.
Ser tido por gado não me incomoda.
Isso tem dado uma raiva danada.
Eu só ficaria enraivecido se me tivessem como sodomita, palavra deletada dos dicionários e que hoje vem vogando como lírico e ideal gozo, recomendado por amplo espectro deformador de opinião.
Ser gado bolsonarista está tão na moda, que não houve espaço para almoçar com o Mito na churrascaria Sal e Brasa, que ficou entupida de gente despreocupada com eventuais acréscimos de bons ou maus colesteróis.
Eu me atrasei, não me preveni, e me foi impossível reservar um lugar entre os comensais daquele dia tão demonizado pelos raivosos emissores de opinião.
Porque haja raiva externada, parecendo um contamino expresso de raiva canina, em amplos ganidos por azougues.
Oh! Como é bom ver essa turma com raiva, destilando peçonha explícita no seu opinar incomodado.
Estão a merecer tanta pena, sobretudo porque lhes faltam palavras para externar toda acidez que lhes assoma o arroto.
Porque haja falta de léxico para denegrir a tantos que no seu pensar não passam de simples escrotos.
Não é essa palavrinha boquirrota, infirmando-nos como povo escroto, a sua ideal escolha para nos ofender por seu fulcral menosprezo?
Um desprezo tamanho, que não enleva qualquer acanho de nos assestar, com besta ou dardo, com cuspe, estrume ou petardo, a torpe sendo arrumado para nos atingir em todo e qualquer espaço, seja em campo aberto, onde campeiam os ousados, ou no solerte anonimato onde os pusilânimes baldeiam.
Baldeiam, baldiam, e até se bandideiam, palavra que bem os colhem na ganga por lodo na bateia, no jereré ou no cofú, afinal esta coisa de heterônimo, quando não é licença poética é parca esclerótica, onde vagueiam os anônimos vagabundos, permeando os batráquios nos submundos escondidos, sempre imundos, pouco dignos e covardes.
E nesse campo explícito de coragem, até aí reside a intrepidez bolsonariana, porque ninguém o acusará, em infindas ofensas desferidas, a infensa de suprema cobardia.
Algo que bem melhor lhe caberia se resguardar em cuidados e armaduras, contra tantos ataques a si lançados e a receber, pois até o grande peleador, Aquiles da Hilíada, o herói maior de Homero, continha no seu calcanhar toda a letal fragilidade, que em descoberta ali foi ferida, por solerte flecha mal defendida.
Dos ataques ao Mito, aí reside a sua couraça dura, resistente, encantando meio mundo de gente, campeando a céu aberto, e ao desabrigo, embora se diga o contrário.
Mas, o que fazer se o mundo é assim, ralo de heróis?
De alguns heróis cantava um poeta em lamento ter morrido os dele, por overdose apenas!
Que fazer se nessa arena onde campeiam os néscios, vagueiam tantos inépcios construindo tão pouco?
O mundo é entrópico, fala-nos a termodinâmica, desorganizando-se continuada e irreversivelmente, uma tarefa desafio aos que precisam por ordem no caos.
Do Bolsonaro, na minha visão anciã, desesperada quase, restou como hiato de seriedade, quatro anos de boa construção e responsabilidade, agora sobrando nesse infeliz país, o eterno desespero por atoleiro perpetuo numa propaganda ilusória tida por “união e reconstrução”, quando em verdade vige explicitamente, o velho excesso de pouca união em desserviço e destruição.
Quem quiser que diga o contrário! Ao papel cabe tudo! Até o xingamento e o excremento.
Felizmente, por tanto lamento enraivecido, o povo na rua vem pensando alegre, em nova alegria assaz diferente!
Não é à toa que há um medo danado do povo conseguir emprenhar verdadeiramente as unas!
Será que vão deixar?
Enquanto deixam ainda, Bolsonaro esteve aqui e nunca foi tão abraçado.
Pena que eu lá não fui!