Vassoura nova.

Das lonjuras americanas, vem a notícia que o Presidente Donald Trump e seu Ministro Elon Musk estão intensificando grande investida contra a  burocracia federal.

Pelo menos, é assim que a crônica internacional está refletindo o noticiário oriundo do Gabinete Oval da Casa Brancaem Washington.

Alarma-se sobremodo, a ação de Elon Musk, o megamilionário  dono do X, antigo Tuite, tido como homem mais rico do mundo, ou um deles, agora todo poderoso Chefe do Departamento de Eficiência Governamental, travando uma Guerra contra o Desperdício na Máquina Pública Americana.

Do desperdício, sabe-se que todos os Estados modernos vêm dando sinais de exaustão, com excessivo endividamento, um prenúncio de falência anunciada.

Há um reconhecimento amplo de que o paradisíaco Estado De Bem Estar Social, pelo qual enveredaram as Democracias Ocidentais no Pós-Guerra, está cada vez mais impossível de ser mantido, face o envelhecimento das pessoas, sua natalidade decrescente, incompatibilizando todos os cálculos atuariais previamente imaginados, frente uma humanidade nunca tão atingida, acima de oito bilhões de almas, a maioria de famélicos, em miséria crescente, frente aos escassos recursos disponíveis.

A parte tudo isso, muita gente no mundo fugindo de suas próprias misérias excedentes, avançando muros e fronteiras, onde a geografia não mais limita nem isola, sobretudo nos oásis onde o progresso resiste, o emprego é possível, e a comida supõe-se farta, caso dos Estados Unidos da America, assolado pela sua fronteira Mexicana, e a Europa, pelos portos e ilhas Mediterrâneas.

Em outra parte ainda, vê-se que as máquinas públicas vem sendo geridas em pouca eficiência, o Estado virando cada vez mais Provedor e Empregador, acusado de ineficiência e excessivamente perdulário.

Uma acusação cada vez mais ampliada, fazendo ressurgir antigas políticas, ditas protecionistas, pondo em cheque o antes idolatrado livre mercado internacional, sem barreiras e/ou regulamentações, em bolsas livres de alforriada concorrência.

E como os gastos se tornaram imoderados frente uma globalização crescente, em inusitado “Fim de História”, vê-se que ressurgem cada vez mais fortes os velhos sonhos nacionalistas, antes quase apagados por egoísticos, por uma humanidade que se imaginou mais igualitária e fraterna, do que dantes, e que está se tornando assaz dispendiosa, a exaurir tesouros e poupanças nunca vistas quão exíguas são, e que agora desperta com a iminência do barco encontrar a ponta oculta de um iceberg perigoso, a requerer imediatos controles de dispêndios em mudanças de rumo jamais pensados.

Se não há solução para qualquer Titanic “dar um cavalo de pau”, valendo até continuar bailando enquanto o icebergnão chega, tenta o Presidente Trump, equivocado ou não, dar uma vassourada “ampla, geral e irrestrita’, só para usar um mote démodé da última anistia acontecida em terra pátria em agosto de 1979, justo um mês que não se fez mal desgosto, em nome da pacificação imaginada pelo Presidente Figueiredo, que “jurou fazer desse país uma grande democracia”, em arroubo que talvez hoje pareça “desinfeliz”, palavra que não existe, afinal anistia conjuga perdão e esquecimento, e que hoje há tantos anistiados que resistem perdoar e esquecer, se desgostando aqueles que lhe não são agradáveis; “os golpistas do oito de janeiro”, cada vez mais ridículos pelos seus pouco sinistros, e nunca perigosos, atos desferidos aos seus, deles, sectariamente cometidos!.

Mas não é do cometimento de ambos os erros que me interessa falar, afinal a anistia virá, a despeito de tantos que foram beneficiados e estão ainda aqui, e a ela continuam a resistir e se opor, como se estes tresloucados baderneiros fossem criminosos terríveis a jamais remir, nem se queimados fossem em autos de fé medievais.

E com tantas resistências e condenações a lamentar, o meu tema não é deles falar, o que melhor valor mereceria, preferindo comentar os feitos de Donald Trump e de Elon Musk, enquanto novas vassouras de vasculhar, espanando vastas teias de aranhas encontradas nas colunas escondidas e encastoadas, pelo que se alardeia na notícia, justo na pública máquina americana.

