Santo de pouco milagre…

Quando o santo de casa falha…,

 ou: “De quem eu gosto, nem as paredes confesso”.

Nas angústias comuns dos humanos, a incerteza provoca dúvidas, preocupações mais das vezes, afinal o futuro é carta a jogar, e o acaso não desvenda suas leis, muito menos, os sortilégios.

Das leis, pelo menos aquelas jamais contraditas, por matemáticas, repetíveis e imutáveis para sempre, as leis matemáticas vingam como postulados de Deus, que ao homem coube descobrir e dominar, quantificando o seu valor, sem repensar dúvidas.

Porque na Matemática, sabe-se que uma sua Lei nunca falece. E em sua desvalia, basta um exemplo encontrado na bateia por cisco de qualquer ganga.

Este cisco único, em contraexemplo, fulmina para sempre, todo um axiomático castelo erguido e construído para sua prova.

Neste contexto inexorável por definitivo, ninguém em boa gesta, e até por escarro recolhido de destino, expectora para o alto, sem receber por fulcro em bom acerto a cusparada indesejada.

Há, todavia, muita gente que gosta de salivar para cima, na esperança de não recolher o mal lançado e por pior; mal desejado!

Desejos à parte, o acaso e seus infortúnios são perquiridos, para isso existindo vasta procura de sábios e adivinhos, muitas bruxas, mal videntes, consulentes e pitonisas, isso desde a antiguidade, quando a fama assestava o desvendo de sortes, via cartas, búzios, aprumes de astros e planetas, uma arte infindável de mapeios e ateios, em permeios e vadeios de quiromancia, hoje não tanto esquecidos, mas não de todo abandonados.

Saber o futuro, percutir o bom passo a manter, o caminho a escolher e a direção a tomar, eis a grande dificuldade comum de todos, na política, sobremodo.

Agora, estamos em prévias eleitorais, alguns querendo soçobrar no maremoto das urnas, preocupados com o eleitorado, que sempre enganado, persiste no profano desengano do ensaio-em-erro das vãs escolhas, recolha que a Democracia propõe para o sacio de vontades, e o esvazio das eventuais amarguras da multidão, suas cores em pastoris, confrarias e torcidas.

As Democracias não costumam esvaziar assim as insatisfações coletivas?

De dois em dois anos no Brasil não vige uma eleição que nada muda?

Quando não é de Vereadores e Prefeitos, é de Deputados e Senadores, estes após terrível e longínquo mandato de oito anos.

Por que tanto tempo de mandato? E renovado pior em 1/3 ou 2/3, do plenário, só para conseguir diluir qualquer mudança, e quem o sabe?, arrefecer alguma comezinha esperança… Porque o Senado nem a si se muda!

Enfim, esta é a Democracia que possuímos, com mais de trinta agremiações políticas ao nosso dispor, enquanto cardápio variegado, todo ele esvaziado e sem ideologia própria, disponível ao confuso emaranhado, abstruso, nada obtuso, que funciona como parafuso aluído, posto pra girar sem fim, e sem avançar conseguir.

Para quê, avançar se o objetivo reza melhor como marca ilusória de fantasia?

Avançar pra quê, se o bom discurso tem que restar sinuoso e pantanoso, para o ideal sumidouro do bom esvazio dos sempre lautos recursos públicos?

Porque no vácuo das ideias, e já no acuo das prometidas cefaleias, tão comuns e sobrecomuns ao pântano das intenções mal exaradas e que as eleições tanto sublimam, tudo resolve inserindo sempre a dúvida, daí a grande mania de consultar videntes e especialistas, alguns com contas muitas entre bolas-de-cristal, outros ditando nos escritos o seu lume a prosseguir.

Como, porém seguir, saber a quem apoiar, se a moda de ontem não é a de hoje, igual a Heráclito de Éfesodenunciando a renovação das águas, que não alimpam igualmente o mesmo lodo, com o cobre perdendo o lustre, e o limo se azinhavrando?

É quando me vem a lembrança tempos passados, longínquos, não dos tempos de Cassandra louca falastrona de Troia, que tudo previa em oráculo, e ninguém acreditava, porque as pessoas creem no que querem, daí os profetes recomendarem o afastamento de tais magos e bruxos, e porque bem melhor é lavrar de sol a sol o eito comum, para o probo proveito de cada um.

E neste emaranhado dissenso de cada um, bem vale dar um passeio histórico, mesmo em versão distinta, por contumaz esquecimento, de recomendação renhida, para vingar qualquer versão denegada.

