Há uma máxima bem conhecida: “As pessoas só enxergam o que desejam e o ‘desengano das vistas é furar os zóios”.
Portando antolhos, aquelas vendas laterais impostas aos muares para que não lhe desviem o olhar do rumo oferecido, o recente desfile do “Sete de Setembro” foi um fiasco jamais visto pela imprensa.
Se o comparo por amparo vale a pena recordar, não sei se pena vale esfregar na cara para que vejam o que não quiseram ver.
Mas, só para consignar a facécia e o motejo da interpretação falsificada, é bom repetir para melhor enxergar, afinal restou épica, para sempre, a cena composta no “Sete de Setembro do ano que passou”, o terrível 2022, sob o governo do “genocida” Bolsonaro.
Se o povo parecia contente em 2022, o seu silêncio e a distância mantida em 2023, mostram mais que descrença, uma desesperança maciça, tão massiva quão nada passiva, em resposta ao “fique em casa” recomendado; um responso quase por litania nada omissa, a muitos que preferem “cegar os zóios pra mior num vê”, e talvez cantar pior, que o negro pássaro, em misto de corvo ou gralha.
Um recado insubmisso contra o governo vigente e a tudo que a “petralhada”, pastando no coxo da grande imprensa vem pregando para o seu louvor.
Mas, enquanto a ira não chega no prenúncio do silêncio acontecido, tudo perante muitas bandas marciais, no mesmo dobrado, agora desafinado, com o desavindo aplauso vazio de ninguém em tanto desfile desprezado, nuvens se somam, arrumando e ruminando a tempestade, que sempre vem e acontece, no rasto do escárnio amontoado.
Algo para pensar, rogando a Deus que nos proteja!
Enquanto Deus não vem, ocupando o vácuo Dele está o Supremo Tribunal Federal julgando os “celerados de 8 de janeiro”, podendo tudo e tudo se permitindo.
E por bem pior!, se incomodando com as pérolas e gangas ditas pelos advogados dos já, dejá condenados, “f*didos e mal-pagos”, por tosco xexe, xexo ou xexu, patriotado, mesmo sabendo que ali se gracejem e se desgraciam, confusões maquiavélicas do Príncipe, com o Pequeno Príncipe, o primeiro um tratado da Política, como ela deve ser, por ciência de sobrevivência, perante a sagacidade humana, e o outro um sonho pueril, tão bonito quão ilusório, leitura de treze entre dez moçoilas postulantes a rainhas de beleza.
Faltando nesse espaço de vileza denunciada e singeleza enaltecida a inserção recomendada do Príncipe Valente, de Hal Foster e dos quadrinhos da minha infância, e até do Príncipe Danilo, cantante enamorado de uma alegre viúva, desde que seus milhões não possam sair de um país, qualquer, por Pontevedro, em opereta.
E assim, como refrigério a tanta peripécia, estou a lembrar sem carequice de pilhéria por alopecia, do musical romance de Franz Lehar, “La Veuve joyeuse” (A Viúva Alegre), de 1934, com Janette Macdonald (Hannah Glawari, a viúva riquíssima) e Maurice Chevalier (seu pretendente, Príncipe Danilo)
A lembrança me vem por refrigério do canto e do lamento a tudo que vi, porque no meu tempo de menino havia um ridículo pior: era o corte de cabelo, “à moda Príncipe Danilo” Arghh!
Quanto à Viúva Alegre, por bom refrigério, seguem dois endereço no YouTube que bem vale visitar.
O primeiro com Vicente Celestino: https://youtu.be/kXcLqSH_Pi8?si=iEMxZaXGPoGv6_4-
O segundo é da Reserva do Teatro Municipal: https://youtu.be/JqacCJu_Mxk?si=DqGDKu_sMyE0muhR
A parte do que foi visto e entojado, deixando o canto e a rima, em tanta matéria prima a lamentar, sabe-se que o nosso Supremo Tribunal Federal, incomodado com as defesas dos réus, passarão a se eximir de ouvi-los com as próprias oiças em vivo e em cores, nos privando de sua tréplica, no final por melhor chiste referido.
Uma oportunidade notável para todos nos contemplarmos felizes nesse país em vileza de reconstrução.
País de “Democracia, soberania e união”.
Uma beleza!