Sempre ouvira falar que os Americanos do Norte, como poucos, em quase exceção, haviam se prevenido contra a ampla utilização de funcionários não demissíveis na burocracia estatal.

Diferente do Brasil, das Nações Latino-americanas e da Europa Ocidental, os Estados Unidos primavam de uma desburocratização continuada, mesmo porque sendo a política partidária quase binária, com a quase exclusividade de duas agremiações longevas e se alternando sempre em sequência, legislações rigidamente obedecidas impediam este comum enquiste, em crescente requisição de funcionários, sem concurso, nem avaliação por mérito, tão rotineiramente desfigurado entre nós, nos sempre famosos “trens de alegrias”, montados a cada véspera de eleição, sobretudo quando este certame se fazia difícil a merecer maior suborno em pior corrupção.

Todos sabemos que aqui entre nós, estes contumazes “trens de alegria” têm virado longas “carretas-furacão”, sobretudo quando vem sendo preciso empregar a “companheirada”, antes distanciada do poder e sempre incapaz de conquistar as justas colocações mediante provas de títulos concursais, estão compensadas agora por politicas ditas “compensatórias”, nome bonito que está entronizado para repetir o mais velho e sujo evangelho, em novel apadrinhado: “Em tempos novos de Mateus, sejam nomeados logo os meus antes de ficarem só os seus”

Um postulado sequenciado sem mudanças, com a máquina pública deficitária e deficiente requerendo adiado desbaste, com o erário sufocado, cada vez mais exigindo novas taxação de tributos, daí o PIX  ter sido lembrado como novo vilão.

Porque a grande vilania é fazer o que Trump e Musk estão tentando, com o mundo em alvoroço, cada um “pondo as barbas de molho”, lá e cá sem Bolsonaro, porque o Mito, todo mundo sabe que não foi, nem é, e nunca o será tal bicho-papão, cantado em verso sem rima, no arroube e na garganta…

Vai que outros loucos, neste inusual arrime, galvanizem o eleitorado por nova moda a seguir e imitar, consigam os seus amplos favores, enquanto “nova direita, liberal louca na economia” e “conservadora tresloucada nos maus costumes”, sem saber o bom ou melhor arrume para mudar o mundo ao cacete ou na motosserra tratoral o que ninguém sabe o que é, mas almeja.

E neste espantoso noticiário, a jornalista Hélène Vissière no Le Figaro de ontem, 11 de  fevereiro, relembra os Franceses de 1940, citado por um seu colega do  Washington Post se sentindo igual àqueles que se escudavam justo atras da Linha Maginot,  barreira inexpugnável entre a França e a Alemanha, que viu os alemães a contornando via Bélgica, então potência neutra, mas geograficamente tão frágil quanto mais fácil era e foi contornável.

“Somos como os franceses na Linha Maginot”, resumiu um funcionário no Washington Post. “Eles estão nos contornando pela Bélgica e estão indo muito rápido”.

“Eles” são Elon Musk e suas tropas é que estão travando uma “blitzkrieg” para conquistar e desmantelar a burocracia federal.

Em três semanas no comando do Doge, também conhecido como Departamento de Eficiência Governamental, o homem mais rico do mundo lançou uma guerra contra todas as agências em um esforço para eliminar desperdícios, expurgá-las de elementos considerados muito esquerdistas e reduzir seu poder.

Musk opera em um ritmo frenético e tem causado um caos enorme.

Com cerca de quarenta pessoas, a maioria muito jovens, estão a trabalhar dia e noite sob suas ordens e até dormem nos ministérios.

Segundo amplos relatos, eles seguem uma tática bem elaborada, apreendendo computadores e recuperando arquivos confidenciais (pagamentos, contratos, informações de funcionários) sem nenhum controle ou respeito aos protocolos de segurança.

Nesse contexto de guerra, estes prepostos de Musk  estão fazendo, muito rapidamente, uma faxina, chegando a eliminar empregos, programas e dados em sites oficiais, enquanto bombardeiam os funcionários com mensagens ameaçadoras.

Tais “Muskrats”ˆ,ou “ratos almiscarados” de Musk, como já foram assim apelidados, assumiram o controle do Serviço Digital dos Estados Unidos, responsável pela tecnologia de toda a Administração.

O programa DOGE, criado pelo Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk esta acessando a informações sensíveis de milhões de cidadãos.