Porque embora se diga o contrário, no aproveito siroco de similares “cassandras” em terra-pátria, quando rebentou o Movimento Militar de 1964, depois batizado de “cívico-militar”, e depois ainda por convencionado antraz mal execrado denunciado como “golpe militar”, a casta política então circunstante, com raríssimas exceções, imediatamente aderiu, sofregamente, aos novos comandantes do país.

O movimento que nasceu como um inocente desfile de tropas sediadas em Juiz de Fora, Minas Gerais, em demanda do Rio de Janeiro, Capital Federal, há bem pouco destronada, ali chegara vitoriada, sem dar um tiro de festim, e sem qualquer resistência dos Poderes Constituídos, Presidência, Congresso Bicameral e Judiciário, numa queda de cartas incompreendida até hoje, porque o comum foi dizer-se, vinte anos depois, que tudo se passou sem povo, contra o apoio deste, mas recebendo os seus apupos frenéticos, “bestificadamente, ou em “palmas de unhas enluvadas”, como de costume.

Se não foi assim tal frenesi, foi na minha ótica quand vi, eu um adolescente quase-criança, aos dezesseis anos acompanhando a notícia pelo rádio, com uma emissora se dizendo “Cadeia da Legalidade”, tentando sustentar o regime do Presidente João Goulart que caía, e no outro lado uma “Cadeia da Liberdade”, salve engano,  enaltecendo o heroísmo dos Generais Insurgentes; Olímpio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes, então pouco conhecidos, excetuando o primeiro, a quem fora atribuído nos antanhos sequentes à “Intentona Comunista de 1935”, o famoso e mais-que-tinhoso, “Plano Cohen”, fulcro do Autogolpe de 1937, no qual Getúlio Vargas instituiu o assim chamado “Estado Novo”.

Do noticiário de então, o que se viu foi uma correria de políticos, todos se agasalhando nas sombras dos Governadores dos Estados Maiores, então partícipes da recém assumida “Revolução”, a saber: Carlos Lacerda do Estado da Guanabara, Ademar de Barros de São Paulo e Magalhães Pinto de Minas Gerais, sendo detidos os Governadores Miguel Arraes de Pernambuco, Seixas Dória de Sergipe e Badger Silveira do Rio de Janeiro, estes as primeiras vítimas do regime instaurado, sendo cassados os seus mandatos pelas respectivas Assembleias Legislativas, em votação que não faltaram discursos irradiados, hoje perdidos por convenientemente esquecidos e não gravados.

Do desgravado conhecido, sabe-se que houve uma grande caça às bruxas, bem análoga àquelas que Claude Lelouchpôs na tela no seu inenarrável filme “Les uns et les autres”, ou “Bolero”, ou ainda “Retratos da Vida”, que eu costumo lembrar, porque o homem rotineiramente repete as mesmas misérias, mesmo que depois sejam compostas músicas notáveis como as de Francis Lai e Michel Legrand, e até por que não?, os versos de Aldir Blanc e João Bosco, na voz de Elis Regina, falando do “Bêbado e do Equilibrista”, no Show que tinha de prosseguir… para continuar.

Porque essa coisas acontecem sem bebedeira, mas sempre no desequilíbrio das paixões, como a morte da Vereadora Marielle, em balaços precisos, tão supra-precisos e certeiros, quanto tão mal escolhidos, em tantos alvos que bem melhor restariam assestados, por desejados, em coletiva catarse, por necessária.

Porque ninguém jamais acreditaria que: por ser “mulher e negra somente”, e “lésbica!”, como fora assim enaltecida sem qualquer dolo imerecido, mas como símbolo de pior  convolo de beleza, alguém lhe teria a afoiteza, de matá-la! Só por isso?

Nesse contexto ébrio e equilibrista, matador por matador, louvo mais a afoiteza e o atrevimento de Charlotte Corday, aquela que sem amanho ou titubeio, sangrou no peito o sanguinário  Jean-Paul Marat, “l’amie de peuple”, em meio ao banho, sem correr nem fugir, pagando com a própria vida, seu melhor exemplo.

Isso, porém, é outra historia.

Como a de François Ravaillac, o matador do Rei Henry IV, por permitir na França a liberdade de culto e fé; e por outra fé, o feito de Mancio de Paiva, matador do Senador Pinheiro Machado, “o fazedor de Reis”, da República Velha; e deJoão Dantas, o assassino de João Pessoa da Paraiba, em defesa de sua amada, Anayde Beiriz; e muitas histórias como a de Sylvia Seraphim, ex-Thibau, que no desfecho propagandeado e escandalizado de um adultério acontecido, a partir de uma depilação intima, inflamada, à bala abateu o cartunista, Roberto Rodrigues, irmão do Teatrólogo Nelson Rodrigues, só para dizer que “a vida é como ela é”, ninguém sabendo bem prever o futuro, de modo a defender-se do presente.

