Reflexão à Quaresma IV e Vandalismo e Protecionismo

Reflexão à Quaresma IV

Continuando a refletir sobre a Quaresma, explicito que a minha motivação é o Jejum.

Não um jejum de comida, uma abstenção de bebida, das fruições dos comuns desejos, do que entra pela boca, sempre bem desejado em sabor e deguste.

O meu ajuste é outro.

É com aquilo que poderia escapulir da minha boca.

Seria momento de a silenciar?

Podia até parecer assim, afinal há tantas exações noticiadas e outras bem além, requeridas e desejadas, perante o pensar divergente, que calar talvez represente o bom senso, de melhor porfia, por audácia.

Ou covardia, melhor se poderia dizer, afinal àquele que falta o estofo, sobra o vazio insustentável, por imo indispensável, do que só ele apruma o ser, o sustém e o mantém, na vertical em equilíbrio.

Dirão outros talvez, em sua contumaz e pertinaz flatulência, por excedente vilania, em pior campeio de patrulhamento sujo e sem asseio, tratar-se da esperteza e torpeza comum de tantos, que bostejam a quantos, por pior vilania, ó suprema cobardia!, fingir-se heróis poisando de girassóis, se urinando nos lençóis.

Porque há, em cada um, por involução do ser, o momento de fenecer, de regredir e se encolher, até sujando os lençóis, involuntariamente!, não sendo o caso desses que em incomum frouxura, correm lestos do aperreio, e por tudo têm arreceios, em solturas de pregas e repregas, por esfíncter.

Todavia e por outras vias, só por viver e sobreviver nos receios e sem rodeios, há tempos para os esfíncteres perderem a continência, a sua oportuna eficiência, ó que lastima!, quando nada se sustenta, nem a honra, quanto mais a desonra, de tantos que assim a perdem antes!

Mas não se trata de perdas de uso, que o tempo o faça, ora essa, inexorável!, só por promover a sua missão…

O tempo, cinematicamente falando, é a nada pendente variável, na qual o humano é passageiro apenas, numa viagem progressiva e continuada.

E sem volta!

Mesmo que se possa imaginar controlar o tempo, contraí-lo ou dilatá-lo, ousar viajar tão rápido até contra a luz, ultrapassá-la quem o sabe, o espaço e a massa crescendo, infinitamente, ou indefinidamente se reduzindo, ao vazio e ao desvario, do ousar por desafio. Ou do desavio,… por que não?

Por que voltar, sentir o tempo recuar, inverter tudo, se na Matemática nem tudo é invertível sem degenero, que o digam as matrizes de outros matizes, tensores e outros temores, se o belo é prosseguir, sabendo que ninguém se banha nas mesmas águas, desde antes de Heráclito de Éfeso (540 a.C), mesmo o rio sendo o mesmo, sem assoreamento e poluo, e por além do seu fluo, no lamento e prosseguimento, por onde vá o pensamento, poder seguir e desafiar!

Por que não desviar desses momentos excedentes de incúria, sobejos cortejos de pior lamúria, de tantos girassóis pescoços, inclinados e reverentes, e outros tornassóis descorados, o azul tornado colorado, inconsequente, de tantos que fizeram o “ELE”, e que agora se escondem emudecidos!?

Não. Não é tempo de calar. Mas é tempo de se conter para refletir sobre o que digo, o que comento, o discernimento que preciso possuir, evitando o que seria pecado, para mim pelo menos, o de julgar e prejulgar, o que não me é de todo agrado, afinal o desagrado faz parte da penitência, perante Deus, o único Senhor do Ser.

Daí, repito, a minha Reflexão à Quaresma, não me abstendo da mesa e do repasto preferido, como seria fácil, por uma questão de sacrifício apenas.

É muito fácil estabelecer preceitos e condutas.

Nesse particular, até os médicos falham em suas recomendações que soam precisas enquanto ciência.

Ao “Magister dixit”, como se dizia então, em tempos de autoridade, sucedeu o “Modus in rebus” em equidade, por melhor ou pior, mas segundo a medida das coisas. Ou das coisas de cada um, por médio, de mediano e até de mediocridade, que é um médio muito abaixo do rebaixo.

E nesse rebaixado pensamento, abstenho-me para refletir sobre as angústias que são apenas minhas, nas desérticas paragens que busco perquirir.