Devassando o departamento de recursos humanos, tais prepostos estão apreendendo em velocidade espantosa, daí a comparável “blitzkrieg”,  adquirindo informações sobre cerca de dois milhões de funcionários públicos.

Segundo se comenta, tais auxiliares acessaram o sistema de pagamento do Departamento do Tesouro, responsável por bilhões em gastos do governo e em seguida eles assumiram o controle da Administração de Serviços Gerais, responsável pelos prédios públicos, onde estão trabalhando para cortar o orçamento em 50%, livrando-se, entre outras coisas, de metade do portfólio imobiliário.

Pouco a pouco, fala o noticiário assaz alarmado, estes assessores  tomam o poder em todos os ministérios para acelerar o expurgo, oferecendo a todos os funcionários públicos “oito meses de salário em troca de sua renúncia imediata”, num amplo programa de demissão voluntária.

O chefe da Tesla pretende ainda chegar mais longe.

Musk destruiu a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), suspendendo quase todos os funcionários em menos de uma semana, cuja demissão está atualmente bloqueada por um juiz, e fechou a sede.

Nos últimos dias, ele fez a mesma coisa no “Consumer Financial Protection Bureau”, uma agência encarregada de proteger os americanos de abusos bancários que se tornou a “bête noire” de Wall Street.

Segundo se fala, tudo isso acontece em total sigilo. Os nomes dos capangas de Musk permanecem em grande parte sigilosos e sem autoridade legal clara, se reportando apenas ao bilionário.

Sabe-se apenas que Musk conta com Russell Vought, o novo diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, serviço considerado o centro nervoso da administração, responsável pela preparação do orçamento e das regulamentações federais.

Vought é um fervoroso cristão nacionalista que prometeu derrubar uma burocracia que se tornou grande demais, independente demais para o seu gosto, e que tem o mau gosto de frustrar as ambições do presidente.

“Este é um projeto de longa data de conservadores radicais. Mas isso não é necessariamente o que Donald Trumpquer”.

Será que Trump concorda, por exemplo, em cortar o orçamento do seguro de saúde para idosos e, assim, prejudicar os seus eleitores?  pergunta EJ Fagan, professor de ciência política na Universidade de Illinois-Chicago, ouvido pela reportagem.

Musk e seus colaboradores afirmam que já geraram mais de US$ 1 bilhão em economias por dia.

Para substituir muitos servidores públicos, o chefe da Tesla conta com o uso da inteligência artificial.

Todos concordam que há claramente um desperdício na administração dos EUA e seus sistemas de computadores precisam urgentemente de modernização.

Mas tal abordagem agressiva vem atraindo muitas críticas. Alguns até achando que nem o magnata da Tesla sempre parece saber o que está fazendo.

Num diálogo no X, um de seus críticos escreveu: “Não acho que o homem mais rico do mundo deva cortar o financiamento para pesquisas sobre o câncer. E o bilionário respondeu: “Não é isso o que eu faço. O que você está falando? »

De qualquer forma, ele já pode se gabar de seu golpe espetacular. Conquistou a capa da revista Time que o mostrou sentado no Salão Oval na cadeira do Presidente.

Trata-se de uma situação fomentadora de potenciais conflitos de interesse.

Dizem que suas empresas se beneficiam de bilhões de dólares em contratos governamentais e muitas estão em desacordo com os reguladores.

Nesse contexto, a  reportagem de Hélène Vissière cita Sohrab Ahmari, um intelectual conservador, que denunciou “as vastas mudanças econômicas realizadas por Musk, motivadas com um objetivo puramente egoísta”.

As medidas de Musk afetariam Trump, colocando o  trumpismo em risco a longo prazo”?

Como está muito cedo para se fazer uma melhor avaliação do sucesso ou do fracasso, direi que a natureza é inercial, resiste às mudanças, sobretudo na resistência aos cortes de gastos.

Nesse particular, lembremos dos arroubes na ascensão do Presidente Fernando Collor, aquele que ousou até mesmo o “Confisco das Contas Bancárias” acima de Cz$25.000,00 na Conta Corrente, e Cz$50.000,00 na Poupança e que depois naufragou com tantos quantos Cruzados liberados.

Como se diz na gíria nossa, vivaz xistosa: “Coitada de Greta Garbo, acabou no Irajá”

É vassoura nova, meu amigo!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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