E também outras façanhas como as de John Wilkes Both perfurando o cérebro de Abraham Lincoln; Ramon Mercaderfendendo com picareta a cabeça notável da “grande águia”, Leon Trotsky, em seu escritório; e outras mortes como a da “grande águia”, segundo Lenin,  Rosa Luxemburgo, morta a pauladas na sarjeta de Berlim, como se faz a qualquer sarigüê que mal assedie um galinheiro.

E outras como a do Presidente John Kennedy em Dalas no Texas, por Lee Harvey Oswald,  em muitos exemplos, como Mahatma Gandhi, Indira e Rajiv Gandhi, na Índia, Benazir Bhutto no Paquistão, Anwar al Sadat e Shimon Peres, de um lado e do outro do Canal de Suez,  muitos como o ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, em pleno comício e Olaf Palme na Suécia, desde Julius Cesar em Roma. Todos com algum ódio motivador.

De concreto sabe-se,  que minguem conhece o futuro, como Marat também não o sabia, quando destilava ódio de sua pena imoderada, do mesmo modo como os políticos no Pós-64, aderindo em pouca exceção (pouquíssima!) ao movimento militar, que se assumia bravio e raivoso.

Poder-se-á dizer que neste salve-se-quem puder daqueles políticos de 1964, a moderação foi a tônica que vingou, pacificando os excessos, porque naquelas horas por demais trevosas, bem poderia ter acontecido o imponderável.

Havia muito combustível inflamável exposto, sabe-se pouco ainda, porque assim restou conveniente, mas se não fosse apagado no nascedouro qualquer rastilho, o resultado seria bem pior que o relatado, pelas infindas cartilhas, destinadas e recontar o que foi vilania, covardia e crueldade, tentando ferrar bandidos,  forjar heróis e beatificar santos, como se o homem nunca fosse capaz de repetir suas misérias, continuamente!

Pelo que se narra e supõe, naquele instante difícil da nação, todos se sentiram eventuais herdeiros do regime que se encontrava acéfalo, nenhum possuindo cacife ou cocar, para pôr as fichas no jogo.

O General Mourão Filho, por disciplina e ingenuidade, (ele próprio se definia como uma “besta fardada”) batera continência para o General Costa e Silva, seu superior hierárquico no Quartel do Exército acantonado, para onde acorriam os políticos aperreados.

Quem seria o Presidente? Perguntavam-se todos, sem firmar consenso.

Teria que ser um militar, sugeriu logo alguém se achando por maior, patriota, afinal a tropa não calçara coturno, só a soldo, para exibir chulé por idealismo.

Não faltaram militares a invocar proto-merecimento em glórias.

Costa e Silva, o General mais carrancudo, seria logo o indicado, não ensejasse o perigo de parecer audaz, autoritário.

Havia um outro General, o Amaury Kruel, Comandante de São Paulo, alguém que não tivera pejo de derrubar João Goulart, mesmo em sendo este, seu amigo pessoal e compadre…

Confrarias e compadrios à parte, alguém lembrou de um General taciturno, o Cearense Humberto de Alencar Castelo Branco, homem tido como erudito e silente, alguém cuja efigie não combinava com a estirpe de um herói, em parca altura, gigantismo de cabeça perante desprovimento quase, de pescoço.

Era, porém, um “udenista lacerdista”, eleitor fiel de Carlos Lacerda, o Governador da Guanabara,  alguém que já revolucionário, e em prévias do golpe, denunciara as mazelas do regime carcomido, mediante um manifesto que assinou como Chefe do Estado Maior do Exército e que fora, pelo que se sabe, pouco lido e entendido.

Uma vez escalado o nome do General Castelo Branco, este foi logo encampado pelos políticos, num “conciliábulo de  governadores e generais destinado a evitar a coroação de Costa e Silva”, segundo o escritor Hélio Gaspari.

A sua, dele Gaspari, “Revolução”, envergonhada como Ditadura”, mantivera o Congresso e o Judiciário nos seus quefazeres intocáveis, e o novo Presidente seria eleito nas duas conchas congressuais reunidas, em voto aberto recitado, votação que aconteceu com muito aplauso no dia 11 de abril de 1964, Castelo Branco obtendo 361 votos, seguido de Juarez Távora, 3 votos, Eurico Gaspar Dutra, 2 votos, e 109 abstenções e ausências.

Desta seção, envergonhada ou não, contam-se dois fatos, comuns às duvidas e incertezas dos homens.