Meu jejum será tentar buscar em mim as respostas às tentações de Cristo que são comuns de todos, e também de todos os dias, porque o Diabo existe, e ele nos afasta do que somos ou do que bem deveríamos ser.

Porque cada um é um ser Fáustico, em pacto comum com o Diabo, Satanás ou Mefistófeles, ao poeta, ao esteta ou ao profeta, daí porque a Quaresma é tema.

É de busca, de procura, e talvez até de não encontrar a cura, o sacio definitivo da sede, que a Samaritana do Evangelho procurava, e no bom Encontro levou-a a largar o  cântaro vazio, à beira do poço restado inútil, por água viva encontrada.

Uma história tão simples, de uma mulher comum, de um vida incomum, por esvazio mesmo, daquela que não se preenche, nem se completa.

Porque missão do homem e da mulher é de se completarem, e juntos crescerem no semeio e na continuidade de seus gozos e misérias.

E no mais, por cantares ébrios ou históricas egérias do degenero e do mal gênero, o que foi é o que será, embora se queira fazê-lo diferente, o homem e a mulher se preenchendo a contento no ideal abraço.

Feliz do homem e da mulher que se completaram, e há tantos que não se encontram…

Mas o encontro dessa semana no Evangelho que a Igreja nos pôs a refletir, neste Terceiro Domingo de Quaresma, foi o de uma mulher, uma Samaritana, povo inimigo desprezado dos filhos de Jacob, uma pecadora também, segundo os cânones da época, afinal de cama e mesa, como se diz no pior desprezo com as mulheres, por troca de maridos, tinha mais horas de baculeio, que urubu de poiso e voleio.

E Jesus que via nas mulheres o melhor afago para suas palavras, deu-lhe o sacio de água viva que a levou a largar o  pote vazio no poço.

O que me faz lembrar de recente artigo de Eugenie Bastié no Le Figaro, notável polemista, refutando a causa “Woke”que tanto intoxica o mundo.

O “Woke” sendo inspirado no verbo Wake, querendo acordar ou despertar, numa espécie de convite, palavra de ordem em comando e luta, por chamariz e ação motriz, para em denúncia reescrever a consciência social em relação a questões como racismo, sexismo, homofobia, e tudo o que se possa incluir contra a Civilização Judaico-Cristã e sua pregação.

 

Quando foi justo o Cristianismo, como refuta Bastié, e a Igreja, de modo particular, quem melhor reverenciou Suas Santas Mulheres, em maioria bem superior a dos Homens beatificados, exaltando nelas seus méritos e procederes, sem falar que nestes haveres e possuíres, foi o Cristo o primeiro na história, a condenar a poligamia, quando ao homem, alfo macho exaltado, lhe era permitido e concedido ter muitas esposas, por haréns, em namoradas e concubinas.

Santa Tereza de Ávila, grande Mestra da Igreja em fotografia do Le Figaro sobre o crescente vandalismo contra as igrejas parisienses.

E até o feminicídio, palavra da moda, enquanto crime hediondo, fora Jesus o primeiro, a impedir o apedrejamento da mulher adúltera em praça pública, devolvendo o erro dela aos seus acusadores, que em tese todos o somos, provados e comprovados, enquanto pecadores contumazes.

Nós, porque no modo igual, de cada um quase-igual, há um pouco de adultério, ou quem sabe bem além por vitupério!, frente ao que creu, julgou e prometeu, afinal já o dizia, bem antes, o salmista: “Não chameis vosso servo a juízo, pois diante de vossa presença não é justo nenhum dos viventes”.

Tudo o que tem a ver com a  Quaresma, enquanto tempo de reflexão e penitência,

E nesse refletir volto à velha temática do que “Salva” ou não, sem abstrair daquele que não se perde em dúvidas, afinal já entende e assim o déjà decidiu: que ninguém se Salva,  todos estamos irremediavelmente perdidos, ou outro verbo que melhor lhe possa trocar por final desvalia.

Para estes, no longo ou curto prazo, enquanto matéria arrumada de partículas elementares, somos simples repasto alimentar de alguma sofrível suculência.

Todavia, nessa sucumbência, e sem custas judiciais por derradeira esperança, restou a “Salvação” como promessa do Cristo imolado na Cruz, tanto ao bom ladrão padecente ao seu lado, quanto aos demais no seu redor, insensíveis ou enfurecidos, jogando dados por suas vestes, porque assim restamos todos no seu pedido final: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!”

A parte tudo isso, seus exegetas e pregadores questionam: É a que “Salva” ou as obras?

Os que não creem na Fé, dizem que são as obras e não ela, a ilusória Fé, que tudo Salva e resgata,

Aqueles que maximizam as obras, contemplam a Salvação não como um dom da Graça recebido, mas uma suprema conquista do humano esforço, impossível.

Algo que se situa tão no campo limite das impossibilidades humanas, que bem vale o grito enlouquecido de Friedrich Nietzche (1844-1900): “enfim só houve um cristão, e este morreu na cruz!”

E assim melhor seria desistir, dissolver-se em deliquescências infindas.

Contra tudo isso porém, está a interminável Esperança; “Deus provê, Deus proverá, Sua misericórdia não faltará”, suprema certeza de Abraão e de seus filhos para sempre.

 

Vandalismo e Protecionismo.

Enquanto isso, leio na imprensa europeia duas notícias.

A primeira fala do crescente vandalismo contra as igrejas católicas parisienses.

A notícia vem da Igreja São Francisco-Xavier, localizada no 7º arrondissement da Capital Francesa, sofrendo de uma sequência de ataques que vem causando mistério e preocupação diante de um vandalismo em serie acontecido, justo na capital das liberdades .

 

Matéria do Le Figaro de 14 de março, onde se vê o Padre Pascal Genim, pároco de Notre Dame de Lorette – Paris, ao lado de Santa Tereza de Ávila , pintura de Henry de Caisne (1799-1852), que foi danificada recentemente.

Em matéria do Le Figaro de 14/03, Stephane Kovacs denuncia: “Mistério e inquietação em torno do vandalismo em série das igrejas parisienses”, informando que desde janeiro, cerca de quinze degradações aconteceram, produzindo prejuízos artísticos e culturais, e ensejando forte insegurança aos fiéis.

Lista a matéria para espanto de crentes e agnósticos: “Uma estátua foi decapitada na igreja Saint-François-Xavier, no 7º arrondissement de Paris.  Um altar danificado no coro de Saint-Eustache, no centro da capital.  Uma pintura vandalizada com genuflexórios em Notre-Dame-de-Lorette, datado do século 9.  Uma estátua de Santa Rita quebrada em Saint-Nicolas-des-Champs, do século 3.  Aconteceu uma explosão de violência que afetou seis grandes igrejas da capital na semana passada”.  

Trata-se de uma ocorrência lamentável, por desrespeito à liberdade de culto, à propriedade, e até ao patrimônio material, que se alçou além curial por histórico.

Em confessada impotência, por conhecimento dos fatos, lamenta  Karen Taïeb, Vice-prefeita de Paris, encarregada do patrimônio. “Já se passaram cerca de quinze igrejas desde janeiro!”

Onde o grifo foi introduzido por mim, para explicitar a responsabilidade e o encargo do patrimônio, só para dizer que o Estado Francês é laico, de tradição profundamente anticlerical, na porrada mesmo, de lutas ferozes, republicanas, e que por teses fóbicas do que fosse uma verdadeira “Res-Publica”, jamais deveria se envolver com a segurança, manutenção e gerência daquele bem patrimonial, que, em suas teses, só deveria ser Curial e Diocesano.

Mas, voltemos à matéria, porque a encarregada pública procurou se eximir em impotência: “A prefeitura apresentou denúncia.  Perante ‘este grave problema de segurança recorrente’, o governante eleito pediu à polícia que ‘aumentasse ainda mais o número de rondas em redor dos locais de culto’.

O tema todavia é recorrente: Em janeiro passado, em menos de uma semana, três igrejas no leste de Paris foram incendiadas”.

Como a França vive o drama da insegurança acrescido à imigração irregular, os fatos se sobrepõem sem o querer, ou querendo, estabelecer causas e culpas, no paralelo da notícia:  “Um homem de origem ucraniana havia sido preso e internado na enfermaria psiquiátrica da Prefeitura de Polícia.  Na tarde desta sexta-feira, um indivíduo, nascido em Angola em 1995, foi detido em Saint-François-Xavier.  Ele sofre de uma doença psiquiátrica e foi levado diretamente para o hospital”, segundo a mesma Vice-Prefeita, Karen Taïeb, antes exibindo os cuidados com os que erram e causam dano, perante a Lei, porque tal homem “tinha uma autorização de residência válida.  Agora, essas duas pessoas estão retidas e não causam perigo.  Mas nunca estamos a salvo de mais degradação…”

O artigo de Stéfhane Kovacs alerta para um possível mimetismo, por efeito de suscitar repetições por imitações: “Como o número de atos de vandalismo ‘está se tornando preocupante’, continua a articulista – a oposição de direita e de centro pedirá ao Conselho de Paris esta semana ‘uma estratégia real para proteger as igrejas’. 

Nesse sentido, Eleita para a gerência do  19º arrondissement, onde a igreja Notre-Dame-de-Fátima se localiza e foi alvo de dois atentados de incêndio, no final de janeiro, Marie Toubiana apresentará um pedido, em nome do grupo ‘Changer Paris’ (mudar Paris) – que reúne republicanos , centristas e independentes, afinal  ‘o incêndio que atingiu, no dia 18 de janeiro, Saint-Martin-des-Champs, no dia 10, poderia ter tido consequências dramáticas para esta igreja construída em madeira”, o que comove sobremodo esta vereadora parisiense. 

Grita aquela voz da edilidade: “Pedimos vigilância reforçada e instalação de equipamentos de segurança dos locais de culto e instalações paroquiais.  Pedimos à prefeitura que se comprometa a reparar os estragos nas igrejas pertencentes ao município o mais rápido possível.  Nosso grupo fica muito preocupado: quando tem quatro, cinco ou seis atos de vandalismo, depois disso porque cria um mimetismo, por efeito”

No dia 2 de março, na igreja de Saint-Eustache, relata o padre Yves Trochéris; “à hora da missa diária das 12h30”, descreve o pároco, um homem “destruiu, com golpes de extintor de incêndio, a proteção da janela do brocado do altar”.

“Sua profanação nos toca profundamente”, continua ele.  As testemunhas da cena ficaram muito atemorizadas”

Os fatos se sucedem: “Uma semana depois, quarta-feira, 8 de março, por volta do meio-dia, o mesmo homem atacou a igreja Notre-Dame-de-Lorette.  Ele primeiro quebrou um oratório, depois tentou quebrar o altar, virou uma escrivaninha e atacou, com um pedaço do oratório, a grande pintura de Henri de Caisne, Sainte Thérèse de Ávila”, relata o padre Pascal Génin:  “Era o melhor trabalho pictórico da igreja!  A cidade de Paris apresentou uma queixa pela pintura que possui.  A pintura, que acabara de ser restaurada, está agora perfurada por três grandes buracos. 

O autor dessas degradações, informa ainda o padre Génin que já o conhece de outros ataques: “Ele já tinha vindo, no dia 10 de janeiro, quando eu celebrava a missa, lembra.  Ele interrompeu o serviço, batendo palmas e gritando ‘pedófilos!’.  Ele não estava alcoolizado, falava normalmente e parecia ter plena consciência do que estava fazendo.  Os paroquianos ficaram apavorados.  O sacristão conseguiu tirá-lo de lá.

A notícia revela o total desamparo das Igrejas: “As fotos deste homem, já preso ao sair de Notre-Dame-de-Lorette em 10 de janeiro, são conhecidas pela polícia desde aquela data”, e já circulam em uma rede de WhatsApp dos padres parisienses”. 

Em acréscimo o padre Génin sublinha: “As fotos tiradas em cada uma das igrejas vítimas dos mesmos fatos confirmam que se trata do mesmo indivíduo”, levando os sacristãos e todos da Capela a ficarem estressados, afinal  “Esse cara vem perturbando nossas vidas há dois meses”.

No mesmo texto conta Stéphane Kovacs, “que uma estátua fora quebrada naquela quarta-feira, porque o mesmo homem também passara antes pela igreja de Saint-Augustin, no 8º arrondissement.  Depois recomeçou, nesta sexta-feira, em igrejas do 3º, 10º e 7º arrondissements.  Antes de finalmente ser preso à tarde”. 

A preocupação é tanta que o cura da igreja de Saint-Leu-Saint-Gilles, padre Arnaud Bancon, exibiu uma foto do suspeito na sua sacristia por temor e prevenção.

A Igreja de Saint-Leu-Saint-Gilles é altamente vulnerável porque, muito antiga, alberga uma pinacoteca “da escola de Caravaggio, quadros dos séculos XVII e XVIII”.

“Pedi para alguém ficar na entrada durante a missa”, explica o Padre.  O problema é que, mesmo que o autor seja preso, internado num hospital, logo terá alta e tudo se reiniciará.

