Os 70 anos de Thomaz Cruz

       Todos os sinos das igrejas da Bahia dobraram em uníssono nesta sexta-feira (17/12), para saudar os 70 anos do médico Thomaz Rodrigues Porto da Cruz.
      
Descendente de importante família sergipana, talvez uma das mais sobranceiras na história de Sergipe, Thomaz é filho  de Carlos Rodrigues da Cruz, industrial progressista, que presidiu a Fábrica de Tecidos Sergipe Industrial e de Celuta Porto Cruz, pessoa de primorosa formação cultural e irmã do médico Lauro Porto, ambos falecidos. Seu avô paterno, o médico baiano Thomaz Rodrigues da Cruz, formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1871, com especialização em Paris e Londres, atuou em Maruim onde conheceu Clara de Faro Rollemberg, irmã do senador Gonçalo Rollemberg, também de ilustre família sergipana. Teve intensa vida política, empresarial e cultural no estado e ao lado do irmão, João Rodrigues da Cruz fundou a Fábrica Sergipe Industrial. Curiosamente, tornou-se duplamente sogro do renomado cirurgião Augusto Cezar Leite.
     Pelo lado materno, Thomaz é neto de Francisco de Souza Porto,  importante político sergipano com atuação destacada nas cinco primeiras décadas do século XX. Candidato de consenso  para presidir Sergipe, foi impedido de assumir o cargo em função da Revolução de 30. Chico Porto, como era conhecido, é pai do médico Lauro Porto, recentemente falecido.
     O hoje “setentão” Thomaz Cruz estudou Medicina na Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus,  primaz do Brasil, formando-se em 1964 e especializando-se em endocrinologia nos Estados Unidos. Na Bahia, passou a residir definitivamente e exercer a sua clínica.
     Na bicentenária Faculdade de Medicina da Bahia, Thomaz teve um périplo admirável, começando com a aprovação em primeiro lugar, no vestibular e recebendo, na diplomação, o Prêmio Manoel  Victorino.  Ingressou na FAMEB como auxiliar de ensino, depois passou a professor assistente e em seguida  a professor adjunto. Chefiou o Departamento de Medicina e coordenou o Colegiado de Residência Médica da Universidade Federal da Bahia. Apresentou tese para professor assistente abordando o tema Acromegalia e defendeu posteriormente teses para o doutorado e a livre docência. Carreira meteórica que o levou a presidir a Faculdade de Medicina da Bahia de 1992 a 1996, sendo o primeiro diretor eleito pela comunidade universitária com resultado respeitado pela Congregação. Um  feito memorável.  Na história da bicentenária faculdade apenas dois sergipanos conseguiram essa façanha. O outro foi João Francisco de Almeida, ainda no século XIX, de 1844 a 1855, curiosamente na condição de estudante.
      Thomaz presidiu a Academia de Medicina da Bahia e tornou-se um dos padrinhos na fundação da nossa Academia, chegando a participar inclusive da  sessão solene para a sua instalação em 9 de dezembro de 1994, na Somese, quando proferiu entusiasmado discurso. Nas comemorações do decenário da nossa Academia, em 2004, Thomaz regressou com seleta e destacada delegação de acadêmicos da Bahia para prestigiar a festa da co-irmã e novamente se manifestou em exuberante oração, mostrando todo o seu orgulho e contentamento por tão expressiva data. Por isso, ele é Sócio Honorário da Academia Sergipana de Medicina.
       Thomaz comemora setenta anos de uma vida exemplar, deixando para a posteridade livros escritos, entre eles “Perfis do meu apreço” e “Agudas e Crônicas”, obras proveitosas que retratam sua sensibilidade de cronista e memorialista e de uma trajetória marcada pelo sacrossanto respeito à família, aos amigos e aos vultos baianos e sergipanos que permearam sua admirável história. Um grande legado de vida. Parabéns, Thomaz!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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