O Primeiro vem de Tancredo Neves, um dos líderes do regime caído.

Alguém assediara Tancredo, tentando cabalar seu voto para Castelo Branco: – “Ele é um homem estudioso, é erudito, lê muitos livros!”disse-lhe o circunstante.  “Eu sei! – replicou Tancredo – Mas ele lê os livros errados!” E o voto foi negado.

O segundo vem do Ex-Presidente Juscelino Kubistchek, então  Senador por Goiás que instado a votar em Castelo Branco, pronunciou seu nome, recebendo algumas palmas que não lhe pouparam o sacrilégio, por infortúnio sortilégio da História.

JK, por mau presságio de fortuna, era o nome mais esperado para as eleições presidenciais de 1965, que não aconteceriam e seriam até por isso adiadas, porque o mesmo Congresso aquiescera prolongar o mandato presidencial de Castelo Branco, por mais um ano, a findar em 1966.

E a História, em cada dia com a sua agonia, logo levantaria a série de vendetas, Juscelino sendo preso como inimigo do regime, em esgrime ao qual não faltaram infindas acusações, com as malversações de fundos de sempre usadas em perseguição e covardia, e muitos golpes a ele desferidos em cascatas.

Sem arrefecimento destas cascatas, do seu cascateio e do cansaço, como nada debaixo do Sol mudava, logo chegariam as eleições de Governadores de alguns Estados em 1965 como, Guanabara, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, quando o povo em eleições diretas derrotou os candidatos alinhados com a Revolução, numa prévia anunciada de que tudo seria derrubado nas eleições gerais previstas para 1966.

Era um ledo engano na leitura dos astros.

A eleição de 1965 fora respeitada e o recado sobremodo, alertou o regime.

Logo viria um novo “Ato Institucional”, o segundo, tornando indiretas as eleições para Presidência da República e os Governos Estaduais, uma leva que atingiu as Prefeituras das Capitais e outras cidades, que assim conviessem ao poder central.

E os políticos, rápida e espertamente, em “pirão pouco de maniçoba oferecido”, cada um bem posicionou sua colher e papeiro, ocupando os espaços de poder disponíveis, não sobrando nenhum vazio.

E nesse desvario acontecido, sem tresvario denunciado, se 1966 não fora suficiente como lição a admoestar, nos idos de 1968, no dia 2 de setembro, precisamente, um Deputado Federal, Márcio Morteira Alves, em meio aos marulhos autoritários de cassações e detenções, promovidos por Costa e Silva, resolveu revolver o bagulho, invocando a “Revolta dos Emboabas” e revisitando o texto de Aristófanes: Lisístrata; recomendando uma greve do sexo contra os militares; dos cadetes aos oficiais, incluídos os recrutas e generais, a fim de que no leito, e com o “balaio amarrado”, fosse deferida a queda do regime, em comemoração ao dia da pátria que se avizinhava.

Seria cômico, não fosse trágico, porque o regime quis cassar o mandato do Deputado Falastrão, e alguém posando em excesso de moderação, aconselhou que o Congresso fosse convocado a licenciar o Deputado afim de que o mesmo fosse processado.

O regime beirava cair, com estudantes fazendo passeatas às portas do Calabouço. E o Congresso, em muitos discursos e euforia, cometeu a tolice de negar a licença para processar o Deputado.

Uma tolice tão estranha e tamanha, que nenhuma pitonisa previra o amanho de uma resposta tão funesta.

Porque o regime, contrariando búzios, vísceras e cartas, estava muito além inviscerado de cair inerme de podre, e logo veio o “famigerado Ato Institucional numero 5”, aquele que batizaria o ano de 1968, como “o ano que não terminou”, segundo texto famoso de Zuenir Ventura.

A história por má-ventura, desventura, e muita ausência de jogo de cintura, não terminaria tão cedo, mesmo quando os astros se reuniram, anos depois, isso em 1974, e com ele as Chamadas “16 derrotas que abalaram o Brasil” de Sebastião Nery, quando o MDB, então partido de oposição ao Regime Militar, derrotara a ARENA, no bipartidarismo recém-inaugurado.

Destas dezesseis derrotas, figuras notáveis como Nestor Jost no Rio Grande do Sul, Carvalho Pinto em São Paulo, e até Leandro Maciel em Sergipe foram banidos exemplarmente da vida pública, surgindo nomes destacados como Paulo Brossard do Rio Grande do Sul, Marcos Freire de Pernambuco, Gilvan Rocha de Sergipe, Itamar Franco de Minas Gerais, Orestes Quercia de São Paulo, todos do MDB, o partido da oposição aos militares, soçobrando alguns poucos arenistas como Jarbas Passarinho no Pará e Teotônio Vilela de Alagoas, aquele que viria a ser depois o “Menestrel das Alagoas”.