Sem solução, lamenta o Cura: “Estaremos muito mais vigilantes, e se não houver ninguém para garantir o acolhimento, teremos que fechar a nossa igreja”.

Ou seja: quando as Igrejas não são depredadas e incendiadas, ao acaso ou ao descaso como a Velha Senhora Catedral, Notre Dame de Paris, a solução é ter suas portas lacradas.

Protecionismo

Em outra “lacração”, a segunda notícia fala do velho, mas sempre ressurgente: Protecionismo Comercial, desta vez contra o Brasil, nosso Agro e até contra o Ex-Presidente Bolsonaro, nunca esquecido.

Em matéria de hoje, 15 de março , o Le Figaro divulga uma “‘Union sacrée’ de députés français contre l’accord avec le Mercosur”, uma “‘União sagrada’ de deputados franceses contra o acordo com o Mercosul”

Matéria do Le Figaro de 15 de março, destacando a União Sagrada de Deputados de vários partidos contra o Acordo Mercosul, leia-se Brasil

Concretamente, não sei se foi uma união mal sacra ou má sagrada, por pior consagrada, porque o “sacrée” também pode ser mal jurado e até blasfemado, e assim me parece, bem melhor afim.

Se não permeia tais confins, a notícia do Jornal, por chamadas de manchete de Anne Cheyvialle, relata que Deputados eleitos de todos os blocos “estão pedindo que a França bloqueie o controverso acordo de livre comércio entre a União Europeia e os países latino-americanos”.(leia-se Brasil)

O meu: “leia-se Brasil”, explica-se porque encimando o artigo há uma foto atribuída a um vista aérea de uma área desmatada da floresta amazônica no estado do Amazonas, Brasil, datada de 15 de setembro, quando, segundo o jornalão gaulês, “a presidência de Jair Bolsonaro incentivou o descaso ambiental”.

A título de debate vamos à matéria da Sra. Cheyvialle: “Conferência de imprensa que reúne representantes de quase todos os grupos parlamentares da Assembleia Nacional, na presença de Christiane Lambert, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores (FNSEA).

A imagem não é trivial. “Essa inédita aliança suprapartidária se opõe ao polêmico acordo de livre comércio entre a União Europeia e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), muitas vezes apresentado como um acordo “carne para carros” que prevê a eliminação de tarifas alfandegárias sobre mais de 90% dos bens e serviços comercializados”.

A grita é generalizada, todos contra os produtos consumidos vindos de fora em desafio de mercado à competição : “Já vi o estrago em minha casa de uma China que se tornou a fábrica do mundo, o que levou à realocação de fábricas.  Não quero um Brasil que virou a fazenda do mundo”, diz François Ruffin, representante do Somme, pertencente ao partido, nunca dito da esquerda radical: “La France Insoumise” (LFI) (França rebelde, por insubmissa).

“Este tipo de tratado colocaria em risco a nossa agricultura e a nossa pecuária e, mais amplamente, a agricultura europeia que já perde competitividade”, se exalta Julien Dive, deputado de Aisne do Partido “Les Républicains”, da direita moderada, dita republicana.

Já  Pascal Lavergne, deputado renascentista de Gironde, insiste na questão de “soberania e segurança alimentar”, justo quando a França tem uma das “agriculturas mais virtuosas e que não devem ser sacrificadas no altar da livre troca“.

Neste altar da “livre troca”, crença nova do culto ao Capital e à livre concorrência, é que as negociações iniciadas há mais de vinte anos, entre Bruxelas e o Mercosul e que chegaram finalmente a um acordo em junho de 2019, foram interrompidas algumas semanas depois pelo choque dos incêndios gigantes na Amazônia, o que foi, no meu entender, e em ausculto de tais discursos, um eufêmica desculpa, para que o transitório, da interrupção por pruridos ambientalistas, se fizesse desde agora permanente, por absoluta reserva de mercado.

Durante o G7 em Biarritz, em setembro, diz Anne Cheville, o próprio Presidente francês, Emmanuel Macron,se manifestou contra o acordo, questionando o descuido ambiental do presidente brasileiro Bolsonaro.

Desde então, em movimento mais amplo de desafio à globalização o acordo parece estar, bem e verdadeiramente, enterrado.

Segundo a articulista, “esses vastos acordos comerciais, tão criticados por sua opacidade, preocupam os consumidores, cada vez mais angustiados com as questões climáticas e de saúde”.  Os consumidores franceses, é bom ressaltar.

Nesse contexto o cidadão francês, por alguns de seus tenores, têm bronqueado tremores, 2015 com o movimento “Anti-Tafta” (acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia) depois contra o “Ceta”, o acordo com o Canadá, demonizando a carne bovina por denúncias de hormônios etc.

Diz o artigo do Le Figaro: “O relatório ‘Ambec’ da comissão de avaliação do tratado com o Mercosul, encomendado em 2020 pelo governo, expressou ressalvas, prevendo uma aceleração do desmatamento de 5% para 25% nos primeiros seis anos de implementação do acordo.

Os eurodeputados temem o ‘dumping social’ (por despejo, descarrego e até esvazio, do uso bretão, por desvalo chotão do melhor jerico gaulês, a verter e representar), e a ‘concorrência desleal’ dos países latino-americanos que não aplicam os mesmos padrões.  (grifo meu, só para dizer que não é o fogo, nem o desmatamento, as raízes de tanto excesso de paixão)

“Eles fazem uso extensivo de pesticidas e recorrem a antibióticos de crescimento.  30% dos agrotóxicos usados ​​no Brasil são proibidos na União Europeia”, especifica Mathilde Dupré, do Instituto Veblen, associado à iniciativa dos Deputados, num discurso, que em tese grassa a oposição e extermínio, de toda a agricultura que se mecaniza e utiliza o defensivo contra todas as pragas.

Como o praguejar contra uma árvore de bom fruto, nunca foi pecado ou proibido, insiste Christiane Lambert: “Precisamos de ‘tratamento justo’ e transparência para os consumidores”.

“Na Europa, gritam os Deputados: temos o ‘Green Deal’, a estratégia ‘farm-to-fork’ (agricultura mais sustentável), já os artigos vindos de outro lugar, ingressam no nosso território sem respeitar as mesmas regras”

Nesse contexto de revolta, o grupo vê até mesmo uma heresia, a suprema negação da democracia

Se os deputados estão se posicionando para pedir, em moção de resolução, que o governo bloqueie o acordo, é porque ele foi, ou está sendo, ressuscitado!

A situação geopolítica pós-pandêmica e de guerra na Ucrânia mudou tudo.

Agora, segundo a articulista, o noticiário está pressionando os europeus a diversificarem seus suprimentos estratégicos.  Daí o interesse redobrado pela América do Sul, rica em minerais.

Como há um santo novo no altar, a eleição de Lula como chefe do Brasil e a promessa de uma reviravolta ecológica criam um contexto favorável.

Testemunhe-se um balé eufórico de líderes políticos de ambos os lados do Atlântico nas últimas semanas, depois da sua posse.

No final de janeiro, em Brasília, o chanceler alemão Olaf Scholz desejou um “progresso rápido” nas negociações.

No início de fevereiro, Ursula von der Leyen disse estar vendo agora “uma janela de oportunidades”, o que preocupa os Deputados.

O artigo revela um desalinho destes parlamentares, frente a tantos planetas tão alinhados com a presidência da União Europeia, ocupada até o final de junho pela Suécia, um país por natureza favorável ao comércio, depois pela Espanha, que quer estreitar os laços com a América Latina.

Nesse sentido, uma delegação de Bruxelas visitou a Argentina na semana passada.

O objetivo seria concluir com êxito a próxima cúpula União Europeia-América Latina, que acontecerá nos dias 17 e 18 de julho em Bruxelas, defendeu Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia.

Em outra via, seus compatriotas holandeses não estão na mesma linha: o Parlamento da Holanda votou na semana passada contra o acordo com o Mercosul.

 Os deputados franceses alertam contra a tentação de Bruxelas de dividir o acordo, evitando assim que a parte comercial sofra bloqueio dos parlamentos dos Estados-membros (vários países, incluindo Áustria, Bélgica e Irlanda, relutam).

“Inaceitável!, jugulam os deputados, que contemplam aí uma “negação da democracia”.

Introduzi tais temas, “Vandalismo e Protecionismo”, em meio à Quaresma, afinal o mundo é o mesmo, embora se diga que em “Fazendo o Ele”, ele esteja bem mudado, para melhor!

O que esse povo não sabe, nem deseja saber é que só vingou o “Ele”, por causa do mais-que-esclarecido eleitor do Nordeste. Não fosse ele,…não tinha tanto galo cocoricando.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais