Da chacina por faxina, e da velha molecagem cabotina.
Faxina, todo mundo sabe o que é.
Sem faxina, uma casa vira ampla desorganização.
E a organização começa quando acordamos: dobrar os lençóis e cobertas, forrar a cama, deixá-la arrumada, apresentável, até para o conforto da vista…
Aprendi isto com minha mãe, e tento passá-lo como legado a todos de meu convívio, inclusive na sala de aula, nos intervalos dos teoremas, e métodos outros explanados e comprovados, no âmbito das ciências exatas.
Tais hábitos, têm alguma similitude com as ciências exatas, a matemática e a física, porque tudo tem suas regras imutáveis, espécie de postulados divinos, aos homens cabendo desvendá-los, bem utilizá-los e empregá-los para o nosso conforto, não deixando jamais, que sejam eles mal-usados para a desorganização do Universo.
Por desorganização, e por degradação continuada de energia, a termodinâmica define por entropia, tal estado de desarrumação da matéria, em suas leis e conceitos, e suas experimentações sempre constantes e quantificáveis, enquanto estudo das mudanças e transformações, dela energia, tudo ao sabor da desorganização das partículas que compõe um sistema físico.
Como o calor sempre acontece nas transformações de energia, diz-se do calor, ser a forma mais degradada de energia.
Uma degradação que nada tem por abaixamento e/ou humilhação, mas se faz por acréscimo sempre crescente de temperatura dos agentes envolvidos, afinal em toda e qualquer troca de energia, um trabalho mecânico é realizado, o que é uma maravilha da natureza, quando bem utilizado a serviço do homem, mesmo sabendo que no final do ciclo surja sempre um aquecimento inevitável, nunca muito bem-vindo.
Que o digam os aquecimentos de correias, polias e mancais, e das linhas de transmissões de eletricidade em tensões de voltagens elevadíssimas, porque uma tal de Lei de Ohm, teima em aquecer os fios, sobretudo nas transmitâncias em baixas tensões, o mesmo acontecendo com as correntes, ditas parasitas, de Foucault, vigorantes nos motores e transformadores, e em seus muitos circuitos magnéticos, a exigirem fragmentos e laminações ferromagnéticas, de molde a evitarem as perdas de energia por inevitáveis histereses.
Nesse contexto, a natureza tem suas regras imutáveis, e o homem vive a procurar a máquina que trabalhe melhor, e de maior eficiência, premido pela necessidade de trocar calor entre uma fonte quente e outra fria, ousando perquirir ciclos repetíveis e continuados, entre duas curvas isotérmicas, ou de temperatura constante, sequenciadas por duas outras curvas, ditas adiabáticas, caracterizadas por nenhuma troca de energia com o ambiente que tudo contém, sempre um sonho a conquistar, uma pesquisa a perquirir.
Uma coisa que parece tão fácil, um desenho tão tosco a traçar, num diagrama Pressão X Volume, entre duas isotérmicas e duas adiabáticas, a delimitar o melhor rendimento, por Ciclo de Carnot, de Sadi Carnot (1796-1832), por seu estudo sobre a força motriz do fogo, desde 1824, num tempo em que a máquina a vapor, substituía o melhor esforço humano, do homo faber.
Ou seja, algo a perscrutar por pesquisas continuadas na tentativa de alcançar o rendimento ideal, aquele que melhor se aproxime da equação 1 – TF/TQ, onde TF é a temperatura da fonte fria, ou do meio ambiente, quase sempre, onde todos nos encontramos, e TQ é a temperatura da fonte quente; a fornalha onde Carnot queimava lenha, ou nas câmaras de combustão onde a mistura gasolina ou óleo diesel e ar queima nos nossos automotores, em Ciclos de Otto, via ignição elétrica e aquele de Rudolf Diesel, com muita compressão do ar comburente, entes hoje tidos como altamente perniciosos poluidores, inclusive nos aviões, surgidos para o nosso desfrute, sempre expelindo suas fuligens.
Em tanta fumaça demonizada, eis que me adentrando em tantas entropias crescentes, esqueço da desordem da cama em desarrumo, algo que a boa educação sempre recomenda, como lavar o prato e o talher com que comeu, sujou e se serviu, ser higiênico com o banho necessário, a limpeza dos dentes, etc, etc, evitando o alimpar-se inconsequente nas cuecas e até nas calcinhas, tudo para dizer que muita gente não o faz; nem forra cama, não escova os dentes, nessa terra de tantos sorridentes desdentados, e também, por que não; carimbadores inconsequentes dos fundilhos de ceroulas e calçolas, um desapreço às lavadoras manuais ou automáticas…
É nesse sentido que eu ouso refletir sobre a faxina necessária e diária, e da chacina, necessária também, vez em quando, porque a bandidagem assim o exige, como mal a extirpar, afinal já dissera Thomas Hobbes (1588-1679), o “homem é o lobo do homem, daí a razão do estado existir, soberanamente, para controlar a todos e manter a paz civil”.
Ou seja: é lamentável, mas periodicamente precisamos promover tal assepsia.
Chame isso do que for em tanta crueldade por faxina, jamais o cabotinismo por chacina.
Sobretudo porque nunca foram santos aqueles faxinados.
Para estes eu não verto uma lagrima, aplaudindo as forças da ordem que arriscando a própria existência fizeram tal limpeza necessária.
O lamentável é o desapreço com a democracia, entendê-la em excessiva laicidade e permissividade, e por assim rezar e louvar a tolerância com o crime, com a desordem crescente; esta entropia perniciosa, a requerer controle. E faxina quando isso for necessário!
Em contrapartida inútil as forças da ordem deveriam arriscar sua própria vida para prendê-los e vê-los imediatamente alforriados por simples querela advocatícia?
Quem assim o entende, que o faça com cântico e flores!
Que o façam como a famosa Cruzada das Crianças de 1212 que no combate aos infiéis, pregadores levaram milhares de garotos para serem seviciados e escravizados pelos muçulmanos, na inútil tentativa de catequizar a Terra Santa.
Hoje são os infiéis que invadem o ocidente se aproveitando do sempre bem-vindo laicismo que a tudo corteja, inclusive ao relativismo do crime!
Quando eu vejo tanta gente querendo santificar tantos bandidos, há algo de podre nas nossas concepções, o que me faz aplaudir as forças da ordem, porque é sobremodo difícil combater o crime daquele que nos extermina, e a tudo temos que nos submeter, por lhana tolerância.
A parte tudo isso, e com tanta canalhice escrita, sobretudo enaltecendo o crime e o bandido, cabe a pergunta sempre recidivante: só existe banditismo entre “aqueles golpistas contra a democracia do cancerígeno oito de janeiro”?
Haja cabotinismo!