Quanto às “dezesseis derrotas” curtidas e avaliadas, estas levaram o regime a dar o seu troco, apeando mais uma vez as oposições que cantavam loas ao futuro que se lhes abria radiante, sobretudo com a morte do General Costa e Silva, e a perspectiva de sua substituição pelo Vice-Presidente, Pedro Aleixo,  justo aquele que a contragosto assinara o Ato Institucional Número 5, “temendo o guarda da esquina”.

Tanto o “guarda da esquina”, como toda a vanguarda resguardada e engatilhada em pior indisciplina, tendo os políticos em seu servil endosso, tiraram sem pejo de cena o Aleixo Pedro, por incomodativo elo, pondo nos eixos toda a polia que ameaçava ruir, instituindo para isso, uma troica autoritária, com Lira Tavares, do ExércitoMárcio Melo, da Aeronáutica e Rademaker Grünewald, da Marinha, “três patetas”, assim restados, em novo golpe assinalado, entronizando um novo Presidente, o terceiro, Emílio Garrastazu Médici, aquele que bem seria aplaudido, até no Maracanã, justo ali, onde se vaiava, segundo Nelson Rodrigues, até o Hino Nacional.

E o pau cantou adoidado, cantando “Pra Frente Brasil, Salve a Seleção!”, com euforias várias de “Brasil ame-o ou deixe-o!”, adornando automóveis orgulhosos com a pujança do “Milagre Brasileiro”, tempo em que não faltaram cantadores de muitas odes vazias ao regime consolidado.

E nesse consolido continuado, viria depois outro 4º  Presidente, o General Ernesto Geisel, sisudo e germânico, a quem ousaram denunciar, provocando o derradeiro golpe e definitivo, instituindo os Senadores Biônicos, em nome da “Lenta, Gradual e Segura Abertura do Regime Militar”, da qual não faltaria a sua escolha, dele Geisel, pessoal e intransferível, dos Governadores Estaduais, a serem referendados pelas Assembleias Legislativas.

Depois veio a Guerra do Yom Kippur, entre árabes e israelenses, e com ela a criação da  OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, aumentando exageradamente o preço do barril de petróleo, fulcrando de morte o “milagre brasileiro”, a inflação se descontrolando, e os políticos se bandeando, largando a ARENA, que virou PDS, dando tempo apenas de produzir um 5º General Presidente, João Batista Figueiredo, aquele que veria seu apoio escafeder-se e esfarelar-se em apoio à Nova República de Tancredo Neves, que morto viraria santo de pouco culto, porque logo vingaram tantos não santos, quão bandidos, sobrando os mesmos erros, comuns de todos, em farta ilusão por desesperança.

Porque a República Nova baniu o “entulho autoritário” e gestou o que hoje vemos com o Supremo Tribunal Federalditando normas e sendo acusado de tudo e dos canudos, enquanto “Imoderado Poder”, assim  constituído.

Como “Santo de casa não faz milagre”, isso desde o tempo de Jesus, O Cristo, agora apela-se para um santo de fora, Elon Musk e seu X, outrora Twitter.

Tuitando bestamente, eu diria que as oposições de agora cometem as mesmas tolices de outrora.

Se antes cada passo em falso, só fez de fato, hoje se sabe, provocar a renovação do Regime Militar, com uma sobrevida inusitada, as oposições de agora creem que há uma fadiga nos excessos denunciados a partir dos infaustos acontecimentos do mal afamado “golpe de oito de janeiro”.

Se há muita reprovação popular, está bem longe a derrubada do regime execrado, sobretudo via Twitter.

Quanto às próximas eleições, já contadas como favas contadas no aplauso das ruas seguindo o “Mito”; é bom por as barbas de molho que o santo é de barro mal-cozido!, afinal há os que querem sofregamente o poder, e aqueles que tudo farão para não perdê-lo.

Igual àqueles sob a Ditadura Militar, fosse ela Envergonhada, Escancarada, Derrotada e Encurralada.

Nesse encurralar do novo regime execrado, é bom consultar bem os astros, e não se arriscar em divulgar estratégias.

Nesse contexto de dúvidas, e sem apelar para santo de fora a querer milagres, é bom cantar aquele Fado famoso na voz terna de Amália Rodrigues, para não fazer besteiras: “Podes morrer, podes chorar / Podes sorrir também / De quem eu gosto / Nem às paredes confesso”.

Os políticos sempre se enturmam.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais