ORGANIZAÇÕES SUSTENTÁVEIS

“Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Ele trata sua mãe terra e o céu como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelhas ou miçangas cintilantes. De uma coisa todos nós sabemos. A terra não pertence ao homem; é o homem que pertence à terra. Disse temos certeza. Não foi o homem quem teceu a trama da vida, ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama fará a si próprio.” (Índio Seattle, Cacique da Tribo Duwamish – 1855) Toda vez que escuto falar em “sustentabilidade” lembro da mensagem profunda e atualíssima que está escrita do documento do Índio Seattle, escrito há mais de cem anos. O mais interessante é que quanto mais busco conhecer melhor esse assunto mais me encanto com o seu conteúdo e me preocupo como poderemos caminhar para esse sábio caminho se continuarmos isolados, enquanto pessoas, instituições, empresas, comunidades, cidades, estados e países. Mas, realmente o que significa “desenvolvimento sustentável”? Segundo Bezerra e Pontes(1) trata-se de: “Descobrir e utilizar uma nova consciência que nos permita progredir em todas as dimensões ecológicas (humana, social, econômica e ambiental), apoiando, conservando e restaurando todos os recursos que o planeta coloca à nossa disposição para as futuras gerações”. Se pararmos para pensar e acreditar que cada indivíduo que habita este planeta deseja o melhor para si, para sua família e seus amigos como poderemos entender as devastações, as agressões ao meio ambiente, as injustiças sociais, a ausência de atitudes cidadãs com as quais nos deparamos a cada dia que vivemos? Como poderemos viver e conviver se continuarmos isolados, cada um pensando em si sem entendermos a grande teia da vida que nos liga a todos? Se analisarmos um pouco o que significa desenvolvimento sustentável poderemos perceber que na verdade trata-se de uma “cartilha” através da qual poderemos medir a nossa evolução de consciência, à medida que as nossas ações permitem que geremos educação básica, cultura diversificada, saúde e alimentação adequadas, moradia, trabalho e lazer dignos, a contínua conservação do ambiente no qual estamos inseridos, energia renovável e comunicação. E como poderemos agir para que isto aconteça? Acredito que em primeiro lugar precisamos aprender a organizar e melhorar a qualidade do nosso pensamento e ao invés de buscarmos trabalhar isoladamente, aprendermos a nos unir em teias (ou redes) em tornos de projetos sustentáveis que nos levem ao crescimento mas que ao mesmo tempo respeitem e mantenham a vida no planeta. Assim sendo, acredito que o passo inicial deveria ser dado com maior intensidade e respeito nas escolas educando as crianças para entenderem que cada ser humano faz parte de uma grande rede e cada movimento em falso que damos poderemos estar gerando dezenas ou até mesmo centenas de movimentos no futuro. E se realmente quisermos poderemos ir mais longe, pressionando as empresas para que sejam ecologicamente corretas e socialmente justas, poderemos pesquisar sobre as verdadeiras atitudes dos nossos representantes políticos e talvez, o mais importante, agirmos como verdadeiros cidadãos e não fingirmos apenas que somos cidadãos. Todavia, num mundo de mudanças constantes, a cada nascer do sol se constata a necessidade de que os seres humanos precisam individual e coletivamente elevar os seus níveis de consciência e começar a desconsiderar as distâncias cristalizadas entre os indivíduos para construírem juntos soluções que permitam estabelecer um “habitat” melhor para todos. Ao invés de trabalhar em grupos isolados, a expansão dos níveis de consciência evidencia que o ser humano ao se integrar a um grande e único ecossistema estará quebrando definitivamente o velho paradigma newtoniano de que tudo precisa ser dividido em partes, em níveis, em classes. Todos os movimentos do Universo estão interligados. E por funcionar como grandes laboratórios de experimentos, caberá às organizações a tarefa de ajudar a preparar, plantar e regar as sementes das grandes transformações para que brotem, cresçam e frutifiquem. Logo, o principal objetivo dos projetos de responsabilidade social das empresas não será apenas de “dar o peixe”, como a maioria faz, e sim, por em contato diferentes indivíduos, com diferentes histórias de vida e conhecimentos para que possam trocar experiências, resgatar diferentes sonhos, planejar juntos e realizar em rede movimentos coletivos visando sempre o bem maior da humanidade. Assim sendo, esses programas deverão esta fundamentados na “sustentabilidade” e prontos para construir, manter, alimentar e amplificar a sua rede de relacionamentos que além de se disseminar pelo país poderá plantar outras sementes que originarão as centenas de milhares de outros programas e projetos que por sua vez poderão gerar a sustentabilidade social, educacional e econômica desse fantástico país chamado Brasil. (1) Márcio Felix C. Bezerra e Luiz Henrique Pontes – “Organizações Sustentáveis – Você pode construí-las” 2001 * Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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