O sorriso de Deus e a raiva da avestruz.

O sorriso de Deus e a raiva da avestruz.

“Mais Dieu se rit des prières qu’on lui fait pour détourner les malheurs publics, quand on ne s’oppose pas à ce qui se fait pour les attirer.”
( “Mas Deus ri das orações que lhe fazemos para evitar infortúnios públicos, quando não nos opomos ao que é feito para atraí-los.”)
Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704) bispo, teólogo e escritor francês; um sábio!

 

Dizem que Millet, o Presidente Eleito da Argentina, é um sujeito ultraliberal, arquiliberal, um perigoso libertário, alguém que ousa despertar consciências, contra espíritos amestrados que se apossaram da democracia, afastando do povo seus anseios e vontade.

Sendo um governo “do povo, pelo povo e para o povo”, segundo postulados tomados por empréstimo a Abraham Lincoln, em seu celebrado discurso de Gettysburg, tais palavras, de lá para cá, se transformaram em um vasto estuário onde dejetos vários estão a escorrer em tantas demagogias externadas, tomando verve por significado preciso do que se pretenda imaginar como “soberania popular”, ou, por pior e lisonjeiro, “vox Populi, vox Dei”, um aforismo dito segundo a Vulgata pelo Profeta Isaias, enquanto outros o atribuem a Alcuíno, um autor medieval, tido como o homem mais culto surgido desde o tempo de Carlos Magno, tola palavra transformada em lei e regra, como se fosse possível enclausurar a opinião publica, soerguendo-a monoliticamente coesa e com ela se firmasse uma permanência duradoura.

Nada é permanente, todos o sabemos, e ninguém se banha nas mesmas águas, como dissera um outro sábio bem maior, Heráclito de Éfeso, sem falar que em maior ou menor miséria, o homem individual e coletivamente, perquire caminhos inúteis em sendo capaz de cometer as maiores iniquidades.

Todavia, no âmbito da Democracia, “enquanto pior governo excluindo todos os outros”, segundo exarar de outro herói, Winston Churchill, agora muito na moda porque restou no final vencedor após Dunkirk, no cinema exaltado, com direito a Oscar de bom ator inclusive, declamando até para isto as falas de Henry V, ditas por Wiliam Shakespeare em Azincourt, porque tudo pode restar elegia, epopeia, e até vã heresia, quando assim se deseja por pior ideia uma mental hemiplegia.

Porque a Democracia  e o ser Democrata, restou o derradeiro sepulcro de todo farsante, sobretudo quando ela, a Democracia, não nos sorri como não mereceria.

É o caso de agora com a vitória de Javier Milet, o despenteado candidato eleito a Presidente por expressiva vontade, cerca de 55% dos sufrágios, firmado pelos nossos Hermanos argentinos em cédulas e urnas mais confiáveis, que as nossas maquinetas inauditáveis.

Inconfiável continua o respeito e a aceitação do desembesto inconstante do povo, agora entendido como “vox populi, vox bestiarum”, por aqueles que iguais às aves pernaltas, avestruzes, enfiam os “zóios” nos próprios excrementos mal enterrados, para melhor não ver o que acontece em seu desfavor, porque em assim fazendo, nada mudou nem aconteceu.

Não relata assim o silencio acontecido com o incômodo lamento do povo vizinho ter trocado de tango e da música que o iludia?

– “Ah, mas venceu o que não podia, nem jamais o deveria; um arqui-liberal?, um vil representante de uma casta incivil por ultra-direita reacionária? Um corifeu, pior que Asmodeu por ultra-liberal?, alguém que já devia restar em raça extinta, por fim-de-história, em cenário ideal do mais que paradisíaco estado-de-bem-estar social vigente e a construir, tão precário, e carente ainda, a requerer numerários crescentes para bem gerir e distribuir? Chamar todo esse esforço distributivo tão sicário, quão perdulário e estelionatário, em tantas e sequentes levas de famintos e sequiosos  sempre crescentes e carentes, a requerer taxação pura e rasa, de toda e qualquer vantagem bem devida e auferida, enquanto aproprio e logro e por roubo e arroubo do lobo homem?”

– “Não é por demais permissiva uma democracia que aceita tão descomunal heresia? Algum se dizer de direita e se eleger, justo no livre debate das ideias, ousando privilegiar o egoísmo, em louvação ao capital?”

 

Pois é! O povo argentino elegeu alguém que segundo noticiário sai do banho, sem enxugar a cabeleira nem mesmo penteá-la, e se delicia secando-a, sem vento e sem documento, viajando contra o vento no seu carro, dirigindo-o em vidros abertos pelas ruas de Buenos Ayres, sem se incomodar com o desgrenho da passagem.

Uma tolice que nada diz, revelando apenas um hábito inútil para pentes e escovas, e quiçá cabeleireiros, por parca sua em nenhuma serventia.

– “Ele quer permitir a comercialização de órgãos!” – exaspera-se um outro já infeliz em poder expor para leilão o próprio apodo do prepúcio.

– “Ele quer dolarizar a economia!” – horroriza-se aqueloutro que já firmava esperança com a nova moeda forte, fortíssima; o Sur!, com o Peso emprenhando o Real, em vivas perspectivas de inadimplências e salvíficas tratativas de dividas eternamente insolváveis.

– “Ele não quer falar com Lula, chamou-o inclusive de corrupto!” – Tem que pedir desculpas ao Brasil, até por isso! Segundo o pensar de um nosso Ministro.

À parte de tudo isso, não há nada de novo debaixo do Sol e o que foi permanece igual.

Quando o “Perdeu, Mané!” acontece, “o choro é sempre livre”, sobretudo agora quando o Hamas Terrorista, recebe pela tampa o castigo bem-merecido de Israel, mil vezes atacado, e nunca por poucos defendido, isso do outro lado do mundo, desde antigas eras de lutas comuns jamais remidas.

O que não tem remédio, remediado nunca estará, se o corretivo não for  duro, rijo, viril, e continuado! “Mesmo que para isso se perca um bom tanto de ternura!”, como não dissera o Caporal do Castro Fidel, até porque a melhor prevenção nunca é suasória nem definitiva, que o digam tantos estandartes nada pacíficos surgidos mundo a fora, expostos por contendores, sempre poisando de bons moços em discursos mansuetos de enternecidos, e em promessas sempre sequazes de futuras vendetas.

Assim, eis meio mundo de gente poisando calado contra a Ultra-Direita que venceu na Argentina e tantos outros que campeiam mundo à fora enaltecendo o terrorismo do Hamas, faces de uma mesma moeda, justo aquela que não pode mostrar a sua cara.

O que foi, em mesma via, é o mesmo. Não há nada de novo, debaixo do sol.

Haverá sempre tempos de plantar, de sofrer e de fruir.

E outros tempos virais, por desiguais, aos Prairiais, tempos funestos e fatais que se firmaram definitivos e letais, e que surgindo depois por maus  humores e outros horrores, tomaram outros mores sequenciais, por ares de tempos Termidores, ou termidorianos por vendeta, até que surgiram os tempos Brumários, tidos por alguns por temerários, mas que necessários se fizeram com Napoleão Bonaparte, um homem notável, inigualável, agora sendo tema de um filme de Ridley Scott a estrear nos cinemas, destacando o seu puro amor à sua mulher, não tão fiel, Josefina, decretando a pacificação e a ordem numa França assaz cansada de sofrer tanta insegurança e desarmonia.

Deus sorri das preces dos homens, segundo Bossuet.

 

A vontade do povo, enquanto “vox dei”, bem repete o seu desejo, dele povo, e sob os auspícios de Deus, afinal como dizia Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704) bispo, teólogo e escritor francês; um sábio que bem vale sempre citar! “Mas Deus ri das orações que lhe fazemos para evitar infortúnios públicos, quando não nos opomos ao que é feito para atraí-los.”.

 

E se as avestruzes que nos chateiam estão a enterrar agora o seu pensar no próprio esterco, que curtam o seu bom agrado.

Pode-se maldizer diferente do governo do povo, pelo povo e para o povo, escolhido agora na Argentina?

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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